quarta-feira, 27 de julho de 2011

O imbróglio mala e encomendas para o Brasil

Durante os meses de junho e de julho estive totalmente ansiosa por uma mala minha que iria mandar para o Brasil...

Tudo começou quando a irmã de um amigo viria para cá no começo de junho e ficou até 03 de julho. Ele me avisou que ela entraria em contato e se eu poderia ajudá-la. É claro que sim! Adoro ser guia! (Os amigos fora de Sampa, que a conheceram um pouquinho comigo, que levantem as mãos agora rs).
Sim, estava contente de ver um rosto conhecido e poder mostrar um pouco de Londres, dos lugares que amo e gostaria MUITO de compartilhar com quem quer que fosse que viesse para cá...
Adoro a cidade, apesar dos pesares, e adoro mostrar os lugares mais diferentes e legais que conheço, compartilhar tudo isso é muito bom.

Voltando, daí pedi para ela se poderia trazer umas roupas de verão pra mim - verão que não apareceu... - e ela disse que a mala dela estava bem vazia, que não teria problema. Meu irmão levou as coisas que minha mãe separou pra ela (inclusive minha meia de compressão porque o negócio de trabalhar como condenada tá f*dendo minhas pernas).
Ela trouxe, a encontrei e perguntei se ela poderia levar de volta uma mala minha, pois estou juntando muita coisa e seria bom ter essa oportunidade para conseguir levar aos poucos as coisas para o Brasil.
Ela me disse que tudo bem, disse para ela que me irmão buscaria as coisas no aeroporto, que eu levaria minha mala no aeroporto com ela e que se fosse coisa demais pagaria o excesso de bagagem e ela sempre dizendo: tudo bem, sem problema.

Liguei para a minha mãe e disse que mandaria uma mala para o Brasil. Como tenho vários parentes fazendo aniversário em julho (2 tias, 1 tio, 1 primo e meu irmão), minha mãe me pediu presentes daqui para todos, depositou até dinheiro na minha conta para isso...
E lá fui eu às compras...

Final do mês de junho, nem sinal da cara de banana (já sacaram o nome dela rs), não me passou o número do telefone que usava aqui, mesmo eu sempre pedindo e ligando para o número dela do Brasil que sempre ia pra caixa postal...
Cansei de ligar e deixar mensagens no Facebook da figura...
Estava preocupada, porque ela queria ir no show do Pulp no Hyde Park, só que a viagem de volta dela era no mesmo dia e não sabia se ela havia mudado a data ou não, se teria que ir de manhã no aeroporto com ela despachar as malas ou não... fora que pensava em ir no sábado, véspera da viagem e do Pulp, pra Kent ver um festival que fecharia, naquele dia, com o Morrissey.
Fiquei nessa de esperar uma resposta... que nunca chegava...
Até que na sexta, dia primeiro de julho, a banana me responde que tinha muita coisa pra levar pro Brasil, que a mala dela já não cabia mais nada e que havia comprado outra, que iria pesar e ver se dava pra pôr algo meu...
Isso na sexta à noite e eu já tinha desencanado do show do Morrissey, com raiva de perder, além dele, Lou Reed, Patti Smith e The Stooges... acabei resolvendo ficar por Londres e fazer outra coisa, já tinha combinado outras coisas porque já tinha perdido o tempo hábil que teria, principalmente porque achava que não conseguiria sair de Kent super tarde e voltar pra Londres no mesmo dia... já acreditava que teria que dormir por lá e como faria se tivesse que ir no aeroporto com a mala?
Além do mais, nem tinha procurado hotel em Kent pra dormir...

Só vi a mensagem da menina no sábado, quando tudo já estava terminado...
Daí respondi para ela que tudo bem, que já tinha perdido mesmo o show do Morrissey esperando uma resposta dela e que não precisava se preocupar com nada...
Daí, a menina só me responde, no domingo, acho que do aeroporto falando:

Cara de Banana 03 de julho às 20:51
ai, fui embora no hives... tive que deixar coisa por aqui, abandonei guias... droga! mas desculpa qq coisa?         

DESCULPA QUALQUER COISA?????


CLARO... eu vim pra Londres para, com toda a certeza, passar pela maior prova de vida que alguém pode ter... pra ser canonizada quando voltar pro Brasil rsrs

Não respondi, melhor do que falar um monte, não? Afinal, o malfeito estava feito...
Estava revoltada e fiquei mais ainda com essa respostinha infantil de uma quase trintona infantiloide que veio estudar aqui um mês e ainda fala que queria ir no show do "pÛlpi" (pior que pupil rs é, eu não perdoo, né? rs)

A preocupação veio: e os presentes que seriam entregues no dia 10 na casa da minha tia no aniversário do meu primo e que todos os outros iriam receber o seu presente também  eestavam todos comigo?

A ideia foi mandar por uma empresa de entrega rápida... minha mãe pagou para eu mandar, já que as coisas chegariam no máximo em 3 dias no Brasil. Fiz a caixa e mandei pela empresa de três letras nas cores linda que combinam tanto: amarelo e vermelho...

Mandei na segunda dia 4 de julho e chegaram no Brasil na quarta, dia 6, e ficaram paradas lá... e nada de entregarem em casa e o aniversário chegando... no sábado, vejo no site de rastreamento que as coisas iriam voltar pra mim e fiquei mais do que surpresa, fiquei sem entender e totalmente nervosa...
Tive que esperar segunda para entender o porquê da volta das coisas... as moças da loja de postagem achavam que tinha sido o perfume (é, a burra aqui colocou na lista "perfume, vinho, cd, dvd, azeite"). Eu achava que não teria problema discriminar nada disso, porque tinha pago imposto e tal na postagem...
Um primo da minha mãe que trabalha em outra empresa dessa disse ao meu tio - é, família toda acionada - que se disseram que iria voltar que não teria mesmo jeito...
Meu irmão ligou para a empresa em Sampa que disse que o problema todo era o vinho, vinho é proibido ser mandado, o azeite também, mas que o azeite ainda passando pela anvisa poderia liberar assinando um termo de responsabilidade...
A empresa aqui pediu se poderia tirar o vinho para fazer a entrega, mas não se poderia mexer no pacote que estava em poder da polícia federal... e que iria voltar mesmo...
A moça da loja me manda um email de que iriam me cobrar a viagem de volta das coisas, aí eu entrei em parafuso e falei pra ela que não queria mais nada de volta... que não aguentava tanto estresse (i couldn't cope all this!) e aí pedi pro meu irmão ligar de volta em Sampa e eles confirmaram que não me cobrariam porque as coisas não deram entrada no Brasil, só se tivessem legalmente entrado eu pagaria... ufa!
As coisas iriam voltar e não teria papo... uma pena não conhecer um corrupto numa hora dessas...
Revolta e mais revolta... e não tinha o que fazer... estressei legal... passei quase dois meses nervosona... nervos a flor da pele, mas não adiantou nada...
Só conseguia culpar uma única pessoa que se não tivesse fugido de mim e tivesse conversado como gente grande teria poupado muito sofrimento meu e da minha família. Afinal, ninguém recebeu os presentes e minha mãe ficou muito chateada e gastou uma grana...
Todo mundo ficou muito chateado...

Uma frase adulta teria mudado tudo isso: Regina, eu não posso levar suas coisas, me desculpe, mas acredito que voltarei com muita coisa para o Brasil.

Não ficaria bonitinho?
Minha mãe não teria pensado nos presentes, eu não teria ido comprá-los, eu teria ido pra Kent e dormido lá e ido pro Pulp sem preocupação e não teria rolado todo o grande estresse da transportadora...

O pacote voltou, chegou segunda agora, dia 25, fui buscar na loja e a moça me disse que se eu quiser mandar sem o vinho, eles cobrariam de mim SÓ (rsrs) metade do preço... e que nunca tiveram problema com o envio de vinho para países como States e outros da Europa...
Não sei se é verdade, mas uma outra menina que conheço, e trabalha em outra transportadora, investigou as coisas para mim e disse que deveriam ter me informado do que pode e o que não pode ser enviado, mas que se eu entrasse com uma queixa, elas poderiam alegar que eu insisti que fosse as coisas fossem enviadas - porque se o cliente insiste no risco eles mandam - e que seria a minha palavras contra a dela...

Bem, esse é todo o imbróglio...
E tudo que só consigo pensar agora é na música do Falcão , porque tudo é culpa de uma grandissima mala...

sábado, 16 de julho de 2011

Portuguese Teacher: a médica monstra

Durante o período que morei na região da estação de Dalston Junction, norte de Londres, zona 2,  na casa do Leetle (Doolitle ?) , comecei também a dar aulas de português para estrangeiros.

Tive três alunos nessa época, dois por uma agência de aulas de idiomas.
Todos eram aulas particulares e enquanto a agência ganhava por volta de 34 libras a hora, me pagavam míseras 15 com muito sufoco.

A primeira aluna era uma inglesa, médica, que fazia pesquisas sobre doenças silvestres e iria para moçambique, onde já conhecia algumas pessoas via internet; e pretendia, em um futuro breve, ir ao Brasil para estudo também.
O segundo aluno era um espanhol que parecia um robozinho que só fazia copiar as lições, além de um dia esconder praticamente na minha cara a aliança, mas esqueceu do quadro da noiva...
O terceiro era um inglês, meia-idade, jornalista que vivia com o seu "patner" brasileiro. E falava já bem o inglês, dado o convívio e as visitas ao Brasil.

Bem, começarei pela médica.

Quando fui chamada pela escola de inglês, achei num anúncio no Gumtree, conversei com a dona da agência ou gerente, não sei o que ela era... uma mulher com um sotaque horroroso, que depois de meses vim saber que era sotaque indiano e eu mal entendia a mulher...

Eu dizia a ela: bem, o meu inglês não é tão bom, não sei se poderei dar aulas para turmas básicas e ela só dizia que meu inglês era ótimo - o que eu sei até hoje que não é.

E me passou para ir dar aulas para essa mulher.
Tudo bem, tentei falar com ela que não entendia absolutamente de português, mas tinha como parâmetro o francês, no qual ela era fluente, e o espanhol que o marido estudava e que me atrapalhava...
Sim, começou aí, na primeira aula o marido ficou para ver e me incomodava com palavras em espanhol, parecem o português? Parecem, mas não é português, muito menos o do Brasil.
Aí começou toda a tragédia, perguntei para ela qual o português ela queria: Brasil ou Portugal e ela não sabia (aff!!!) disse que tinha amigos em Moçambique e talvez fosse melhor o português da terra de Camões - só que fui contratada para aulas de português do Brasil - daí, ela pediu para eu conversar por telefone com o amigo moçambicano que disse que a influência dos programas de tv brasileiros era muito grande por lá e todo mundo entende o sotaque brasileiro.
Assim, por responsabilidade do rapaz, a escolha foi o português do Brasil.

Ela foi simpática comigo, o marido não participou mais das aulas - ficou lá só pra não deixar a esposinha sozinha - coitadinha! eu poderia ser um monstro! - e, como bom adEvogado: me julgar.

A partir dessa aula, foram marcadas as datas para as outras, que ela mudava sempre em cima da hora e mudou a maior parte das aulas para o hospital St Mary onde ela trabalhava.

Perdi muito dinheiro com essas mudanças em cima da hora: ela teria que assinar num papel que a aula foi mudada de última hora para que eu ganhasse e para essa mulher assinar?
Caminho que fiz em Rosa

Assinou uma de má vontade e ligou pra indiana maluca que cancelou que eu recebesse o dinheiro, como se eu tivesse agido de má-fé, com meu inglês péssimo, só entendi que não iam me pagar as aulas, com argumentos delas e eu, sem poder me defender, fiquei quieta e aguentei... como pegar um overground de Dalston Juction e quando estava chegando em Richmond, ligando para a mulher dizendo que estava a caminho da casa dela para a aula, ela me diz que não estava em casa e sim no trabalho e que não ia dar pra ter a aula naquele dia...
Voltei no mesmo trem.
Eu ainda teria que descer na estação de Richmond, pegar o metrô, andaria umas 4 estações de metrô e mais uns 15 minutos a pé...

E aconteceram outras vezes... mas eu me acostumei a ligar para confirmar se ela ia estar DISPONÍVEL para as aulas antes de sair de casa ou de um compromisso anterior à aula.

Aos poucos, fui percebendo que as aulas não fluiam, eu estava de saco cheio dela, porque ela sempre se atrasava, sempre desmarcava, NUNCA fazia as lições que pedia para ela fazer...
Ela viajava muito a trabalho, numa dessas, ficou 2 semanas sem aula e voltou toda bronzeada, feliz da vida e nada de ter feito as lições extras que pedi... era difícil dar aulas se eu tinha um inglês minúsculo e se ela era uma aluna relapsa.
No final, cansadíssima e não vendo a hora de terminar aquelas 10 aulas que foram combinadas, ela também já estava de saco cheio, claro, ela deveria achar que a culpa era minha.
Sim, de alguma forma, por não falar bem o inglês a aula não tinha como ser boa, mas eu me esforçava muito e ela, não.
E quando eu ia dar aulas para ela no escritório do hospital ela ficava caçando uma sala para termos aulas e estava preocupada com reuniões que teria ou que já tivera naquele dia... ela não se concentrava e jogava todo o estress em mim.
Além de querer traduzir tudo pelo francês ou usar palavras em espanhol, que com certeza o marido insistia em colocar no vocabulário dela para "ajudá-la" a aprender...

Num desses dias, na casa dela, ela queria saber o que era "temporada" e eu disse que naquele caso era season e ela não acreditou em mim, ela abriu o laptop e foi no google procurar e não achou, porque nem saber procurar o significado de uma palavra, um dicionário on line ela não sabia - ou estava tão estressada com o trabalho que nem isso conseguia fazer.

Fiquei muito, muito, muito chateada porque eu não diria algo que não soubesse e outra: sabendo do meu inglês eu preparava as aulas e procurava todo o vocabulário da aula para fazer o melhor possível. Eu sabia da minha deficiência e tentava driblá-la.
Mas naquele dia, pra mim, não dava mais. As outras aulas ela me tratou como se eu fosse a melhor amiga dela, ela sempre me cumprimentava com beijinho no rosto e como ela havia sido tão rude comigo e parecia tão irritada pensei que ela não faria isso. Tipo, eu me esquivei, dei um oi, mas ela insistiu no cumprimento de beijo para se achar meio brasileira.
Não sei se ela percebeu meu recuo, afinal, não é estranho uma pessoa que te trata mal num dia no outro vir cheia de amor pra dar?
Para mim é estranhíssimo, nunca vi isso no Brasil, só quando a pessoa é extremamente falsa e precisa de algo de você...
Na última aula ela também desmarcou e dei graças a Deus, avisei a indiana maluca - a qual eu sempre pedia pra me mandar emails explicando tudo e não me mandava (era melhor ler do que ouvir o inaudível), e aí a aula também não me foi paga porque a mulher não quis assinar o papel, mas eu, de saco cheio deixei pra lá, não aguentava mais aquilo...
Foi um alívio não dar aulas mais para aquela médica estressada e preguiçosa.

Mas ela me ensinou algo: ela queria saber o que era "aluno" e eu disse "pãpil" e ela não entendia o que eu queria dizer e disse que era como "student" e ela "ah! PIUPOL"  ou seja, toda a minha vida de estudante de inglês no Brasil aprendi errado a pronunciar essa palavra... e confirmei com uma prima minha - acho que já contei isso - que ela também aprendeu a pronunciar pãpil, e ela não estudou nos mesmos lugares que eu...
Ou seja, professor de inglês que nunca estudo fora do Brasil e as escolas vão aceitando só por ter um nível alto só quer dizer: gente que aprendeu errado com outros e que vai se propagando por uma nação inteira de estudantes brasileiros...
A palavra se escreve pupil e nunca mais a esquecerei e o quanto sua pronúncia verdadeira é parecida com people.