segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Uma paixão avassaladoramente platônica e duas lições de inglês britânico

Como não poderia ficar muito tempo com Soudemorte e eu nem queria. Estava procurando um lugar para morar nos anúncios por Richmond e Kingston, mas ainda sem saber bem o que fazer: procurar novo lugar pra morar, trabalho ou onde estudar? Tudo um problema porque tudo tem que ficar perto e poder conciliar...
Estava vendo preços de escolas e falei de uma em Kingston com Collorida, falei em inglês para Soudemorte não achar ruim e aí, lá veio ele:
“Você tem que procurar um lugar para morar ou pensa que vai ficar aqui pra sempre, tem que procurar uma escola perto de onde for morar, porque eu já disse, só oito semanas, não mais que isso, você tem que se preocupar com isso!”
Collorida fingiu que não existia na sala nesse momento, parecia que era surda e não falou absolutamente nada. Eu, cansada de levar patadas, engoli o choro e disse: estou procurando, H... Soudemorte. Fique tranquilo.
Sem internet era difícil procurar anúncios, sem amigos que me ajudassem e me dessem alguma ideia do que fazer era mais difícil ainda.
Sobre a internet, depois que comprei meu pc ela sumiu da casa... disseram, acho que já contei, que roubaram os cabos e não havia jeito de arrumarem rápido... fiquei indignada com isso. Mais de um mês sem net e eu sem amigos, sem poder procurar empregos e vagas pela internet ou mesmo mandar c.vs... de lan house a bibliotecas foi minha saga...
Depois disseram que a internet tinha voltado, mas como teste só das 6 às 10 da noite e eu aproveitei o mais que pude esse horário... depois, quando “voltou ao normal” LuigiMárioBros disse que como o serviço era muito ruim, mandou cortar... justamente quando voltou a funcionar direito!
Na casa havia duas redes, a de Collorida e Soudemorte e outra de LMBros, a qual ele me colocou pra não sobrecarregar a outra rede, daÍ ele disse que cancelou a rede dele, mas não me colocou na rede dos outros, eu que não ia pedir... e comecei, seriamente, achar que faziam de propósito, tiraram a internet pra eu não usar. Se queriam que eu pagasse era só falar...
Fiz uma lista de lugares do tipo pensionato para ir visitar, uma lista corrida, impressa da internet na biblioteca. Procurei num guia onde ficavam esses lugares e lá fui eu caçar...  sem um google maps pra me ajudar, tive que seguir o que o guia de um amigo dizia, ou seja, nem sempre o lugar ficava mesmo perto da estação que lá dizia... e, mais uma vez, andei por essa cidade como uma condenada... condenada a morar com Soudemorte por 8 semanas... tudo que eu não queria, queria sair correndo daquela casa, se ele queria que eu fosse embora eu queria vê-lo pelas costas o mais rápido possível! Na verdade, nem pelas costas queria vê-lo! Queria nunca ter conhecido tal assombração.
Os lugares que peguei nessa lista da internet, na maioria, eram albergues e teria que pagar por dia, nenhum tinha uma promoção por semana ou mês. Achei lugares interessantes: prédios em que você só dividiria a cozinha, o restante era seu, mas o preço era salgado para mim.
No meio dessa romaria, achei um anúncio em uma lavanderia por onde passava e fui até o tal endereço, sempre me guiando pelos mapas da região nos pontos de ônibus.
Cheguei até o tal local e o preço parecia bom. Não me abriram a porta para conversar com a pessoa, ou tentar pelo menos me entender, tive que falar por interfone com uma fulana que parecia ter um sotaque latino, muito educada me disse num inglês lindo de morrer:
Se você não sabe quando muda, não podemos conversar. Bye!
E desligou na minha cara... fiquei indignada e joguei todas as pragas possíveis a uma imbecil dessas, mas depois percebi que com essa educação ela não ia conseguir inquilinos muito legais, o que já era uma boa praga que ela mesma estava a se jogar.
Desci do metrô em Hammersmith, passei por várias estações e de tanto andar acabei em Gloucester Road. Havia um endereço que não achava de jeito nenhum... e resolvi perguntar nessa estação de metrô.
Fiquei do lado de fora da catraca e chamei um dos funcionários para me ajudar a dizer onde era tal lugar que eu não achava nos mapinhas da região.
O rapaz estava ajudando um senhor na minha frente a passar pela catraca e aí, quando olho direito para ele, fico simplesmente embasbacada: o cara era totalmente lindo! Lindo, simpático e atencioso!
Ele ajudava o senhor com toda a educação e simpatia e aí chegou minha vez e eu pensava “espero que ele me atenda e não venha outro funcionário... que ele me atenda! Que ele me atenda! Que ele me atenda!!”
E me atendeu... fiquei maravilhada com ele, sim, eu fiquei meio sem saber o que falar, mas eu já não sabia falar mesmo rs Perguntei pra ele onde era a tal rua “mulberry road” no meu sotaque americano do Brasil e ele “mulbéry”? para ele eu estava falando grego e eu olhando fixamente para ele, quase sem entender nada e muito menos prestando atenção e mostrei o papel com o nome do endereço e ele “ah, mãlbry!” e foi procurar num guia de ruas lá dentro pra mim.  Enquanto isso eu estava lá totalmente apaixonada, acho que devo ter babado ali...
Mais um lição do dia: no Brasil você sempre aprende “glastonbiurii” “mulbérii”, “sansbiurii”, mas os ingleses falam “glastonbriii”, “mulbriii” e “sansbriii” (sunsbury é um famoso supermecado aqui).
Ele voltou e me disse que eu teria que pegar (opa! rs) o metrô ali, fazer baldiação não sei onde e ir até a estação de não sei onde, sei lá... eu entendi as estações, mas não prestei atenção... não conseguia... não sei se ele percebeu, ingleses são homens ainda mais desligados que qualquer outro, mas ele lembrava muito o Gerard Butler com sotaque cockney e eu só fascinada ali...
Disse obrigada, toda simpática, ele também foi bem simpático, mas não entrei no metrô, tinha outro lugar por ali para ver e depois passaria por lá.  Na verdade, comecei a passar por aquela estação mesmo sem precisar, todo dia que andava de metrô e nunca mais o vi. Será que ele foi uma fantasia da minha cabeça? Miragem no deserto?
Não, só sei que infelizmente o tal lugar que ia ver ali perto, não era ali perto e andei e fui para em outra estação e extremamente cansada, peguei o metrô ali mesmo.
Nenhum desses lugares deram certo, a maioria era muito caro para mim e fui atrás dos classificados da Leros, ligando pra um e pra outro, visitando casas legais e caras e esperando resposta de pessoas que até hoje não me ligaram, como disseram que iam fazer, para me avisar de um quarto que fosse vagar, porque eu queria um quarto só pra mim e um single em Londres, com preço pequeno é um oásis, ou também uma grande miragem... como saberão em breve...
E a miragem que eu mais gostaria de ter novamente eu nunca mais tive... como me mudei pro outro lado da cidade, nunca mais passei na Gloucester Road Station e nunca mais vi aquele deus bretão.
Mais um lição de inglês: você aprendeu no Brasil GlouCEster  e LeiCEster? Pois é, aqui falam “Glouster” e “Leister”...
O rapaz da Glouster Road Station que procurou pra mim a Mulbriii road (ou street... não lembro).

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

A vida de imigrante desempregada

Resolvi sair para procurar emprego depois que arrumei meu currículo, andei por todo o comércio principal de Richomnd distribuindo meu c.v.
Em alguns lugares aceitavam numa boa, em outros já diziam “sem falar bem inglês não aceitamos” e fazia cara fechada, aceitei tudo isso pacientemente e com uma cara de tudo bem, obrigada mesmo assim... eu estou dizendo, serei canonizada. Mostrava um sorriso simpática, sim. Sempre pensava, bem, ele/a não sabem o que eu passo... espero que nunca saibam...
Tinha que sair todo dia da casa do mal então, todo dia inventava onde ir pra levar curriculo, ver emprego, andar pela cidade...
Fui chamada para uma entrevista num Starbucks, aqui tem um em cada esquina, acho que tem mais Starbucks do que McDonalds aqui. E estava marcado para as 11:30, cheguei 11:25 e a menina me disse, a fulana já vem, ela estava te esperando e você está atrasada e eu: mas não são 11:30 e a menina: é, mas pra fulana, é atraso. Imaginei que se trata-se de uma inglesa do exército, e depois de esperar a fulana foi entrevistar outra mulher, porque eu me atrasei, e vi a figura de sotaque e cara latinos que tinha um inglês ruim. Entrevistou-me, como ela tinha um sotaque fácil de entender, latino, não foi difícil falar com ela. Mas nunca me chamaram, acho que é porque eu cheguei 5 minutos antes do horário...
Fui ver um emprego de garçonete num café pequeno, vi o anúncio numa loja – existem lojas que colocam todos os anúncios que você quiser no vidro dela e aí para todo mundo pra ver e anotar. Liguei para a mulher e fui lá, a dona uma polonesa, Ana, (a colônia polonesa é enorme aqui), disse que precisaria de alguém com experiência, mas iria ver como eu me sairia...
Aviso: garçonete é barra, fazer café de milhões de jeitos, chá de outros, pão do jeito queo freguês quer, levar pedidos, anotar pedidos, receber o dinheiro, limpar mesas... trabalhão... fiquei horas sem me sentar ali... me esforçando o máximo, mas a dona e a outra menina que trabalhava com ela, a Mirka (nasceu na Eslováquia e foi criada na República Tcheca e eu já brilhei meus olhinhos pensando em Praga e ela me disse que Praga era umas das cidades preferidas dela...) me empurravam, no bom sentido, tentando fazer com que eu fosse mais ágil em pouco tempo, mas isso não dá para alguém que só ajudou a servir pinga e torresmo no bar do meu pai quando criança e nunca mais trabalhou com isso. E outra coisa, eu tinha muito medo de atender as pessoas, por não  entender bem e não ser entendida... esse foi um medo que está passando agora... mas que é muito, muito difícil tirar, pelo menos pra mim que sou perfeccionista e tímida.
Elas falavam com o sotaque delas e eu entendia bem, Mirka tinha um inglês muito bom, 5 anos de Londres, namorado sul-africano descendente de portugueses. Mas teve uma coisa engraçada: o cara pediu 3 torrões de açúcar e elas, no sotaque delas, diziam “free sugar” pra mim, o cara não queria açúcar e elas falando “free!!!” rssrs era Three o que elas falavam, ainda disseram para mim: one, two, free rs daí entendi que para elas não era livre e sim três rs
Foram bacanas comigo, mas Ana procurava alguém com experiência e me dispensou, mas pagou pelas horas que passei lá. Daí conheci uma amiga dela, brasileira, que me ofereceu para ser babá dos filhos, só que ela iria me pagar 20 libras por semana (claro que teria casa e comida), mas era muito pouco e ela nem tinha falado com o marido (iraniano) , que depois soube que não ia querer de jeito nenhum.
Sai de lá achando que não sirvo pra garçonete e balconista... Ainda tentei outro Starbucks que me chamou, em Richmond  tem um de cada lado da rua... E eu percebi que a menina me entrevistava sem nenhum pouco de paciência... sem vontade... até que ela parou de anotar no formulário padrão, igual da outra, e me disse que precisava de gente com experiência.
A primeira pergunta de todos é se estou legal pra trabalhar aqui, ou qual é meu passaporte, quando sabem, se tranquilizam, mas não tinha o insurance number.
Achei um site de uma rede de casas noturnas dos principais shows e entrei numa de “assista os shows de graça distribuindo flyers na porta do show”, nunca fui fazer isso... ainda queria que eu pagasse 10 libras pra entrar no clubinho... que clubinho? Ingresso só se sobrasse... imagina se sobra pro show que você quer... mas consegui um contato para distribuir flyers e receber por isso.
E lá fui eu distribuir flyers numa feira de faculdade. Consegui distribuir bastante. Fiz o seguinte: para os rapazes eu dava me sorriso irresistível (ohohoh) e eles pegavam o papel. Para as meninas eu fui com a unha pintada com o Show da Risqué. Elas pegavam o papel para olhar melhor a cor da unha rs Foi divertido, pensei que ia conseguir mais, mas infelizmente não rolou... Depois de 10 libras no café da Ana, ganhei 30 libras em 3 horas dando papelziho de propaganda de um pub. Meus primeiros trocados em Londres.
Cadastrei-me em sites famosos daqui de emprego e outro que é famoso pra tudo, ando recebendo proposta golpista, mas isso eu já estou acostumada desde o Brasil e não caio nelas...
Muita gente quer um escravo, tipo quando você procura vaga pra baby sitter, todas querem que seja full-time, ninguém admite que você estude, você dorme, come na casa e tem que cuidar das crianças, da casa e em algumas do cachorro e do gato também, ganhar uma miséria por semana e mal ter folga. Pode até ser um dinheiro bom, mas um dinheiro que você não tem onde gastar – principalmente onde eu quero: estudando. Você se limita.
Fui em outra entrevista no Starbucks, e a menina parecia muito sem paciência comigo, aí me disse que queria alguém com experiência, não ia poder treinar ninguém naquele momento porque era uma época que ia aumentar o movimento, até janeiro... Ela deveria ter me perguntado, com o sotaque horrível dela quando me ligou se eu tinha experiência ou não, e não ficar preenchendo o formulário cheio de perguntas do Starbucks com má vontade...
Ando fazendo faxinas, me mandaram o  telefone de uma brasileira que precisava de ajuda e ando a ajudando, e ela me ajudando... Hoje aplaudo todas as faxineiras, diaristas: que trabalho punk! Acaba com a coluna, com as mãos e tudo mais... cansativo até. E olha que faxina é coisa muito maluca aqui, cheguei a ajudar a limpar 5 casas num dia, das 8 da manhã às 4 da tarde.  As faxinas aqui dão uma postagem única... é muita coisa pra comentar.
Consegui um trabalho de professora assistente, aos sábados, numa ong para filhos de brasileiros aprederem o português, é pouco pra mim, mas vale a experiência. Também tenho aulas particulares de português que são outra grande experiência principalmente tem me feito aprender o inglês e ver que havia aprendido muita palavra errada, em inglês, no Brasil.
Depois fiquei muito p da vida semana passada onde foi fazer um teste, numa escola particular católica, para ser assistente no horário do intervalo, ajudar as meninas pequenas com o lanche, ficar vendo o que acontece no intervalo... e apareceu a dona Cucaracha pra me encher...
Dona Cucaracha deve ser mesmo cucaracha ou desses lados rs Sotaque forte espânico, sobrenome Félix e eu nunca fui feliz perto dela...
A Cucaracha trabalha no lugar há 3 anos, segundo me disse, e se acha a chefe das demais mulheres que auxiliam as crianças. Todo mundo trabalha com a mesma coisa, o mesmo tempo – apenas o intervalo e mais nada, mas ela se acha melhor, mandona. E como eu disse no post abaixo, veio dizer que eu preciso ser expansiva (falou do jeito dela, num inglês mal, no qual eu acho que não se refere a pessoas como expansivas, só no espanhol mal falado dela do fim do mundo). Fique realmente revoltada porque ou a mulher tinha alguém indicada para o cargo  e que faria teste num outro dia da semana ou ela temeu que eu, como professora formada, viesse a crescer lá, diferente dela. Seja qual for a razão, a Cucaracha ainda caminha, infelizmente ninguém jogou um detefon... e se ela for igual a barata do Níquel Nausea, vai adorar detefon rs
Ela mal viu meu trabalho, não gostou que fui legal com as meninas, é uma escola só de meninas até 12 ou 11 anos. Tirou-me de perto de uma menininha porque disse que a menina era “big trouble”, mas eu só via uma menininha, de uns 6 anos, carente... bem, eu já trabalhei com alunos, não sou burra... não sou idiota, só acho que elas tratam de forma sem paciência as crianças e eu procurei ser atensiosa com elas.  Eu acho que meu estudo todos esses anos não foram à toa... acho que sei bem o que faço e como devo tratar crianças. E crianças não se tratam como o ditador da terra da Cucaracha trata/va seu povo, se é assim que ela gosta, ficasse lá... ela deveria se tocar... mas já tá meio velha pra isso...agora já era...
As tiazonas até tocavam um sininho pras meninas falarem mais baixo, achavam ruim! Fiquei pensando: vão no Brasil ver intervalo do fundamental dois com umas 800 crianças ao mesmo tempo... aí elas saberão o que é barulho e algazarra. Não uma refeitório com no máximo 60 meninas.
Em janeiro começo a fazer cleaner numa casa para uma italiana que tem um casal de gêmeos, vou poder treinar as duas línguas, acho que será legal. Irei buscar as crianças na escola e ficar com elas só uma vez por semana enquanto a mãe não chega do curso que faz.
Também me inscrevi numa agência para fazer limpeza em escritórios – trabalharei de manhãzinha limpando ou repondo material e à noitinha limpando tudo. Vamos ver se me chamam.
E essa é a minha luta no momento...  algumas boas pessoas me ajudando e passando informações (como a escola da cucaracha foi uma indicação, a italiana e a agência de limpeza também) para mim e ando muito preocupada em não ficar sem dinheiro...
Vou mudar mais uma vez nesse domingo, tenho que economizar dinheiro e dividirei um quarto com outras duas brasileiras, pelo menos me indicaram trabalho, são pessoas boas e que se preocupam com o outro diferente da maior parte dos brasileiros aqui ou qualquer outra nacionalidade. Novas histórias em breve e ainda há história da mansão do mal pra serem contadas rs

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Pessimismo

Quase quatro meses aqui e pelo post abaixo já viram que eu ando de novo sem muitas perspectivas por essas bandas.

Como eu disse, ontem foi niver da minha mãe e fiquei muito triste de estar aqui, mais do que no dia do casamento do meu irmão que vi as fotos e fiquei triste também de não estar...
As coisas vão se juntando, ele me manda as fotos, minha mãe faz aniversário, meu pai, finalmente me entende e me dá apoio...
E aí eu já estou me sentindo sozinha, com saudade dos finais de semana que saía com meus amigos e aqui eu não faço nada, trabalho de sábado, na verdade, e às vezes no domingo dando aula ou faxinando.
Outro dia fui a um restaurante, sexta à noite, estava voltando pra casa de dar aulas e resolvi que não ia esquentar comida, mesmo tendo comida em casa, desci na estação de Highbury & Islington e decidi comer, estava com vontade, vejam vocês, de um prato de Fish and Chips - eu que praticamente não comia peixe no Brasil.
Como eu já contei, sempre tem a opção "take away" e eu prefiro sempre comer no lugar. Sentei-me e esperei o atendimento, o lugar está quase cheio e a única pessoa que ia comer sozinha era eu. Quase pensei em ir embora, mas me lembrei que os ingleses não dão a mínima pras outras pessoas, então, ninguém ia ficar me olhando e apontando "olha, vai comer sozinha!" e relaxei, no Brasil, teria saido correndo do lugar.

Fiquei lá olhando, todo mundo com companhia e me lembrando de que eu tinha amigos para sair e comer, conversar, me divertir no Brasil. Aqui, não. Aqui não tenho ninguém. Estou sempre sozinha e não é que eu não queira fazer amizade com as pessoas com a idade próxima a minha, sim, eu quero, mas parece que ninguém se importa em fazer amizade comigo, me convidar pra algo. Principalmente porque a maioria das pessoas que conheço são casadas, então, acabou...
No dia que estava no restaurante comendo mandei pro meu twitter a frase "I need a female friend to go out in London" ou coisa assim... porque eu queria sair, me divertir e assim, sozinha, anda muito difícil. E como me animar assim?

Daí fico nessa busca por emprego, uma canseira atrás da outra e eu pensando que tinha conseguido um, a mulher me diz que é só um "trial" comigo... tudo bem até aí, desanimei, mas tudo bem. O problema maior que foi a gotinha que faltava pra encher o balde e eu querer chutar foi uma mulher que trabalha no lugar me dizer na hora que estou indo embora.
Ela disse que eu preciso ser mais expansiva, que preciso falar mais o inglês e blábláblá...
E aí percebi que essa mulher poderá ser quem escolherá a pessoa pra trabalhar no lugar. Se ela já me disse isso, é porque colocou defeito, se colocou defeito, não vai ajudar a me escolher pro emprego. Sério! Eu já estou mais do que diplomada nisso! Nem tenho chance... ela já veio falar isso pra mim pra dar desculpinha... já sei...  daí me deprimi de vez...

Eu só permaneci no lugar por volta de duas horas, uma escola em que eu ficaria auxiliando as crianças no intervalo. Não conhecia as pessoas de lá... fico na minha, é normal, eu não conheço, converso, peço ajuda daquilo que não sei, tento me enturmar, mas é aos poucos, não foi me "expandir" do nada. Conversei com as mulheres que trabalham lá, pouco, porque estava ainda vendo tudo como novo... me adaptando... me familiarizando. Quando as crianças chegaram ajudei as que me pediram ajuda. Elas me perguntavam meu nome e eu respondia, tentava brincar um pouco com elas mostrando que meu nome e sobrenome eram difíceis para elas. Estava gostando de ficar ali.
Essa mulher que me falou as coisas foi a que menos ficou comigo no trabalho porque depois ela foi com as outras crianças para o pátio e eu e outra ficamos com as que ainda não tinham terminado o lanche e as outras turmas que chegavam para o lanche - limpando e arrumando o lugar do intervalo.
Então, assim, o que essa mulher sabe de mim para falar as coisas? Eu já sei que se depender dela eu estou fora, só pelo comentário que ela fez, não sou boba, já estou acostumada, mas acho injusto, MUITO injusto esse tipo de julgamento.
Eu luto todos os dias para melhorar meu inglês, para falar e ser entendida, tentei conversar um bom tanto com essa mulher (que também tem sotaque e não é inglesa, imagina Mrs. Félix onde é inglesa?), tentei me explicar, ajudar no trabalho o mais que pude e ainda levo cacetada, porque pra mim é porrada, sim!
Eu estou farta das pessoas me tacharem, estou "por aqui" de me dizerem que eu tenho que fazer isso ou aquilo. Eu tento e só me frustro a cada negativa que recebo...
Estou cansada de me frustrar, acho que é melhor ser faxineira mesmo, estou na base e ninguém me enche o saco e se encher vai dizer "ah, coitada, é só uma cleaner, mesmo"...

Estão me fazendo eu me colocar num lugar muito abaixo do que eu sou, mas eu não aguento mais toda essa pressão e estar sempre sozinha. Eu não aguento mais ouvir "conselhos" de quem não me conhece, mas que deveria entender o meu lado, porque, com certeza, já passou pelo mesmo.
Eu não aguento mais tanta intrasigência de quem não é nada e, na maioria dos casos, menos que eu.
Eu não aguento me esforçar e não ter nunca reconhecimento seja onde eu estiver, aqui ou no Brasil.
Estou farta de não ser nada.
Estava farta de ser a "professora do c@ralh*" como xingou um aluno e estou cansada de ser "saco, mais uma imigrante que não sabe falar direito a nossa língua".

Você não sabem como é frustrante estudar anos de inglês no Brasil e descobrir que só se jogou dinheiro fora - tirando a gramática - que toda sua pronúncia é um lixo, que você não entende p*rra nenhuma que um inglês fala porque você só ouvia aquelas fitinhas e cds malditos que pronunciam ou em inglês americano e lentamente... falando tudo de-va-gar-zi-nho...
Ou pior, ter professores com sotaque americano na Cultura Inglesa ou sem sotaque nenhum, puro sotaque brasileiro e ainda: aprender em todos os lugares que passei - e confirmei isso com uma prima que estudou em outro lugar e ela também aprendeu assim - que "pupil" se pronuncia "pâpil" e chegar aqui e ninguém te entender porque se pronuncia "piulpol" quase como "people"...
Entre outras palavras, mas essa foi assim, o ápice do meu ódio com os cursos que fiz no Brasil.

Junte tudo isso, todo inglês aprendido errado e mal ensinado, saudade da família e dos amigos, estar sozinha e muito solitária e ponha uma grande pitada de veneno, sim, pra mim foi como veneno o que a mulher me disse, e me diz no que que dá...

Dá no  que estou sentido agora...
Frustração, depressão, carência, ódio, raiva, melancolia.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Desabafo em tempo real

Tenho postado aqui coisas que já aconteceram há um tempinho, ainda não consegui postar de acordo com o que acontece, porque minhas postagens ficaram muito atrasadas graças à história de não haver internet (pra mim) na Mansão do Mal... mas isso logo eu contarei detalhadamente...

Hoje vou finalmente fazer um desabafo em tempo real, como diz o título.
Hoje é aniversário da minha mãe. Liguei pra ela, conversamos, dei parabéns e disse que a amo e ela disse que também me ama, não aguentei e desliguei o telefone e ela também... deve também ter ficado chorando do outro lado... sinto muito a falta dela... é muito difícil... sempre fui muito apegada a ela e está sendo muito, muito, muito difícil e, com certeza, para ela também.

Fui comer minha pizza velha, enquanto sei que em casa, lá no Brasil, tem lasanha e não terá o meu bolo que costumo fazer... e fiquei pensando na minha vida.

Será que valhe a pena tudo que estou fazendo?
Será que valhe a pena não estar com as pessoas que mais amo e que me amam de verdade para estar aqui: numa casa com rato (em breve contarei sobre ele, James Stewart Little), pagando um aluguel que considero abusivo, tomar banho numa banheira (o chuveiro fica dentro da bosta da banheira) que outros já cansaram de fazer a festa antes de você, ouvir de pessoas que não te conhecem que você precisa ser mais expansiva que assim fica difícil para arrumar um emprego... ter que lavar banheiros seguidos durante todo um dia para ganhar 40 ou 50 libras no dia?

Sinceramente, não sei se vale a pena...
A única coisa que sei é que não queria estar no meu trabalho de professora sofredora e para esse serviço é que eu não volto, mas e como fica todo o  resto?
Será que era melhor eu estar sofrendo na escola no Brasil do que aqui vivendo tudo isso e achando que nunca vou falar direito a bosta dessa língua dos infernos e que todo mundo tem que pôr defeito em mim, não ter paciência quando tento conversar e ficar sozinha num quartinho conversando com meus amigos do outro lado do oceano ?

Pondo na balança... não sei, viu?
Estou me sentindo completamente sozinha, solitária e não vejo nada que faça as coisas aqui mudarem porque os brasileiros são, na grande maioria, asquerosos, mais que J.S. Little e os ingleses nunca fazem amizade com estranhos e as demais nacionalidades são ainda mais impacientes e arrogantes que qualquer outro...
Quanto tempo ainda pra eu jogar a toalha?

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Doutor algodãozinho


Voltando no  tempo ainda, enquanto estive na mansão do Mal, meu bruxismo aumentou. Quem não sabe o que é bruxismo, não tem a ver com Soudemorte rs Bruxismo é ficar rangendo os dentes durante a noite, muita teNsão do dia descontada nos coitadinhos.
E o meu bruxismo piorou bastante, piorou tanto que um dos meus dentes da parte de cima, perto dos molares da esquerda começou a doer bastante. Acho que de tanto eu ranger, acabou por danificá-lo, isso porque dormia com a placa.
Dona Collorida me disse que os dentistas aqui são horríveis, médicos e dentistas não prestam, que os bons são brasileiros (mas mora aqui há 22 anos, né?). Mesmo assim ela tem um dentista de confiança, sul-africano, Nikki. E pelo que ela me dizia era caríssimo e eu preocupada com o dinheiro que ia gastar...
Bem, a dor não passou, e lá fui eu marcar consulta...
No primeiro dia, errei o caminho, báaaaaaaaaaaasico! Estava do lado, praticamente, do dentista e andei talvez uns 3 kilômetros e de Sheen fui parar em Putney... passei até por uma partezinha de Wimbledon... Regina, a camela-mór que achou uma lojinha polonesa com uma água no estilo H2OH! Que não existe aqui, e fiquei muito feliz, depois achei uma loja linda e deliciosa de cupcakes... uh! Até que valeu a pena errar feio o caminho...
Tentei de novo outro dia, acertei dessa vez, cheguei lá e entendi que a consulta era 25, ok! Um dos meus grandes problemas sempre foram os números em inglês... sempre confundo principalmente hundred com thousand... tenho que lembrar da música do Silverchair pra lembrar que thousand é mil... sério! E aí, fui pagar a menina, dei uma nota de 20 e ela: NINETY five... e eu já tinha aceito, preenchido papelada e tudo mais... lá vai eu desembolsar 95 libras com dor enorme no coração, mas pensando, se tudo der certo isso não vai ter sido nada. Ledo engano.
Ainda assim teria que ser consultada só no outro dia, isso porque era com urgência e passaria com outro médico, Tim, porque o Nikk estava totalmente busy. Pensei, tudo bem, afinal, se trabalha com ele, deve ter o aval do outro.
No outro dia conheço o Dr. Algodãozinho. Tirei esse nome do livro da Lígia Fagundes Telles “As Meninas”, uma delas perde todos os dentes na infância graças ao dr. Algodãozinho. Também tive um dentista assim quando tinha 12 anos, fiz um tratamento de canal com 12 anos por causa do “bom tratamento” que esses seres fazem: ao invés de tratar logo o dente, ficam colocando algodão ou qualquer curativo e vão deixando, até o curativo cair e ir abrindo cada vez mais a cárie do dente, quando você vê, ele te diz: bem, esse dente vamos ter que fazer canal, porque não  tem mais jeito.
Esse senhor que fui, eu praticamente não entendia nada do que ele falava, eu ainda não tinha um mês em Londres e ficava ansiosa e desesperada com isso, foi simpático e aí começou...
Sentei na cadeira e ele tirou o raio-x e disse que ia abrir pra ver o dente, mas achava que o caso era grave (foi o que entendi) e eu deixei, fazer o quê? Sozinha, com dor de dente, sem entender nada direito...
Fiquei mais de uma hora, eu acho, naquela cadeira... minha mandíbula doía ainda mais quando saí daquela cadeira, parecia que eu tinha aberto minha boca num ângulo de 180°graus e aí ele me disse, e isso eu entendi bem: take off your tooth. Ele disse que três dentes estavam prejudicados (eu espantei, TRÊS?????) um não teria jeito, teria que ser arrancado, outro feito canal e o outro coroa. Fiquei sem saber o que dizer – nem sabia o que dizer a ele em inglês... fiquei totalmente chocada, sem saber o que dizer, o que pensar... totalmente absorta no nada... se é que isso é possível, eu estava...
Ele disse que mandaria pro meu endereço o orçamento e aí eu poderia ligar para marcar para começar o tratamento...
Fiquei extremamente chateada, aborrecida, tinha acabado um tratamento no Brasil com um dentista que confio, trato meus dentes com ele (eu e minha mãe) há 20 anos... ele nunca foi o dr. Algodãozinho com a gente... como poderia ser agora meu dente estar assim... Eu só pensava em ir embora mesmo, queria ir pra casa, não queria perder meu dente, queria me dentista de volta. Dr. Ricardo, cadê o senhor? Queria mesmo pegar um avião correndo pro Brasil, decidi que naquele dentista eu não voltava, ele não iria arrancar meu dente! Não, de jeito nenhum! Dente é coisa séria!
Conversei com o F, lembram dele? Preciso dar um apelido pra ele e pro namorado... F me disse que tinha uma dentista brasileira, que era barata, no centro e muito, muito boa e que a recepcionista era portuguesa, que me entenderia e poderia me ajudar. Senti um alívio ouvindo aquilo e fui ouvir uma segunda opinião. Liguei e marquei e só tinham vaga para o dia que era uma dentista francesa, Albine, tudo bem, eu iria ver no que dava com a francesa...
Cheguei lá e tentei explicar o caso para ela que não fala português, mas entende algumas coisas porque tem muitos clientes brasileiros e portugueses e a moça, Vanessa, a recepcionista traduzia pra mim e pra ela para que nos entendêssemos.
Expliquei o caso, ela viu os dentes e ficou indignada (como eu também estava porque eu tinha visto no espelho) a “massaroca” que o dr algodãozinho Tim Tones tinha feito: ele colocou uma massa para tampar os buracos que fez como se fosse um reboque, ou como se eu tivesse um chiclete grudado nos três dentes, uma massa que cobria os dentes, sem formato certo entre os dentes, apenas um negócio grudado pra tampar como se minha boca fosse a rua ou coisa pior. Ele deve ter pensado, é um trouxa estrangeira mesmo...
Ela ficou horrorizada e queria saber onde foi que fizeram aquilo comigo, tirou novamente raio x dos meus dentes e disse que não era caso para arrancar nenhum, mas teria que fazer mesmo uma coroa – o cara tinha acabado com meu dente, até o talo, praticamente. Tive que fazer um canal, uma coroa e uma obturação. Todas com a francesa que cobrava 16,50 a consulta – essa eu não me enganei, a portuguesa falou pra mim...
O tratamento todo ficou em 450 libras e fui muito bem cuidada pela francesa. Ainda terei que voltar lá em janeiro, quando poderei usufruir do NHS (o INSS daqui) e poderei ter um desconto no resto do tratamento, porque começou a me doer o outro lado da gengiva. Causa? O dente com coroa deixou um lado alto e o outro agora sofria com a diferença, terei que fazer outra coroa do outro lado e aguento com uma nova placa para os dentes debaixo, a de cima eu durmo com a velha, mesmo não sendo a melhor indicação, porque precisará ter um novo molde quando terminar tudo.
Quase um mês depois  recebi o orçamento de Dr. Algodãozinho: 1600 libras! A carta chegou na mansão do Mal e quando recebi, vi que o envelope estava colado por cima com durex (ah! Durex aqui, como em Portugal, é marca de camisinha, não tentem comprar durex usando esse nome, vão receber outra coisa rs). Estranhei aquilo... e imaginei que a família dedicada deveria ter aberto... não via outra explicação... assim como um cd que comprei pela internet veio numa caixinha de papelão e parecia meio que alguém enfiou o dedo pra ver o que era, sabe? Pois é... Coisas da mansão do Mal...
Gastei um dinheiro que poderia ter economizado bastante desde o começo, se eu tivesse desde o começo me tratado com um dentista decente talvez só teria feito uma canal e pronto. Agora, o que aquele demente fez foi f*der com meus dentes de um lado e ter que, agora, acertar o outro.
Em Londres, precisando de dentista, me peçam o endereço da doutora Albine, na estação de Lancaster Gate (Central Line). Nela eu confio e ainda ela passou um negócio nos meus dentes para que todos ficassem da mesma cor e sem marcas de obturação. Um amor!
C’ est la vie!

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

A BuRRocracia Inglesa e o Jeitinho Brasileiro

Depois das simpáticas patadas de Soudemorte, comecei a sair de casa todos os dias, todos os dias eu inventava o que fazer: distribuir cv, comprar algo, ver emprego etc.
Alguns empregos era só preciso ligar, mas eu já estava traumatizada com o telefone, não pela questão do Soudemorte, mas porque uma atendente não me entendeu e pediu pra que eu chamasse alguém pra falar com ela... uma atendente do insurance number. Só tinha o Soudemorte para fazer isso, eu NUNCA pediria um favor para ele e não pedi, pedi para a Ad e disse que Soudemorte foi rude comigo e não iria pedir para ele, pedi para que ela não contasse à Collorida, mas do jeito que aquelas duas falam mais que a boca, nunca vi duas pessoas se juntarem pra falar e nem pararem pra respirar, duvido que Collorida hoje não saiba, só não sabe o que aconteceu exatamente porque não contei para Ad.
Para se trabalhar aqui e fazer tudo, você precisa de um número, de um documento que se chama “nacional insurance number”, para tirar o negócio é simples: você precisa apresentar uma carta, uma conta, para confirmar o seu endereço. Se não for uma conta sua, não vale. Eu tinha acabado de chegar e não tinha conta nenhuma em meu nome... bem, então, abra uma conta de banco aqui para mandarem correspondência pra você: o banco só abre conta pra vc de cartão de débito pra tirar dinheiro no caixa eletrônico, nada de compras; nada de compras, nada de dívidas, nada de contas a pagar que vai até o seu endereço... e minha conta no banco de 4 letras que tem no mundo todo? Só posso transformar minha conta numa conta inglesa depois de um ano aqui... e então vou mudar meu celular de pré-pago para pós-pago, terei uma conta pra pagar e provar meu endereço! Pós-pago só pode com cartão de crédito de conta inglesa...
E estou esperando, até o momento que escrevo esse post, um caridoso empregador que me empregue e tire o insurance pra mim... pelo empregador seria a outra maneira...
Para se ir ao médico também, há os postos de saúde daqui que se chamam GP e o INSS é o NHS.
Estava com uma alergia que não aguentava mais, com certeza tinha sido ainda em Portugal, tinha sido mordida por algum bicho e não aguentava de coceira nas pernas e braços há dias... Resolvi ir no GP, eles fariam meu cadastro e poderia começar a usar o posto de saúde. Ledo engano: quanto tempo você vive aqui: 3 semanas. Ah, então não pode... você precisa ter 6 meses pra ter um cadastro/ficha aqui, mas pode ir ao hospital que atende a região pra ser medicada...
Foi o que eu fiz, fui até ao hospital e a médica me pergunta porque eu tinha ido a um hospital por conta de uma alergia simples e eu disse o que a mulher do GP me falou... ela ficou quieta, pegou a pomada, marcou quantas vezes eu deveria usar e sai com a pomada – de graça – do hospital.
Mais uma: ia fazer um curso de inglês perto da estação de Richmond, todo mundo falando que os cursos são bons e não são caros por ser uma escola do governo e tem desconto pra união europeia. Vou lá.
Chego, faço prova de nível, passo por uma outra professora para escolher horário de acordo com o nível que tenho e vou fazer a matrícula...
Há quanto tempo você mora aqui?
Há algumas semanas.
Algumas semanas e antes você não morava em Portugal, morava no Brasil? (por conta do passaporte português)
Sim, morava no Brasil.
Então, sinto muito, você terá que pagar o preço normal porque você precisa estar há 3 anos num país da comunidade europeia pra ter direito ao desconto....
Eu entendia mal o que a menina dizia e tentei falar mais com ela, ela correu e chamou outra mulher pra falar comigo... se descontrolou total porque, eu acho, já estava o dia todo fazendo matrículas de estrangeiros que não a entendiam direito... deve ser desgastante, eu sei, mas ela saiu da poltrona dela e chamou a outra moça, bem mais simpática, que falava devagar e com calma do que ela, saiu da cadeira como se eu a tivesse ofendido, sei lá... saiu na maior braveira... eu não tenho culpa se o trabalho dela é esse: atendente numa escola de idiomas em Londres... e olha que a moça deveria ser descente de indus e tal... alguém da família dela também já deve ter passado o mesmo que eu ...
A burrocracia, sim, buRRocracia aqui chega à enésima potência... Tudo o que você ganha e está no banco é sabido pelo “tax” se aparece uma dinheiro a mais, eles vão querer saber de onde saiu aquele dinheiro... se você não está enganando o governo...
Todo mundo que tem outro emprego aqui, informal tipo manicure, pede pra se pagar em dinheiro, pra não ir para a conta da pessoa. Os brasileiros sempre sabem dar seu jeitinho...
Tanto jeitinho que tem ilegais aqui que tem insurance number, falso, claro, mas tem! Tem insurance number, visto falso, passaporte português ou italiano falsos para estarem “elegíveis” para trabalhar aqui, conta pra compravar endereço que também é falsa. Aqui, você pagando consegue tudo! E me ofereceram! Mas como eu não sou ilegal, ando na lei e me ferrando com a burrocracia, crente que uma hora ela venha a sorrir pra mim... espero!
Porque, eu acredito, que quem está ilegal é como um assassino: não fica só em um, tem que matar os outros que descobrem o que ele fez... cada vez a coisa complica e aumenta mais o seu trabalho pra parecer na lei...
Três meses em Londres e finalmente consegui abrir uma conta no banco de 4 letrinhas! Eu não sei o que acontece... cada agência que você vai a pessoa tem que ir com sua cara, talvez... tenho um cartão de débito, acho que vou poder com ele transformar em pós-pago meu celular, porque pré-pago aqui é um absurdo! Você põe 10 libras e acaba em menos de uma semana! Um horror! E o pós-pago tem promoções do tipo “pague 35 por mês e ganha 2 mil minutos...”
Num banco muito famoso aqui, quase consegui abrir uma conta porque tem duas atendentes brasileiras, mas também precisava da tal conta com meu nome. O que brasileiros me disseram para fazer: pedir para alguém colocar uma conta de gás, água etc no meu nome por um mês para a conta vir no meu nome... brasileiros e seus jeitinhos.
Resisti até o último momento e deu certo, não precisei de conta com meu nome, só disse que estava trabalhando e tinha um cheque pra depositar (o que era verdade) e a menina não viu o cheque, não comprovou meu endereço, só pediu uma conta do Brasil, do mesmo banco, mostrei e ela abriu com meu passaporte português (original). No banco famoso aqui – um Brad... daqui, o Barcl... – elas queriam uma conta comprovando meu endereço no Brasil também, mas só poderia ser conta de telefone FIXO (celular não vale aff!), água, luz e estrato bancário, nada de fatura de cartão...
Estava já ficando de saco cheio, liguei pro meu irmão e desabafei: esse bando de idiotas pedem um monte de coisa, só dificultam a vida de quem está certinho por culpa desses fdps ilegais e que ainda se dão bem porque usam tudo falso e ninguém se toca!
Estava revoltada... como podem ser tão idiotas... não saber que alguém pode mudar por um mês a pessoa que vai pagar a conta ou qualquer outra coisa assim... (Collorida deveria saber disso, mas nunca se ofereceu, sempre pôs dificuldades) ou outro caso que fiquei sabendo aqui.
Celulares tem um seguro irrisório, todo mundo aqui, ou 80% da população londrina (seja inglês, ilegal, legal, adolescente) tem ou blackberry ou iphone. Você paga quando compra esse valor mínimo e quando diz “fui roubada, perdi meu celular” eles te dão um novinho em folha, não questionam, não pedem B.O. simplesmente você angaria blackberries ou iphones pra família toda... Isso é o mais engraçado, enquanto em algumas coisas eles desconfiam demais, em outras “abrem as pernas” (odeio esse tipo de termo, mas é a verdade). Depois, quando descobrirem (ohhhhh!) o que o povo faz, farão nova lei, nova burrocracia, que eu duvido parará o jeitinho brasileiro!
Como o outro dia uma menina me falou:
Só preciso de 100 libras para meu insurance number e a identidade de imigrante legal, sai em 2 dias
E eu, tonta:
Ah, você conseguiu tirar tudo?
Ela, sussurando: É falso!!
Ainda não tenho um insurance number, mas acho que agora as coisas ficarão mais fáceis com a conta aberta... foi um sufoco, foi angustiante esse tempo, mas acho que agora vai... e graças a Deus não preciso me sujar para nada aqui, estou limpa, sou legal, sou honesta e sou brasileira, mas não compactuo com erros, safadezas, sujeiras dos meus conterrâneos.
Parece que estou sendo má com os brasileiros ilegais, né? Mas se eu contar o que fazem aqui, vão me entender, num próximo post.

domingo, 14 de novembro de 2010

Um mês, dois meses, três meses em Londres!

Quando fiz um mês aqui estava totalmente deprimida. A única coisa que pensava era:  o que eu vim fazer nesse lugar, Deus?
Sem emprego, sem perspectivas de tirar o tal insurance (um documento pra trabalho aqui que conto em outro post), querendo mudar de casa logo e não sabendo onde fazer um curso de inglês bom e barato... comecei a me deprimir...
Eu tinha um pc, mas... a net sumia da casa onde morava... Disseram que roubaram os cabos de cobre... a telefônica resolvia isso no máximo em 3 dias... estava sem net há mais de duas semanas... não conversava como nos primeiros dias de pc: no skype com meu tio, no msn com amigas, primas e tia, me exibindo na webcam... mandando emails pra meu irmão... nada... estava sozinha... me sentindo cada vez mais sozinha... sufocada numa casa onde não era bem vinda, apenas meu dinheiro.
Tinha acabado de perder um emprego que achei que era meu, mas não botava mesmo fé...  outro post...
A única coisa que conseguia pensar era em ir embora! Mas pensava: e o resto da Europa, quando eu volto pra conhecer? Tem que ser agora, Menina!
Consegui conversar com alguns amigos em lan houses da vida, telefonei pro meu irmão... coisa que não parei de fazer desde a primeira patada de Soudemorte e todos me deram força pra ficar e esperar porque era cedo e algo bom ainda iria acontecer, eu estava no começo...
Tinha vontade de ligar pra minha mãe e falar pra ela: mãe, cansei da brincadeira! Quero voltar pra casa! E eu sabia que ela iria dizer sim pra mim...
O pior de tudo é estar sozinho, se você vem com amigos, tem amigos próximos aqui, vem com parentes, namorado etc  a situação é outra, você tem alguém pra compartilhar as coisas. Agora, quando você está numa casa em que parecia que estava de favor, dada a cara de c* de todos os dias de Soudemorte para mim quando me dizia Morning... e os outros da casa mal se importam com você, não parecem fazer grande esforço para serem seus amigos, só dá pra deprimir...
Essa fase passou, percebi que tinha muito pouco tempo aqui e estava me cobrando demais, mas a ansiedade mesmo assim é grande.
Encontrei uma casa espírita aqui, vi 3 anúncios na www.leros.co.uk e na palestra a mulher diz que temos que nos perguntar o que queremos realmente de nossas vidas. O que eu queria realmente vindo pra Londres? Por que estava/ estou aqui? Comecei a me perguntar, a tentar descobrir, o que, afinal, eu tinha vindo fazer aqui... porque eu me sentia como na música do U2 I still havent found what I looking for.... se me sentia perdida no Brasil e agora aqui, o problema estava dentro de mim... e como resolver era uma grande interrogação... que precisei de vários dias procurando a resposta dentro de mim... eu acho que encontrei, mas não tenho certeza.
Quando fiz dois meses aqui, estava saindo da casa de Soudemorte, estava desesperada procurando outro lugar para morar e não achava nada que fosse barato e num bom lugar. Eu me acostumei mal morando num bairro sossegado, numa casa de família bem cuidada... Comecei minha busca na Leros, a revista brasileira aqui, e com as poucas pessoas que conheciam e poderiam me indicar. Casas longíquas, gente mal educada (essa merece um post, só da procura), casas sujas, gente que não me dava nunca a resposta se teria um quarto pra mim, porque eu queria um quarto pra mim, não queria dividir com ninguém.
Quando encontrei um lugar bom, com tv , frigobar e internet, fiquei felicíssima, era mais cara que na casa do Soudemorte, mas Soudemorte Family  até me falaram que se eu quisesse ficar, poderia, mas pagando mais. Imagina!!!! pagar mais pra morar com Soudemorte e sem internet, tv dos outros que ligam e desligam, mudam de canal na sua cara? Nem pensar! Eles pensavam que eu era uma grande idiota que não entendi a história da internet, bloqueada pra mim.
Acertei o quarto novo, finalmente, só que a menina que morava no quarto e ia sair não pode sair naquela semana combinada, o outro lugar pra onde ela ia morar a pessoa também não saiu, entrei num efeito dominó e fiquei mais uma semana insuportável na casa de Soudemorte e companhia dos infernos.
Como entrei num domingo na casa, poderia sair na segunda se quisesse e mais um problema se fez, a menina não pode sair na outra semana também e eu não tinha pra onde ir, o meu prazo pagando 70 libras pra família soudemorte tinha acabado...
Fiquei desesperada... pensei em ficar uma semana num albergue, mesmo pagando a diária de 25 libras, mas não ia pedir uma semana pra Soudemorte, entrei em desespero, ninguém que eu conhecia poderia me ajudar... ninguém!! E olha que houve pessoas que me disseram que eu poderia contar com elas sempre... não nesse momento! (outro post)
 Aí o dono da casa onde iria morar me ofereceu um quartinho que ele e a mulher usavam como uma extensão da cozinha para os salgados e bolos que vendem. Fui conhecer o lugar, em Lewisham, sul de Londres, perto de Greenwich, era um lugar só pra uma semana, teria que armar minha cama, um colchão de casal, todos os dias e ficaria com tudo sem desmanchar, só pegaria o que fosse mais importante pra usar nessa uma semana, ele me cobraria menos que no Soudemorte, era temporário. Aceitei.
No sábado, quando ia mudar, o dono da casa me entendeu mal sobre a mudança, que ele também faria, e não poderia me buscar no sábado, pediu pra eu falar com Soudemorte se eu poderia fazer a mudança no domingo de manhã (era um direito meu, como já disse). Muito a contragosto fui falar com o Mal em pessoa...  E a resposta foi:
Tem muita gente por aí pra fazer mundança, chama outro, pega um táxi. Sinto muito, mas dê um jeito, seu prazo acabou.
Fiquei desanimada... liguei para o cara e ele deu jeito, atrasou as entregas dele pra me buscar no fim do mundo.
Depois de um sábado cheio de trânsito, levamos mais de uma hora pra chegar na minha casa temporária...
Paguei pelo novo aluguel, pusemos minhas coisas no novo quarto, ele foi embora e a única coisa que consegui fazer foi chorar compulsivamente e me perguntar por que eu tinha feito aquela escolha de ir pra tão longe, longe das pessoas que me amam...
Liguei pra casa, comecei a falar com meu pai e no final comecei a chorar, tentei disfarçar e desliguei, no outro dia ele falou comigo e perguntou o que estava acontecendo, por que eu estava chorando e disse que era saudade. Ele me disse que ele sabia bem o que era aquilo, ele também tinha vindo pro Brasil com quase 18 anos, deixado os pais, mas morava com os irmãos, mesmo assim, ele só pensava em voltar, em ir embora e chorava e um dos meus tios disse pra ele, parar e pensar que era o melhor pra ele. Não esperava isso do meu pai, foi incrível.
Mas foram dias de muito choro e tristeza...
Hoje completo 3 meses aqui, já estou no quarto definitivo, meu cantinho, arrumadinho do meu jeito, organizado, limpinho. Com internet, tv, frigobar e liberdade pra cozinhar na cozinha
Ainda sinto muitas saudades do Brasil, ainda mais que daqui 12 dias será o casamento do meu irmão e eu não estarei lá, meu único irmão que amo tanto. E fico muito chateada com isso. Sinto falta do meu gato e do meu cachorro, não consigo falar com eles quando ligo pra casa rs Sinto falta da minha mãe, do meu pai, de todos. Mas não sinto nenhuma falta do meu emprego, do bairro onde morava, da casa onde morava, sinto só falta das pessoas.
 Acho que estou me acostumando a morar sozinha e estou gostando muito, é díficil não ter com quem conversar, mas é bom ter sua privacidade, seu canto sem ninguém pra se meter na sua vida. Estou me acostumando a Londres e gosto daqui, apesar de aproveitar pouco a cidade porque não posso gastar muito, mas sei que tenho uma passagem de volta comprada, devo mudar a data dela pro outono daqui e aproveitarei o verão da Europa pra ver shows aqui em Londres e conhecer outros países.
Finalmente acho que coloquei metas: ter um certificado alto de Cambridge, muita experiência dando aulas de português para estrangeiros e conhecer tudo que eu tiver vontade de conhecer na Europa e até fora dela.
Voltar pro Brasil está nas minhas metas, voltar e ver se me “reacostumo” a tudo e tentar melhorar minha condição profissional. Quem sabe ainda ter um filho? Acho que talvez dê tempo rs

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Camela

Como eu ia dizendo anteriormente, para não ficar em casa em vou a todos os lugares, mesmo que só por telefone eu resolvesse, tudo pra não ficar com Soudemorte.
A primeira camelagem (ou camelajem? Rs) foi um anúncio que vi para ser cleaner, salário: 12 libras a hora! Uma maravilha! Tentava entrar no site deles e nada, não funcionava, não quis ligar porque é uma encrenca se não me entenderem...
Resolvi ir até o local, a estação de metrô mais próxima era de Old Street e de trem a de Hoxton. Preferi o metrô e fui procurar a tal rua...
A sinalização de informação em Londres é bem feita, ou pelo menos em 90% dos casos. Sempre os pontos de ônibus mostram um mapinha do local, onde você está, as linhas que passam naquele ponto – que é por letras – nos outros pontos,  uma lista de ônibus que passam nos locais mais próximos dali etc...
Mas no começo eu não conseguia me guiar muito bem pelas ruas... pra que lado seguir... hoje estou até melhor, mas eu tenho problema de sentido de direção, não adianta rs
Não achava a tal rua que deveria ir... e andava pra um lado, andava pra outro, voltava pro lugar inicial, queria um bus que passasse na estação de trem de Hoxton que aí eu ficaria mais perto... nada... andei por muito tempo, mais de uma hora, por vários lugares até acertar o esquema das letras dos ônibus e começar a caminhar na direção correta... e depois de muito andar, pensei, agora devo estar perto... claro que não... andei mais ainda e comecei a entender outras coisas, a questão do nome das ruas e das “courts”... As courts são prédios residenciais e também, alguns têm outro nome... acho que assemble, não lembro agora... o endereço que eu procurava era dentro de uma dessas courts. O que acontecia nesse bairro era que em cada court existia um prédio diferente, com outro nome, então, depois de achar a rua principal, achei a court e dentro dela teria que achar a rua do prédio que estava procurando... simples, não? NÃO!
Achei o lugar... quando dei por mim... me senti na cohab josé bonifácio... sim, parecia estar diante de uma grande cohab! Vários prédios iguais pelas ruas, mesma estrutura... um  do lado do outro, muitos prédios... e achei aquele que procurava.
Aí ficava ligando no interfone pra falar com a pessoa... nada... mas alguém abriu o portão e eu entrei... não gostei de lá... era sujo e o elevador cheirava a urina... queria ir embora correndo dali, mas fui até o sexto ou quinto e último andar do prédio. Chamei, chamei e nada... e até preferi... comecei a achar muito estranho tudo aquilo e fui embora correndo.
Dessa vez peguei um ônibus até o metrô...
A segunda grande camelagem que fiz por aqui foi para o show do Fran Healy, eu quis ir ao local antes do show, um dia antes, só que o nome da rua era Uxbridge, só que eu não sabia que existia sei lá quantas uxbridge por Londres e, claro, fui na errada...
O mapa que estava no site que vendia ingressos me deu a Uxbridge perto da estação de Uxbridge, extremo norte de Londres, praticamente no Acre.
Fui até lá de metrô... umas 2 horas de metrô até chegar lá e... não acho a rua no mapa da estação... o guarda do metrô me diz que eu teria que pegar um ônibus ali na estação. Tudo bem, mesmo vendo um prédio da Herbalife enorme em frente ao ponto do ônibus, pego o bus... eu vou............... vou..........................................vou.........................Chega uma parte que me sinto no Brás dado o comércio nas ruas de roupas e tecidos, deveria ser um bairro mulçumano pelas túnicas e lenços de cabelo que vendiam, andei muito mesmo de ônibus, devo ter visto uma parte de Londres que poucos conhecem, quer dizer, uma boa parte de Londres, porque eu andei muito nesse ônibus...
Acho, depois de uma hora ou mais de bus a tal Uxbridge, desço e vou procurar o número... estava muito longe... era pra eu estar no 300 e alguma coisa e estava no 85, tudo bem... vou andar um pouco... e ando... ando... até o número 200 e qualquer coisa e... cadê o resto??? Já era outra rua!!! Voltei uma parte que tinha feito de ônibus e vi num ponto que Uxbridge tinha a Brodway Street no meio e depois voltava a ser Uxbridge, ok! Vamos até a outra parte... e lá eu ando mais um pouco, voltando todo o caminho que tinha feito de ônibus e não entendendo porque a porr@ do ônibus não me informou como sempre faz onde estava e que eu já tinha passado pela Uxbridge!!
Nos ônibus, há uma espécie de navegador de bordo, como é o nome mesmo daquilo? GPS! Isso! Uma voz de mulher fala as ruas que passa e o ponto, nem sempre funciona, como nesse caso... Então, fiquei esperando a voz da mulher – a mesma em todos os ônibus, essa teve trabalho! – falar Uxbrigde e nada!!!
Ia voltando e achei de novo a outra Uxbridge, outra porque ela começava de novo do número 1. Quis morrer de ódio!!! E lá vou eu andar mais um pouco e não acho mesmo o número que seria o local do show do Fran. Perguntei pras pessoas, ninguém sabia onde era aquele lugar... Depois de uma  tarde e começo da noite andando pelo fim do mundo, pego um bus que volta, de novo, todo esse caminho que fiz a pé pra ver se entendendo o que fiz de errado. Pego um bus que vai até a estação de Earling Brodway, perto da Uxbridge onde desci...
Em Earling, procuro uma internet, eu precisava tirar aquela dúvida... como iria no show do Fran??? Achei uma e pesquisei pelo nome do local do show... era uma terceira Uxbridge em Shepperds Bush Market... muito mais perto de onde eu morava e perto do centro...

(Lá em cima Uxbridge, a estação, caminho até Earling Brodway, marquei onde seria o show do Fran e em vermelho onde morava)

Não acreditei que tinha feito todo aquele caminho em vão... E agora anoto o código postal de todas as ruas que tenho que ir pra não acontecer de novo isso... mas ainda bem que fui um dia antes procurar o lugar... imagina se fosse no dia do show? Teria perdido o Fran!!!!!!!

domingo, 7 de novembro de 2010

Desmitificando Londres

Vou sair da ordem dos fatos e contar minha segunda-feira passada por aqui... esse vai ser um post de muitos, com certeza, que tiram a áurea mítica de Londres  rs

Segunda-feira, primeiro de novembro de 2010 foi um dia bizarro para mim...
Fui toda feliz a um local ligado ao Consulado Brasileiro e ao Imaraty (é a mesma coisa? Rs) porque recebi um papel com vagas de empregos e eles estavam intermediando esses empregos. No papel que recebi dizia que era para estar lá pessoalmente. Chego lá e me dizem que era por e-mail o recrutamento...
Mesmo assim uma mulher me atende, brasileira, ela fica com o meu cv e pergunta qual a vaga que desejo, quando digo que é para arrumaderia, ela faz cara de quem acha estranho e fala pra mim “mas você tem pós-graduação!” e eu “tenho, mas estou aqui estudando inglês, meu inglês não é bom o suficiente para outro cargo e preciso de um emprego”. Parecia que o que eu disse tinha entrado por um ouvido e saísse pelo outro da mulher... e olha que conversamos em português...
E ela me diz: bem, tem a vaga de auxiliar administrativo, você tem inglês fluente?
Disse que não, não tenho mesmo... aqui eu descobri que meu inglês falado não é nem intermediário...
Ah, mas então, tudo bem, mas precisamos de copeiras, arrumadeiras com experiência.
Minha vontade era virar pra ela falar: tá, eu sei limpar minha casa, não serve?  O que tem de tão complicado em levar um café para alguém? Tem uma arte para isso?
Deixei meu cv, mas ela pediu para mandar via e-mail novamente e quem sabe não apareceriam outras vagas que tivessem mais o meu perfil...
Sai de lá frustrada, pensando que é assim que a pátria amada ajuda seus filhos... fiquei  muito irritada com essa coisa de experiência... se é pra alguém experiente, então são pessoas que já se viram bem por aqui e não alguém que acabou de chegar e está perdida... Eu pensei que o Itamaraty servisse pra isso... e não pra mais um bando de brasileiros indicados fazerem poucocaso de você, porque brasileiro só faz pouco caso de brasileiro...  (e essa é outra história)
Tinha que ir ao dentista dali, até aí tudo tranquilo... Só que precisaria almoçar antes e a consulta era só as 3:30 da tarde.
Estava perto na Picadilly e resolvi ver algum lugar para comer próximo à Picadilly Circus...  achei um restaurante japonês, como tudo por aqui, muito mais take away do que comer nas mesas. Achei uma mesa, sentei, comi um yakisoba de frango porque eu não aguento mais comer lanche nessa cidade, só de olhar para um panini já sinto náuseas...
Sai, andei, tirei fotos e resolvi comprar uns postais na Cool Britannia, uma das maiores lojas de lembranças londrinas e quando chego no caixa... cadê minha bolsinha de moeda?
Revirei a mochila toda e nada... antes de chegar ali na Cool Britannia, fui guardar um catálogo da Boots (uma farmácia e perfumaria que tem em cada esquina daqui) e vi um dos bolsos da mochila aberto. Como sou distraída, já pensei “Regina, sempre deixando tudo de qualquer jeito” e aí entendi...  eu não tinha deixado aberto, no meio daquele monte de gente andando pela Picadilly eu fui furtada! Como o lugar onde fui comer era essa porcaria mais de take away do que comer ali, como já disse, mal tinha mesas pra sentar, e eu pra correr pra pegar um lugar de um cara que ia sair  (só tinha 3 mesinhas pequenas e a fila de gente pedindo comida só crescendo) e joguei todo o dinheiro na bolsinha de moedas, ou seja, 25 libras mais as moedas que já estavam ali. A pessoa que me roubou deve ter feito um bom proveito, não é toda hora que você pega uma bolsinha de moedas de uma mochila com um pouco mais de 25£ e o dinheiro que já anda escasso pra mim, ficou um pouco mais com essa “perda”.
Fui pra dentista desarvorada... aquele dinheiro ia me fazer falta, voltei no restaurante para ver se tinha esquecido por lá e nada... eu não tinha deixado o bolso aberto, alguém abriu e pegou e foi muito rápido...
Fui à dentista e minha sorte que o que eu tinha pra pagar para ela estava separado na carteira, pelo menos não roubaram a carteira com cartões, 50£ e meus documentos.
Liguei para a minha aluna de português que aula seria às 7:30 na casa dela, como a menina já tinha me dado o cano, queria confirmar e ela disse que não poderia, que EU não entendi que ela queria a aula às 4 da tarde. E eu disse a ela que tinha enviado um torpedo  no domingo perguntando se aula da segunda ou da quarta ela queria às 4 porque em ambos os casos eu não poderia.
Bem, pelo menos não fui até a casa dela, como na semana anterior, já estava chegando na estação da casa dela quando ela me avisou que não poderia porque estava ainda no trabalho...
Voltando para casa peguei o metrô até uma estação para troca pelo overground, um outro trem, entre trem e metrô, que passa perto de onde moro...
Durante o percurso, depois da demora do trem e ir em pé, vagão cheio, mas não abarrotado de gente, dois caras falando numa língua entre o russo e alguma língua eslava, conversavam alto e pareciam bêbados... atrapalhavam as pessoas que iam descer e não se importavam, ainda riam. Um outro cara perto deles, com certeza indiano pelos traços, se meteu na história:
Man, speak in English, you’re in Great Britain! Stop to disturbe!
Russos ou sei lá o quê: Fuck you, man! You indian, you dirty!
E começou uma discussão, o indiano ligou para a polícia ou para a CCTV (empresa que está em todos os cantos xeretando sua vida pelas câmeras) e disse que estava sendo ameaçado dentro do trem. Chegamos na próxima estação, Finchley Road & Frognal, uma moça tentava descer esses caras a atrapalharam, o indiano continuou falando com eles para deixarem a moça passar e pararem de atrapalhar... na hora que a porta do trem ia fechar (eles estavam do lado da porta), um dos russos atirou o indiano fora. Todo mundo se assustou... não vi o que aconteceu, pois eu estava do outro lado, na outra porta, mas pelo que percebi os dois espancaram o indiano e sairam correndo... todo mundo transtornado no trem, assustados. Apertam o botão de emergência e mesmo apertando umas três vezes e maquinista ia sair com o trem e o povo segurando a porta e cuidando do indiano. Chegou o pessoal da estação, os russos voltaram pra brigar, não sei se não conseguiram sair porque o indiano avisou como estavam vestidos os caras e pelos walkie talkies avisaram, só sei que os caras voltaram, na frente dos guardas do trem e de todo mundo e continuaram a xingar o indiano e querer bater nele... uma mulher pediu encarecidamente para o indiano entrar no vagão, ele disse pra desculparem-no por assustálos e a mulher estamos assustados, mas é mais por causa do que eles podem fazer a você, por favor, entre no vagão”.
Não entendi muito bem o que se passava, mas ficamos parados por mais de meia hora na estação até que as coisas se resolvessem, o indiano queria seguir com a gente e tiveram que fazê-lo entender que ele teria que ir com os guardas e os caras para fazer algum registro, outras pessoas foram junto como testemunhas, inclusive essa mulher e todo mundo ali atônito esperando terminar aquilo... com medo, cansados, fatigados...
Até cheguei a pensar em gritar “Chama a imigração aí, gente!” rs aquele vagão, ia esvaziar rapidinho e eu ia apanhar também rs
O indiano ficou com o rosto machucado, principalmente no nariz.
Fomos embora e, como o trem atrasou, o trem foi abarrotando durante as demais estações e eu pensando que dia do caralh*, no mau sentido, claro...
E também pensei, poxa, nem tem muito palavrão em inglês rs os russos só falavam fuck pra cá, fuck pra lá... que coisa sem graça rs
Cheguei em casa podre, liguei pra minha mãe e não contei nada do meu lindo dia, apenas disse que estava tudo bem... quem ia imaginar que seria furtada em Londres e ainda presenciaria uma senhora briga no trem?

domingo, 31 de outubro de 2010

ah! esqueci no post abaixo!

Esqueci que tinha um dia que LuigiMárioBrothers falava que a melhor pizza depois da Itália está em NYC - porque Collorida ia pra lá, já deve ter ido e voltado.
E, claro, me meti na história: São Paulo também tem uma das melhores pizzas do mundo, também tem muitos descendentes de italianos.

LuigiMárioBros e a mãe ficaram me olhando com uma cara: ah tá... como eu ia dizendo...

Fui ignorada legal!!
família linda!!!

sábado, 30 de outubro de 2010

Nooooossa!!!!!

Uma das coisas mais insuportáveis de se ouvir é isso, mas se você ouve de um inglês ou sei lá o quê você, digamos, entende que ele seja um alienado e ache que o Brasil é o país dos macaquitos e a capital Buenos Aires... que todo mundo vive mais ou menos ainda como o Brucutu ou Fred Flintstone... o pior, MUITO PIOR é ouvir isso de brasileiro...
LuigiMárioBrothers  disse isso algumas vezes, uma quando estávamos perto de uma lanchonete e disse que era no estilo Subway e ele “tem subway no Brasil?” ou quando vi a coleção dele de filmes e seriados e havia Alias e disse que já tinha assistido a série toda “nooossa! Passa no Brasil?”
LuigiMárioBrothers veio morar aqui com 6 ou 10 anos, é uma história complicada, ele fala 10 a mãe fala 6 e que ele teve um trauma e esqueceu esse período, eu não acredito mais em ninguém nesse lugar... depois entenderão rs
O certo é que ele já foi ao Brasil outras vezes desde então, fez uma espécie de monografia final de curso no Brasil, pesquisando o Brasil e como é que diz esse tipo de coisa?
Ele aprendeu o português escrito aqui, português de Portugal, então, tem horas que é muito estranho ouví-lo dizer, ao invés de “licença” um “desculpa”, como os lusitanos dizem...
Mesmo com essas coisas, a mãe dele ainda consegue me dar mais ainda nos nervos, tudo que falo sobre o Brasil, do tipo ela falando das casas enormes de lá que são dos lordes, aí ela veio com um “ah, lorde no Brasil deve ser tipo...” e eu “não existe no Brasil, Collorida, não tem uma mesma nomeação pra comparar porque não existe monarquia no Brasil e nem vestígios grandiosos como aqui”, mas ela teve que ligar pra LuigiMárioBrothers pra perguntar como se dizia lorde em português e como deveria ser um no Brasil... eu fiquei muito p&ta!! Tipo, eu não conheço o meu país? Tá, tem 15 dias que sai de lá e já não sei mais nada... já mudou tudo! Uma revolução e eu não sei!
Isso aconteceu em outras situações... o filho pra ela é o ser que tudo sabe... e eu sou uma idiota que não sei o que  se comemora no 7 de setembro... teimou comigo que não era a independência... foi perguntar pra LuigiMárioBros...
Fui à uma entrevista num Starbucks não muito longe de onde moro – aqui tem um em casa esquina, no meu bairro tem 2 e em Kingston deve ter uns 3 – a gerente também se espantou quando eu disse que tinha Starbucks em São Paulo... (andei distribuindo meu cv pra tudo que é canto de Richmond), o que não adiantou muito, mas isso é outra história...
Acho, na verdade, que os ingleses são pessoas bem cultas, a maior parte com os quais conversei, sabem que a capital do Brasil é Brasília e que lá se fala português. Não ficam com perguntas do tipo “ah, mas tem macdonalds no Brasil?”
O único chato continua sendo Soudemorte, ele conhece o Brasil, graças a Collorida e teima em dizer que São Paulo é uma cidade feia, poluída que Londres tem uma área verde e blábláblá... parece que quer sempre me rebaixar.  Sei que Sampa tem seus problemas, mas conhecendo mais Londres agora (2 meses e meio) sei que existem lugares tão ou mais barra pesada do que em Sampa e que não tem um parque para o povo se divertir... lembrei dos Racionais agora rs e em breve eu conto do subúrbio, longe dos parques aristocráticos de Londres...  a real Londres... que nem a rainha conhece rs

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Ambiente Familiar

É muito complicado ir morar numa casa de família em que a família tem problemas sérios e você escuta eles gritarem uns com os outros. Ou quando fazem algo gostoso pra comer, mas nem lhe oferecem, ou saem, vão ao cinema, etc e nem lhe chamam...
Ou quando você está vendo tv e mudam de canal, sem cerimônia, ou desligam a tv porque vão fazer exercícios no Wii...
Como disse, andei assistindo a alguns programas que Collorida assistia, um deles é How to be look good naked, não, não é programa de pornografia. Parece estranho, mas tem uma conotação boa o programa: o apresentador faz um reality show (é só o que se tem na tv daqui, principalmente no Channel 4) em que escolhe uma mulher que está, por algum motivo, com a estima lá embaixo e a transforma, quer dizer, dá dicas de como ela pode ficar bonita sem gastar muito, como se cuidar, o que fica melhor pra ela usar (roupa, maquiagem, cor de cabelo etc) e no final, ela fica tão bem consigo que se sente bem até nua, se sente bem com seu corpo.
Perdi exatamente o programa que uma mulher que tinha um seio defeituoso por ter tirado um câncer dele, Collorida chegou toda efusiva do trabalho, louca para se exercitar e disse pra mim “Depois você assiste na internet!” que internet??? Eu pergunto... (outro post). Parei de assistir tv. Isso porque ela já tirou também um nódulo do seio...
Se algum de vocês pensa em ir morar um tempo em outro lugar e quer ir morar em casa de família, só se for uma casa de família aceita por algum comitê de intercâmbio, porque casa de família tem o pior da familia: as brigas.
Esse negócio de ambiente familiar é o pior, não pense em aconchego.
A família que fiquei tinha um simples probleminha: dinheiro.  O casal vive junto há anos, uns 15 pelos menos, e nunca casaram no papel e aqui, você pode viver com a pessoa 80 anos e continuar sendo como se nunca tivesse nada com a pessoa, não tem direito nunca a nada que construirem juntos.
Acontece que a mulher comprou a casa e usou na compra um empréstimo do amado Soudemorte, Soudemorte foi na justiça pedir uma parte da casa. Com certeza provou que emprestou o dinheiro e o juiz deu a ele 25% da casa. Collorida, pelo que conta e berra aqui, se sentiu enganada, traída, a casa era de todos, claro, a maior parte ainda é dela, mas tem que conviver com Soudemorte no mesmo teto... diz que quando vender, dará o dinheiro pra ele e falará pra ele seguir o rumo dele...
Não sei não... ela diz que não tem nada com ele há anos, mas dormem no mesmo quarto, na mesma cama eu não consigo viver no mesmo teto que um ser assim, quanto mais na mesma cama...
Ele é sempre cara de pau, até onde eu sei, diz que ganha 50 libras por semana de aposentadoria (!!!) e não paga nada porque não tem dinheiro, ganhava 25% do que eu pagava – ou do que ele pensava Segundo Collorida, ele pôs todo o dinheiro que tinha na conta do filho, do filho que ele teve antes de conhecê-la, LuigiMárioBrothers não é filho dele, e agora vive na boa na casa dela...
Outro dia sairam com uns amigos pra jantar e no outro dia queriam fazer a divisão do que foi pago, estavam em 4 pessoas e Soudemorte insistia que deveria ser dividido em 3, ele ficaria de fora...
A coisa mais estranha foi a briga de Collorida com LuigiMárioBrothers, ela abre as faturas de cartão de crédito dele e quer saber o que são aqueles gastos, que ele deveria gastar só o necessário para comprarem outra casa... Bem, um cara de 28 anos que deixa isso acontecer é porque tem certeza que não vai ter uma casa dele, né? Nunca vai ter vida própria, pelo jeito...
E eu fecho minha porta do quarto para fingir que não ouço as brigas, ou finjo estar dormindo enquanto discutem alto. É claro que quando Collorida diz que não confia mais em ninguém ela está jogando uma indiretinha pra mim, mas como eu não tenho nada com isso, pode gritar no meu ouvido, eu não estou de favor na casa, eu não sou sua amiga, sou apenas uma desavisada que caiu de para-quedas na casa... Desavisada, como eu disse no primeiro post sobre Londres, porque eu não sabia na encrenca em que me metia quando cheguei na casa... e em breve contarei uma bem pior...

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Saindo um pouco da saga, mas falando da minha vida aqui, sábado foi um dia muito bom, encontrei meu amigo Fábio que mora na Irlanda, ele esteve aqui em Londres e batemos um grande papo num café Costa - Starbucks aqui é café com água urgh!
Fazia tempo que eu não me sentia bem assim, era como quando estava no Brasil e encontrava meus amigos nos finais de semana, altos papos, risos, diversão!s
Isso deve ser uma das coisas que também me dão mais saudade: ter amigos por perto, infelizmente o Fábio mora em Dublin e é a pessoa mais próxima que tenho dos amigos que fiz pela vida.
Foi bom matar a saudade de ter amigos por perto, espero repetir isso mais vezes.

Domingo foi um dia muito chato por conta de uma DM (três, na verdade) que recebi de uma pessoa que conheço há um tempo, não somo tão amigas, mas conversávamos bem. Ela mandou as seguintes mensagens:

mal chegou e tá metida a besta é? nem responde as mensagens... humpf... (duas vezes essa mensagem)

e numa diferença de quatro minutos dessa repetida: 


ué, cadeê minhas msgs? fui banida é?

Eu fico sem entender a pessoas...
Fui vasculhar o perfil dela e o meu pra ver a mensagem, achei, mas não acho que por não ter respondi a essa mensagem: 

@menciclopedia Oi Rê, tudo bem por aí? E eu tenho novis...

Eu precise ser ofendida dessa maneira... sim, eu me sinto ofendida porque agora se eu não responder prontamente às pessoas, ou esquecer uma mensagem perdida entre outras eu sempre serei, agora, tachada de me achar melhor que os outros por morar em Londres.
Quem lê esse blog sabe que não me sinto nem um pouco metida a besta por morar aqui. E meus verdadeiros amigos sabem como eu me sinto morando aqui e o que eu passo vivendo aqui - o preço que pago todos os dias pela minha escolha - e sabem que meu amor por eles não mudou.
Acho que as pessoas primeiro deveriam verificar se a mensagem chegou, se a pessoa teve tempo pra responder antes de sair atirando.
Lembrei daquela música do Hermes e Renato (numa esquete que eles se vestem de policiais em cantam um funk): bate primeiro, pergunta depois!
O mais incrível é que a pessoa já se sente banida!!! Bloqueada, excluída por uma simples mensagem...
Eu não tenho paciência, saúde e nem estudo na área para cuidar de gente com grau altíssimo de baixa estima e carência afetiva.
Estou sendo má? Estou, mas eu não admito ser tratada dessa maneira por uma mensagem no twitter. Acho que minha vida anda cheia de coisas a serem resolvidas, pensadas, estudadas, tem muita coisa em jogo nesse momento (procura de emprego, ficar ou não na casa onde estou, dinheiro acabando, curso de inglês que eu tenho que fazer), eu ainda estou me adaptando e tentando estabelecer uma vida aqui, estou começando do zero, não estou com uma vida fácil, tranquila que posso me dar ao luxo de ficar batendo papo o dia todo na internet e respondendo recados, os recados, mensagens, text (como chamam o torpedo aqui) se acumulam, não é toda hora que paro pra responder e pode ser que alguns passem, não sou perfeita e o twitter ou qualquer outro site, muito menos.
Tento na medida do possível falar com todos, responder a todos e se desse jeito não está bom para algum de vocês, me desculpem, mas é assim que é e eu não tenho como mudar as coisas e ficar a sua disposição.


Comecei o post falando de saudade das amizades de um sábado muito divertido e que me animou muito e terminei falando de um domingo que me senti muito injustiçada... mas a vida é assim, seja em Londres, São Paulo ou qualquer lugar do mundo, o ser humano é complicadíssimo e eu não posso parar para descomplicá-lo...