sábado, 17 de outubro de 2015

Shows que vi em Londres

Alguns não sabem, ou a maioria, mas tenho 3 blogs e participo de um quarto blog.

No que eu chamo de "blog principal" por ser o mais antigo que já migrou por vários locais de blogs e nunca deixei de escrever - mesmo que demore muito rs - fiz uma postagem dos shows que assisti, ainda não terminei, mas terminei a parte de Londres e divido aqui com vocês uma das melhores partes de se morar em Londres: assistir a todos os shows que você sempre sonhou.


Fran Healy, Manic Street Preachers, Ron Sexsmith, Graham Coxon, Suede


Belle & Sebastian, Eric Clapton, The Cranberries, Bob Dylan, Van Morrison e Thin Lizzy



Killers e Arcade Fire pelo vão, Wireless com Pulp, Foals, The Hives ...


Weezer, Morrissey e uma relíquia do bardo inglês


Adele, Echo and the Bunnymen, Wilco e Arctic Monkeys

sábado, 30 de maio de 2015

My English Teacher

Quando cheguei a Londres, fui procurar escolas de inglês e me assustei com os preços exorbitantes dos cursos próximos a Richmond, onde morava na época.
Lembro de comentar com a maravilhosa Collorida sobre os cursos e o meu querido Soudemorte responder: mas você só vai morar aqui por 2 meses, como pensa continuar fazendo curso por aqui? 

Vocês que me acompanham sabem bem como vivia feliz e saltitante naquela casa e não respondi nada, só pensei, afinal, poderia arrumar emprego pela região e moradia, eu achava...

Quando me mudei para o outro lado da cidade, para Dalston Kingsland e pensei que seria pra sempre, fui atrás com mais afinco por cursos de inglês. Pesquisei na Revista brasileira que todo mundo lia e sempre tinha propagandas de professores, como fiz quando consegui aulas de português.
Achei um interessante: brasileira que desde criança estava lá e era bilíngue. Parecia ser uma escolha acertada por saber os dois idiomas e eu achei que aulas particulares me ajudariam a aprender mais rapidamente o inglês, de falar mais fluentemente. Liguei para o número e era da mãe dela, era quem marcava, porque as aulas eram na casa delas e nunca se sabia quem estaria ligando.
Marquei e fui conhecê-la.
Ela morava com a família num bairro distante do centro, lá pela quase final da Central Line, a leste de Londres - pra lá de Stratford... super longe...

Gostei dela e da mãe, foram bem simpáticas comigo e resolvi que iria fazer as aulas por 20 libras duas horas de aula. Minha mãe me mandou dinheiro, queria que não me faltasse dinheiro e aprendesse o mais rápido pra voltar o mais rápido rs ela tirou dinheiro da pequena poupança só pra me ajudar. O dinheiro que tinha estava acabando já e ainda não tinha arrumado um emprego, só os bicos das aulas de inglês.

Comecei as aulas e decidimos por aulas de conversação, ela ia me explicando gírias que se usavam lá, expressões, entonação etc. Ela tinha um sotaque inglês, ninguém dizia que era brasileira quando estava falando em inglês. Poderia ser até uma entonação falsa que ela usava sempre, de forma a impressionar e se acostumou, afinal, ela estudava Inglês na faculdade, mas era atriz e esta era a carreira que ela realmente queria seguir.

Fui me adaptando muito as aulas dela porque estava extremamente carente, então, como eu tinha que conversar sobre minha vida, eu sempre tinha muita coisa ruim pra contar e aprender a contar em inglês. Fui me apegando a ela e a mãe dela. Gostava muito delas, mesmo! Achava que tinha encontrado novas amigas, até uma família amiga com a qual poderia contar.
Eu estava extremamente fragilizada e contava todas as minhas tristezas lá, não era uma aula de inglês, era quase um divã...
A mãe dela foi quem me indicou àquela casa que contei aqui, de dividir o quarto com um rapaz gay e pra lá ainda da estação da casa delas... inviável morar tão longe e trabalhar no centro fora dividir o quarto com um rapaz, me desculpe, ele poderia ser uma moça num corpo de rapaz, mas não ia conseguir dividir o quarto...

A mãe me falava de amigos que moravam por aqueles lados ou um pouco mais pro centro, mas com quartos por 100 libras por semana, que eram simpáticos e tudo mais, mas 100 libras por semana era ser rica... eu pensava: mas gente! onde essa mulher tá com a cabeça pra me indicar casas longe dos empregos e por esse preço?? ela acha que tá barato? eu falo tudo que sofro aqui e ainda acha que tenho 100 libras pra dar por semana? e o transporte? Sim, porque quanto mais longe do centro, mais caro o metrô se você tiver que ir pro centro, principalmente.
Ela não conseguia entender o meu problema...
E isso era comum: ninguém conseguia me entender: entender que eu não tinha esse dinheiro, entender que procurava como louca emprego e não conseguia, entender que eu não tinha a agilidade The Flash para limpar casas e entender que eu sofria com tudo isso... que eu me sentia frustrada, me sentia culpada por não conseguir fazer essas coisas todas... era angustiante!!!

Aos poucos, fazendo as aulas, eu fui percebendo que não dava mais pra pagar... fiz por uns 6 meses, acho, nos últimos tempos eu ia de ônibus para economizar - comprava a cota pro mês todo de ônibus que era mais barato - e pegava três ônibus pra chegar lá: de Elephant & Castle eu ia até Liverpool Street, lá pegava outro bus até o terminal de ônibus de Walthamstow e de lá para a casa da professora. Devia levar mais de duas horas. Daí comecei a ficar frustrada com a aula: a professora falava mais que eu e então não adiantava... ela contava muito papo sobre os grandes namorados que teve, sobre os bullyings que sofreu quando chegou na Inglaterra e na escola e não falava inglês. Uma coisa me irritou um dia: ela contava sobre o namorado novo na frente do pai, e o pai brincou com ela, ela virou para ele o xingou... achei aquilo muito chato... 
eu me sentia a filha do Kevin Spacey ouvindo a amiga gostosa falar das conquistas...
A mãe era uma mãe bem à brasileira: fazia tudo para todos e não recebia nenhuma atenção por isso. A filha chegou a ir embora de casa porque brigou com a mãe, briga boba e voltou. A mãe era espírita, então achava que tinha alguém que tinha algo a ver comigo. Ìamos a uma palestra do Divaldo Franco, a mãe falou pra eu ir com uma amiga, porque teria que fazer a janta para o marido e deixar tudo pronto... engraçado porque ela sempre dizia que o marido a acompanhava em tudo e naquele momento não vi isso...

Fazia tudo para participar da família: fui à peça de teatro da teacher, que estava com um outro namorado e quando fomos cumprimentá-la ela mal deu atenção porque estava com o cara... foi muito chato; fui ao aniversário da mãe e comprei um livro do Chico Xavier de presente; fui à casa ver o cachorrinho novo que tinha comprado e que estava doente... eu queria mesmo fazer parte... se me chamavam pra almoçar ou jantar eu não negava, fazia muito tempo que não comia como gente...
Não tinha como pagar e como trabalhava com portugueses, não usava o inglês quase que pra nada e desisti das aulas.

A mãe me indicou ainda um emprego, eu lembro de ter comentado aqui, mas não acho o post... não sei o que aconteceu... foi quando a mãe quebrou a perna e me indicou na escola onde trabalhava como assistente na hora do intervalo das crianças. Eu fui, fiz um teste e gostei de lá, mas a "chefe" das assistentes, uma mexicana, não gostou de mim e da amizade que logo de cara fui fazendo com as meninas (eu era dedicada e estava contente de estar ali - era uma escola católica só para meninas de até uns 14 anos). A mulher disse que eu não era expansiva e não daria pra eu ficar com a vaga. Fiquei bem triste porque, mesmo sendo bem longe, era um lugar que eu poderia, aos poucos, subir para assistente e trabalhar mais horas além do horário do intervalo (é, era só no intervalo, por umas 2 ou 3 horas, um pouco antes para organizar o pátio, auxiliar as crianças para comer e ficar vendo elas brincarem no pátio aberto e depois limpar tudo e ir embora). Mas a Sheena (era o nome da mulher) era punk rock e não me deu chance, deu a vaga para uma outra amiga, que saiu meses depois, quando eu já estava decidida a voltar pro Brasil. 
A mãe também ficou chateada por estar de licença e não pôde me ajudar a ficar com o emprego. Quando fui a Portugal, no Natal, trouxe encomendas para elas e por tudo que faziam pra mim.

Só que a máscara delas caiu e por mais que eu desse uma chance, eu tive que admitir que elas eram como todos os outros brasileiros: egoístas e mentirosos.
Vi no Facebook que a filha tinha ido pro Brasil e voltado com um namorado anterior que ela sempre falava e dizia que não voltaria, jamais, com ele e falava muito mal do cara (brasileiro). E as fotos e conversas no Facebook eram de amigas no Brasil felizes de a reverem no Brasil e saírem com ela - ela nunca me disse que ia ao Brasil enquanto estava tendo aula e eu não tinha parado há muito tempo -  vi fotos dela em São Paulo, Bahia e Porto Alegre (cidade do namorado) e os muitos comentários... achei estranho, porque elas sabiam da história da mala... e como fiquei com isso.

Estava bem escaldada pelos brasileiros e resolvi fazer um teste... liguei pra casa dela e falei com a mãe e perguntei da filha e a mãe: ela está bem, trabalhando muito e estudando (aham!)  
e aí joguei a isca: pois é, você conhece alguém que venha do Brasil esses tempos para trazer um remédio pra mim que eu só sei que tem lá certinho, porque aqui teria que passar no médico e não sei se me daria o mesmo...
mãe da teacher: ah, tem um consultório brasileiro em Stockwell, lá pode ser que você consiga o remédio que quer.
Bingo!
Era tudo que eu precisava saber: que elas iam se fingir de mortas e não me ajudar, como todos. E ia mentir na minha cara da forma mais deslavada com tudo bem claro e exemplificado no Facebook... Acharam que eu era idiota? Eu nem ia fuçar o perfil, era tão simples... era só ler as últimas atualizações... pronto... dei de cara com a amiga falando como foi legal andar por o bairro onde moravam em Sampa...

Daí deixei-as de lado, eram farinha do mesmo saco de todos os outros... cheguei até a mudar postagem aqui por elas terem se sentido ofendidas por eu ter falado mal dos brasileiros e fiquei super mal de tê-las magoado, mas daí veio a comprovação.

Antes de ir embora, como continuaram no meu Fb e fingi que nada tinha acontecido, a filha me falou de almoçarmos num lugar que adorava em Londres e que foi indicação dela, um restaurante italiano.  E eu disse que tudo bem, vamos marcar e tal... (sem nenhuma vontade que isso realmente acontecesse) e a mãe também queria pra se despedir de mim. E eu disse quais dias poderiam ser e marcar, esperando que nunca desse certo porque eu estava com nojo delas.

E aí foi o golpe final, a mãe me escreve em pleno Facebook com no meu mural para que todos leiam me humilhando mais um pouco do que já tinha sido humilhada por lá:




Agora vocês já sabem porque fechei meu mural para que não escrevam nele...

Consegui não me encontrar com elas, fui embora chateada com elas, pensei que eram as únicas amigas que havia feito lá, ledo engano.


terça-feira, 26 de maio de 2015

O povo da escola - parte 2 Hampstead Heath e o Jeitinho Brasileiro

Depois que Badooa deixou JerusalemE serguir o caminho dele e encontramos a outra amiga dela em Victoria Station...

A menina também esculachou com Badooa, falando que nunca mais combinava nada com ela, nem eu... depois daquele dia, toda vez que Badooa falava "vai lá pra casa pra sairmos" nunca mais aceitei.
A moça parece que já a conhecia bem e já tinha passado pelo mesmo com Badooa outras vezes.

Fomos pro parque, demoramos séculos para chegar de busão lá, ainda mais que no meio do caminho passávamos por Camden Townn, totalmente abarrotada de gente.

Chegamos lá e o povo já achava que não iríamos mais e contamos o que Badooa tinha aprontado.
O povo já tinha comido, estávamos todos sentados na sombra e os ingleses todos no sol, sem protetor...

O parque é muito legal, enorme! Como a maioria dos parques ingleses. A diferença é que ele é de mata natural, original da região e tem lagos. Lagos que alguns (muitos ingleses) se aventuravam em nadar.
Eu como não sei nadar bem, não me arrisco.
E outra: havia uma fila para pagar 3 libras e mergulhar.
Três libras que você paga a uma simples máquina sem fiscal.
Adivinha se os brasileiros que estavam comigo (todo mundo) ficaram na fila e pagaram para nadar?

Claro que não! Brasileiro dá jeitinho no mundo todo!
É tipo o Impostor do Pânico: vamos sacanear o mundo porque somos brasileiros! Somos fodões!
Bonito! Lindo!
Só mostra o quanto somos respeitosos e educados... ou você acha que atitudes como essas são bem vistas?
Conheci muito estrangeiro que só de saber que eu era brasileira já me olhava de lado.
Primeiro porque não achavam que eu tinha aparência de uma... na maioria das vezes chutavam que eu era italiana (na França acharam que eu era inglesa rs).
Mas a maioria vê brasileiro como enganador (ou trabalhador quando vê pelo lado bom), brasileiro é visto como traiçoeiro. Esqueça país do futebol e mulheres lindas. Ninguém fala disso!

Uma espanhola me disse sobre o irmão que saiu com uma goiana (ihhh!): she is a bitch!
E ela explicava que por mais que eles (europeus) sejam desencanados, os brasileiros - e brasileiras no caso - acham que é só ir chegando e agarrando, beijando.
O que pra europeu é desrespeitoso.
Você tem que se apresentar, bater um papo pelo menos... não essa coisa de já sair agarrando.
(claro que eles vão pra cama com qualquer um, mas perguntam o nome rs)

Voltando...
O povo se gabava de ter passado por toda a fila.
Como bons brasileiros não paramos de reparar e rir - inclusive eu, porque aquele povo de cueca e calcinha sem canga era muuuito estranho... fora as meninas com o que chamei de maiô Brigite Bardot - depois vieram me dizer que isso era vintage... é, povo em Londres é estiloso, vai com o maiô da avó no parque e dá o nome de vintage... não que não seja estiloso, depois que você entende esse negócio de estilo londrino... acabei incorporando muito disso hoje, mas no começo é tudo meio estranho e engraçado.

A doce professorinha (aquela que só me dava patadas na escola e em todos) estava com seu marido (que também levava umas patadas dele que olha... deu dó...) que levou um amigo, que tinha uma namorada que trabalhava nas famosas vans e na cara dele, ela babava nos caras que achava interessante, quase indo lá falar com os caras (adivinha de onde ela é...), mas como eles eram malhadões não pareciam muito interessados em outra coisa que não se exibir, logo ela concluiu que eram brasileiros e gays...

Enquanto ele, o namorado, de outro canto falava que não existia mulher como a brasileira, não mesmo!
Tinha uma povo realmente parecendo brasileiro que estava entendendo toda aquela graça, mas não vieram até a nossa sombrinha se "confraternizar".

Como disse: até eu ria. Só ria porque nunca tinha passado o verão lá e visto gente de roupa de baixo tomando sol até ficarem pimentão - ingleses são loucos por sol que nem protetor passam e ficam lá se queimando até dar câncer de pele... tadinhos... nunca veem o sol e quando veem ficam assim, alucinados por ele...
Foi um domingo divertido que terminou numa churrascaria brasileira próxima, o povo tinha dito que ela fazia propaganda na Record internacional e se decepcionaram: ela parecia maior e melhor no comercial.
Eu que não conhecia e não comia tanta carne - isso queria dizer um pedacinho de cada - há tempos, passei mal... muito mal... pensei que não chegaria até a cobah...
Tem coisas que realmente você desacostuma, como feijão... imagina depois de meses sem comer como eu fiquei numa feijoada que fui... (e olha que não gosto de feijoada, mas a saudade de feijão era maior... e deu no que deu...).

Pensei que a partir desse passeio seria mais querida pelo pessoal da escola e convidada pra mais passeios... ledo engano...
Será que foi porque eu só ria e não comentava?
Será que ficaram com ciúmes de mim? (o que eu sempre duvido)
Será que eu sempre tenho um jeito mais reservado que dá a impressão de me achar mais que os outros?
Sim, eu penso isso: será que ser reservada por ter percebido que ninguém ligava para o que falava me tornou, aos olhos dos outros, uma pessoa que se achava mais?
Não pode ser... se fosse assim, por que eu iria querer fazer amizade com eles?

Eu só queria fazer amigos e me sentir menos só em Londres, só isso... me sentir um pouco fazendo parte de algo... quase uma coisa de adolescente... de ter uma identidade, talvez... mas pra mim era uma luta inglória...
Doía demais aquela solidão e eu não conseguia fazer amigos...

sábado, 28 de fevereiro de 2015

O povo da escola - parte 1 jerusaleme e a mineira louca

Trabalhei numa ONG-escola para brasileiros, era voluntária, mas ganhava um trocadinho que me ajudava, aos sábados.

O trabalho era bem interessante: ensinar português para filhos de brasileiros que praticamente não tinham contato com o português do Brasil - além dos pais e, muitas vezes, nem com os pais: explico!

O mais engraçado lá é que muitos pais brasileiros falavam em inglês com os filhos que os respondiam em inglês... tinha hora que parecia que todo o trabalho de duas horas num sábado tinha ido pro espaço: a criança nem saía da sala de aula e o pai/a mãe já estava ajudando a criança a esquecer o que veio fazer ali.
O coordenador é uma pessoa muito decente que mora há mais de 20 anos na Inglaterra - as duas filhas estudavam com a gente e a mulher dele, inglesa, falava o português.
Engraçado que os melhores brasileiros que conheci são os moram há mais de 20 - tirando Collorida, claro. Parece que foi uma geração que mais se ajudou do que puxou o tapete... aparentemente...

O projeto era bem interessante, apesar de além de perceber que muitos pais não levavam a sério (se levassem falariam em português com os filhos) também muitos iam pra lá pra bater papo.
Como era só por duas horas no sábado, muitos pais passavam a manhã toda só de papo.
Alguns por morarem lá e ter se casado com ingleses ainda se achavam muito - como sempre acontece...

Uma mãe irritante queria dizer o que deveria ser ensinado pra filha dela (como toda mãe analfabeta que arruma um trouxa com passaporte) e ela mal sabia realmente escrever, mas vinha com um: no meu tempo a criança aprendia assim...
Bem, no tempo dela na pqp que ela nasceu e aprendeu o "bêabá" se colocava criança pra joelhar no milho e isso eu duvido que ela ia querer, né?
Na verdade, o que irritava mesmo é que além da mulher mal saber escrever em português (e não espere em inglês) ela ainda se achava a pedagoga e não entendia que estávamos lecionando por 2 horas no sábado, não era o mesmo ritmo da escola normal no Brasil, muito menos na Inglaterra... (que é completamente diferente também)
Tudo ela tinha que vir falar: ah, vc tem que dar isso pra minha filha aprender!
A professora, que era aquela figura doce (já falei da resposta bem direta que me deu quando procurava um quarto), ficava de cara feia e tentava ter jogo de cintura, mas depois reclamava da mulher pra mim.

Numa festa da escola, eu dei uma patada na mulher. Meio que sem querer, mas saiu...
Primeiro ela quis que as crianças cantassem "atirei o pau no gato"... tudo bem... daí, quando terminaram, ela queria que cantassem a versão "politicamente correta" e uma outra assistente virou pra mim e disse:
você não vai cantar?
E eu, com a minha doçura: Não, essa letra é ridícula, mal feita! Se é pra não atirar o pau no gato, nem ensine a atirar, depois fazem essa versão forçada aí!
Eu e meu jeito meigo de dizer não à hipocrisia. 
Afinal, eu acho que ou você ensina ou não ensina atirei o pau no gato e não depois ensinar só pra criança cantar aquela versão ridícula de que o gatinho é nosso amigo... é CLARO QUE ELE É! Quem não é são as pragas de mães que comeram um monte de churrasco de gato antes de chegar em Londres... (e agora arrotam kebab de lamb rsrs - quero ver fazer a musiquinha "a ovelhinha-nha- é nossa amiga-ga)

Voltando, a mulher só me olhou com cara de c* - ia me obrigar a cantar a musiquinha?

Era legal trabalhar lá, mas o povo brasileiro eu tentei e muito fazer amizade... mas era incrível como não rolava... ou até quase rolou...
Nem foi a música do gato! Isso aconteceu quase quando estava indo embora... (ihhh e tem mais...)
Ia embora de trem com o povo, parei de perguntar se ninguém sabia de trabalho ou casa...
Mas percebia que toda vez que tentava conversar, entrar na conversa, minha fala ficava pra trás e alguém me cortava pra falar de outra coisa... notei isso várias vezes e decidi só ouvir.
Então, nem tinha como conhecerem meu lado marrenta... ou legal...
Me senti muito só e achava que só "participar" da conversa estaria tudo bem. Mesmo quando chegava na escola no sábado e todo mundo comentava das festas e passeios que foram juntos.
Sempre tinha uma outra professora que depois vinha falar: mas por que você não foi?
Era óbvio: eu não fui convidada, como iria?
Isso também acontecia com uma outra assistente que não morava em Putney (havia um grupinho que morava lá, pelo menos 3 professoras e 1 assistente).
Mas essa professora queria forçar uma proximidade pra dizer que todo mundo havia mesmo sido convidado. Cheguei a ir no aniversário dela - aí fui mesmo convidada - e depois no aniversário dessa assistente, mas muitas das coisas só vinham dizer depois:
nossa! por que você não foi? Sobrou tanto comida!

Uma vez me convidaram no verão - acho que em maio, um domingo beeem quente (27 graus rs). Primeiro iríamos para Brighton de trem. Acordei cedo, toda animada e quando liguei para essa assistente que vou chamar de Badooa (porque ela cada mês estava com um namorado novo do Badoo) que ela morava em Brixton, que é perto de Elephant & Castle, onde morava.

E ela me avisou que os planos haviam mudado (e ninguém nem pra me mandar uma mensagem) e iam pro parque de Hampstead Heath, norte de Londres. E que seria beeem mais tarde...
Daí Badooa me diz: vem aqui pra casa depois vamos juntas!
Tudo bem, ia voltar pra Cohab Elefante?
Vou lá pra casa da outra e de lá pegamos o bus...

Só que o que ela não me avisou é que ela estava acompanhada...
Sim, o namorado do momento estava no quarto que ela alugava. Isto quer dizer: e eu? onde fico se vc mora num quarto?
Fiquei no quarto da vizinha, amiga dela, uma doida brasileira que não falava coisa com coisa...
Badooa não poderia deixar o "jerusaleme" sozinho... (ela só sabia que ele era de lá e nem sabia como se diz pra quem é de lá... muito menos eu rs acabei de achar no google: jerosolimitano, hierosolimitano ou hierosolimita - sim, ela falava jerusalemE) e eu poderia ficar com a amigona dela!

Era uma senhora já, dizia que morava ali, mas alugava casaS por Londres (sei, e você mora num quarto em Brixton...), que trabalhou muito com um irmão nos restaurantes da região de Kensigton, que já tinha visto do Elton John até...todo mundo famoso... mas que começou a alugar casas e pretendia voltar para o Brasil e abrir um restaurante inglês em Minas, na cidade dos vidros, pra quem sabe onde é... já deu a dica de onde ela era...
Dizia que tinha um filho da idade da filha mais velha da Gretchen, falou horrores da Gretchen, mas se o filho tivesse nascido menina também teria posto o nome de Tammy... (o que você não tem que ouvir enquanto a outra descobria se o jerusalem era circuncidado ou não...).

Ela assistia à tv brasileira pelo pc, por um site que muitos brasileiros assistiam.
Naquele momento: dez da manhã em Londres e seis no Brasil passava a missa do Pe. Marcelo na Globo e ela falava bem e mal do padre... não era uma pessoa de confiança e que me enchia de tomar refrigerante...
Daí começou a falar bem do Edir Macedo e sempre que ele ia à Londres ele ia no culto dele.
Não entendi nada: via a missa do Pe. Marcelo, ia no culto do Macedo... não gosta da Gretchen, mas teria posto o mesmo nome se tivesse uma filha... só sandices...

Depois começou a falar do filho que deixou no Brasil, que tinha morado lá com ela, mas não quis ficar porque tinha namorada e a abandonou (a mãe) que ela já tinha netos e que o filho tinha que vir com os netos pra lá, sem a esposa (pelo jeito, se amavam ela e a nora), porque ele tinha que ajudá-la a juntar mais dinheiro pra voltarem pro Brasil pra abrir o tal restaurante inglês...

Peraí... mas ela não alugava casas? Não estava bem de vida?
Até disse que não queria voltar pro Brasil e depois queria...
whatever... louca ou mentirosa demais que nem se controlava em mentir em cima do que tinha dito...
E eu passei mais de duas horas ali... com vontade de ir embora...
Daí decidi que ia embora e ia sozinha pra Hampstead Heath, era só pegar o metrô até lá e ligar pra alguém pra encontrar os outros... o horário combinado no parque era meio-dia e já estava passando.
Fui e bati na porta da casa-quarto da outra.
Eu já estava com um bico enorme de raiva... ainda se tivesse passado o tempo conversando com alguém que falasse coisa com coisas... dava um desconto...
Ela me olhou com vergonha, afinal, é claro que esqueceu de mim descobrindo se o jerusalemE era mulçumano, judeu ou n.d.a.

O cara viu minha cara brava e quando me cumprimentou insistiu se estava tudo bem comigo. Eu disse que sim, mas com a insistência dele me olhando bravo (como deve tratar a mãe dele na terra dele) eu já fui falando: estou aqui há mais de duas horas a esperando, não é pra eu estar com essa cara?
E ele ficou queito.
Fomos andando, tivemos ainda que ir no mercado levar coisas pro piquenique.
Ela também convidou uma outra amiga que estava p*ta da vida nos esperando em Victoria Station, onde pegaríamos o outros ônibus (ainda tivemos que pegar ônibus), não quis pegar metrô depois de me deixar plantada com a mineira louca de pedra.

Hamstead Heath, um lugar lindo... no próximo post.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Amigos, amigos, Londres a parte

Pela leitura deste blog até onde relatei acho que dá no mínimo pra imaginar como eu estava em frangalhos e teimosa. Muuuuito teimosa para que as coisas dessem certo ou pelo menos eu conseguisse meu FCE.

Para quem tem inglês acima disso parece uma bobeira, mas virou meu foco, minha maneira de lutar ainda por mais tempo (sem dinheiro, sem amigos, sem muitas horas de trabalho) em Londres. Eu não admitia de forma alguma ir embora sem pelo menos esse certificado, era como ter ido à Roma e não ver o Papa (e eu vi quando fui rs o Bento XVI, mas vi rs).
Eu sofria muito e podem ler aqui meus desabafos, mas eu não "largava o osso", eu não jogava a toalha.
Algumas pessoas no Brasil torciam para que eu aguentassem e comentaram quando eu voltei:
"Eu falei pra ele (pro marido) ah, ela vai fazer a merda de voltar!"

É fácil falar que eu ia fazer essa merda quando não se estava vivendo o que vivi: me via encurralada num beco sem saída, escuro e sozinha.

Outra pessoas só me diziam: "Menina, larga tudo e volta! Para de sofrer aí! Volta pras pessoas que te amam!". Mas eu não aceitava isso, era como se eu voltasse totalmente fracassada, mais fracassada do que já me sentia.

As horas de diferença no horário de Brasil e Londres atrapalharam um pouco meu convívio com os amigos que aqui deixei, mas teria que ser assim um pouco para que eu me soltasse em Londres, não?
Tentei fazer amizades e digo que consegui, no final, fazer algumas, mas eu já estava totalmente arredia à Londres, odiando com todas as minhas forças morar lá (sim, eu tive ódio mortal).

Nessa vida louca que vivia de estudar, procurar emprego, levar um monte de desaforo e portas na cara, percebi que alguns amigos no Brasil já haviam cansado de mim. Porque eu imagino que deve ser cansativo dar conselhos pra alguém que sofre, mas não larga o motivo de sofrimento por puro orgulho.
A maioria aguentou bem, mas tive fases ruins com eles porque eu simplesmente estava intransigente, obcecada. E no final sei que também estava fraca para qualquer tipo de amizade: eu não tinha como ser amiga de ninguém porque estava fragilizada demais com tudo que vivia... estava escondendo a verdade numa carapuça: eu estava deprimida, ansiosa e com algum tipo de síndrome, talvez. Não estava me aguentando, não tinha como ter um relacionamento legal com ninguém.

Alguns amigos me aguentaram e me aguentam até hoje. Ouço muito estes porque realmente respeitaram a loucura que eu fazia comigo.

Na minha vida londrina de sofrer e lutar, parecendo quase uma Jack Bauer (rsrs) cheguei a ter problemas com amigos que simplesmente me ignoraram, deram respostas atravessadas e outros que nem esperava briguei de forma agressiva quando voltei ao Brasil e nunca mais tive amizade.

Uma dessas pessoas a amizade se desfez ainda em Londres. 
Depois de tudo o que leram  - e mais que falta rs - essa pessoa sempre me aconselhava a voltar pro Brasil e até fazer o FCE aqui, o que era inviável pelo preço, a diferença pra quem estava recebendo em libra era gritante pra mim.

Ela sempre falava comigo e percebi o sumiço, depois de semanas, não era fácil lembrar de todo mundo quando se está com a cabeça a mil e tentando fazer as coisas darem certo mesmo dando murro em ponta de faca.
Resolvi mandar uma mensagem pra ela, dizendo que estava com saudades e ela me respondeu com um "saudade nada!". Fiquei tão arrasada... e perguntei: nossa, fulana, por quê?
E ela: "ah, eu também tenho meus momentos de solidão e o outro dia você disse a um amigo que ele..." não me lembro da situação exata agora, mas ela ficou com ciúmes de uma conversa no Fb com um amigo e, claro, ela entendeu errado achando que ele era querido e ela não...) e eu respondi que não era aquilo, expliquei a conversa em detalhes com esse amigo e disse e "você acha que tudo que eu vivo aqui é pouco?" Ela nunca mais respondeu, como não respondeu nem quando voltei ao Brasil, a deletei dos meus amigos, não quer falar, não fala e também não xereta minha vida...

Resolvi falar sobre isso hoje porque a vi no metrô.
Estava sentada do lado da moça da janela... e só vi quando uma moça entrou correndo no vagão indo para o fundo, de costas a reconheci e fiquei olhando onde ela sentaria: lá no último lugar, de cabeça baixa e eu olhando pra ver se era ela mesma, era ela. Ela não olhava, quando desci, passei, pela plataforma, olhando exatamente onde ela estava sentada, ela estava lá, olhando pra mochila, não olhou e eu fui.
Ela me viu, ninguém entra no metrô correndo em sentido contrário ao que eu estava pra sentar, com tantos lugares sobrando, justamente do lado de uma pessoa lá no fundo - se o banco estive vazio era outra história... - ela me viu quando o trem parava na plataforma e como era ali a porta que ela entraria, entrou correndo para sentar longe.

Tudo bem, se ela não tivesse feito isso poderia ter dado um oi pra ela e ver o que acontecia, mas nestas condições eu só tive certeza de uma coisa, uma teoria que tenho há muito tempo: quando a pessoa mal te conhece e já te chama de melhor amiga e diz coisas como "amo-te, amiga!" é porque é fogo de palha: como te ama num dia e foge de você no outro.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Quem está certo? Eu vivi um lado da história...

Como muito tem-se falado do caso do atentado em Paris à revista Charlie Hebdo, acho que devo escrever sobre  o que eu via, não estou generalizando, só contando histórias do que vi e ouvi por mais de uma pessoa em Londres.

Acho que também posso de vez em quando escrever sobre essas coisas... sempre surgem assuntos, eu é que sou preguiçosa, esqueço e passa o tempo certo pro comentário ou a falta de tempo consome o momento certo.

Londres é uma cidade que parece uma Torre de Babel.
Logo que me mudei pra lá, achava fascinante esse mix de línguas por todo o canto, pensava até em estudos linguísticos sobre isso... no final, não aguentava mais ouvir aquelas línguas loucas por todo canto... enjoei, estava irritada com tudo.

Com as línguas diferentes, vêm os costumes diferentes e me lembro muito bem da primeira vez que me assustei com uma muçulmana de burca: estava num ponto de ônibus, olhando as informações das linhas e tinha escurecido quando viro, tomo um susto dos grandes: pensei ver uma alma penada, mas era uma mulher de burca preta. Imaginem: local escuro, sozinha no ponto, me viro e dou de cara com uma forma de pessoa, mas que não se percebe ser mesmo uma pessoa dentro daquela roupa - que algumas usam até com uma "cortininha" nos olhos, não sei como não têm problema de visão essas moças...

Aos poucos me acostumei, mas o susto foi grande rsrs
Acostumei também em ver várias mulheres com crianças e apenas um homem com elas, mas não me acostumei com os (não vou dizer o país pra não ser tachada de racista ou xenófoba) fulanos de tal país dando em cima das ocidentais como se fôssemos prostitutas, mexendo de forma ofensiva porque se andava com qualquer roupa que para eles não é de "mulher temente a Deus".
Não me acostumava com o fato de entrar em uma loja deles e eles se sentirem no direito de perguntarem tudo que podiam sobre nossa vida - pra ver se conseguiriam algo - perguntavam se éramos solteiras, se morávamos ali perto, se morávamos com alguém, que éramos bonitas... sempre de um modo bem, digamos, primitivo. Um jeito de deixar com que nos sentíssemos um objeto ali exposto e eles estivessem barganhando o preço.

Assim como pessoas que conheci e viajavam para este países achavam graça de que o cara oferecia camelo e carros pelas esposas - sim, brasileiro acha graça e até pensa a respeito...

Uma das tantas vezes que estudava no Hyde Park (lá ou no Saint James porque era pertinho do Império do Fado) dois caras de um país desses vieram me importunar nos meus estudos. Disseram que trabalhavam com tapeçaria em Londres e queriam saber por que eu estudava no parque (acho que o parque é público, não?) .
Bem, boba que fui e disse que estudava para uma prova e um certificado de língua e aí começaram as perguntas: de onde eu era, se meu pai me sustentava, se eu ganhava bem no Brasil - olha só... tudo pra saber se eu era um bom partido pra darem o golpe do marido e serem levados pro Brasil. Eram primos e um era mais insistente que o outro que falava por que eu não tirava meu óculos escuros (porque estava sol e eu nem reparava mais que estava com ele), ele queria ver melhor meu rosto e, enquanto eu dizia que estava estudando, ele queria que eu fosse andar com eles (ah, tá...) e insistia e eu dizia que não. Ele queria porque queria que parasse de estudar e desse atenção a ele e eu me irritando. O primo disse para ele parar e me deixar, ele ainda insistiu um pouco mais, mas decidiu ir com o primo.
Eu esperei que eles estavam longe e fui para o lado oposto ao deles, com mais gente para continuar a estudar.

Também conheci uma brasileira casada com um deles, tinha dois filhos já. Ela tinha inglês fluente, vários cursos, faculdade lá, mas se mantinha em casa cuidando dos filhos e se sentia extremamente sozinha, queria que eu fosse babá dela - mas o marido não queria pagar nada - porque ela dizia que eu poderia bater papo com ela e assistir filme com ela e as crianças.
Percebi a frustração e a solidão... se a culpa é da origem do marido, não posso dizer, isso poderia acontecer em qualquer lugar, o fato é que eu pensei exatamente na vida dela quando o cara do mesmo país tentava me comprar ou ser adotado pelo meu pai rsrs (coitado rs).

Bem, mas isso não parece motivo suficiente para eu falar mal deles, né?
Claro que não, mas que são invasivos, são.
Assim como os que corriam com chaveiros da Torre Eiffel atrás de mim e diziam que nunca tinham namorado uma brasileira (agora entendem um pouco da minha aversão à Paris rs)...

Também vi um casal de mais idade que a mulher sentou-se num lugar na frente do ônibus, o marido falava na língua deles e gritava com ela como um louco, ela, com vergonha, levantou-se, foi sentar-se mais ao fundo e ele sentou no lugar.

Mas grave, grave mesmo e acho que é o que muitos europeus reclamam é como essas pessoas "tomam conta" do local onde vivem. Tomam conta mesmo, como se fosse um Estado deles, não um bairro, uma rua de Londres ou de qualquer outro país. Eles fazem suas próprias leis no país dos outros.
Há uma região londrina com uma comunidade bem expressiva, lá é proibido beber ou comprar bebida alcoólica, imagine beber na rua uma cerveja? Crime. Há placas pelas ruas e muros alertando de que ali é proibido e muitas pessoas têm medo de andar naquela região.

Exatamente neste local havia uma igreja católica que acabou por fechar: pelo medo dos habitantes ingleses dali de frequentarem e serem atacados (sim...).
Conheci o local depois de várias tentativas (por anos a fio) de um padre tentou restabelecer a comunidade, um padre brasileiro que, sabendo do número crescente de brasileiros católicos em Londres, pediu a ajuda do bispo inglês para reabrir a igreja. O bispo cedeu a igreja, estava fechada há anos, o problema seria lidar com a vizinhança que não aceitava outra religião que não a deles - e que chegou depois desta igreja - o padre e algumas pessoas aceitaram o desafio.
Jogavam pedras neles, ameaçavam e até defecavam na frente da igreja para dizer: esse bairro é nosso, é nosso Estado aqui e não se professa o Cristianismo... é nossa pequena Ditadura.

Padre e ajudantes não desistiram e conseguiram se manter lá e a igreja, quando estive lá em 2011, ganhou como padroeira Nossa Senhora de Aparecida, para ser uma comunidade brasileira aberta a todos. Vi algumas inglesas frequentando e elas olhavam com surpresa a cantoria e alegria da missa, bem no dia da santa, percebi pelos rostos delas que estavam felizes de ver aquela alegria.

Não pensem que isso quer dizer um final feliz, que venceram o fanatismo de outros, não. A missa da noite os brasileiros tinham medo de ir e todo mundo só vai embora em grupo, mas nada como conhecemos bem os brasileiros de fé, a luta vai continuar.

E só para não acharem que estou defendendo uma religião, digo que não sou católica, fui criada como, mas professo o Espiritismo que também já foi muito perseguido por quem mesmo?

Há muito que se pensar em questões de intolerância religiosa... um deixam de ter (ou fingem não ter) e outros começam a ter... há muito que se caminhar...