sexta-feira, 28 de outubro de 2011

A Bruxa do Centro-Oeste (antes fosse só do leste...)

Bem, eu sei que todo mundo esta curioso pra conhecer a Bruxa do Centro-Oeste, entao vamos logo a ela!

Quando fui morar na Cobah de Elefante Castro (eu comentei na postagem anterior que a primeira vez que ouvi dessa forma o nome do bairro, Elephant & Castle, foi justamente falado pela iNgnorante que morou do lado da Abbey Road?). Sim, o Elefante tem sobrenome e é Castro, aquele castelinho nas costas dele nao quer dizer absolutamente nada! Ou vai ver acham que "castro" que dizer "castelo" em inglês... esse povo ilegal inteligente que mora aqui tem cada uma...

Voltando a nossa amiga: quando fui morar lá sabia que ia dividir o quarto com duas e sabia também que uma delas trabalhava nas famosas vans e que acordava beeem cedo (4:30) para trabalhar...
Tudo bem, eu sabia que teria que chegar no quarto de mansinho para não acordá-la pq ela ia dormir às 9 da noite...
Entendi tudo, para pagar menos aluguel e poder ainda sobreviver em "Landan"...
O problema e que ela ia dormir cedo, mas não ia realmente dormir: ficava no escuro pra dizer que ia dormir pra ninguém encher o saco no quarto, enquanto ela ligava pro Brasil e queria tomar conta das filhas que largou la há 6 ou 7 anos... (largou, sim! depois eu conto isso)

E acordava às 4 porque era uma GRANDISSIMA FILHA DA PUTA! Sim! Porque ela acordava às 4:30 e ficava ate quase 6 se arrumando e fazendo barulho...

Primeiro: a vaca, ops, bruxa tomava café DENTRO do quarto. Ela esquentava na cozinha, mas ficava comendo e parecia que eu estava com um novo rato roendo algo do meu lado, e toda hora fazendo barulho com a caneca de café... daí, ela esquentava a marmitinha de pães e levava pra embrulhar NO QUARTO.
No comeco eu pensei que ela embrulhava com sacola de supermercado, era esse o barulho infernal toda madrugada, depois eu e a outra roomate percebemos que era papel alumínio...
Ela escondia boa parte das coisas dela no "guarda-roupa"... então, tudo ficava lá enfurnado e de manhãzinha ela pegava o pão que esquentou e embrulhava correndo, fazendo mais barulho, pra sair, pq já tinha tomando banho, já tinha se enchido de creme pra pele de escama de cobra, já tinha passado protetor solar (pq ela nao vivia sem, devia ser vampira do mal também) e estava ficando atrasada!!!!

Fiquei várias vezes sem dormir, muitas vezes não consegui dormir de novo...
Como estava trabalhando com a Marciana limpando casas (e conto em breve) um dia eu caí de sono no ônibus e contei pra ela que não dormia mais depois que a Bruxa acordava.
(o celular tocava no vibrador que fazia falta pra ela... )
Daí Marciana disse que falaria com ela, o que não adiantou nada, porque a Bruxa simplesmente disse:
EU NÃO POSSO FAZER NADA!
Claro que ela não poderia, coitada! Tomar café na cozinha não era possível, assim como embrulhar pães pra João e Maria teria que ser no quarto...

Os pães. Como todo brasileiro morto de fome que vem pra essas bandas, ela tinha que economizar pra mandar dinheiro pro Brasil pros filhos usarem roupa e acessórios de marcas caras e falarem: minha mãe mora na Europa e manda pra mim e eu gasto todo dinheiro que a trouxa se mata pra ganhar!

Então, aí, como ela precisa economizar pras filhas, ela fazia os pães no final de semana, assava e colocava no freezer pra semana.
Ela é toda chata: sexta era dia de lavar roupa, azar o seu se deixou sua roupa no varalzinho do quarto, eu arranco tudo porque MEU dia é sexta! (mas nada é combinado)
Sábado ou domingo era dia de fechar a cozinha pra ela: fazia os pãesinhos, pães de queijo, bolo etc pra levar de marmita pra semana na van. E esqueça se você tem que fazer comida, a cozinha era dela!

Ela é assim: ela era a dona da casa.
Marciana, era um idiota, talvez porque tinha medo de falar e perder o dinheiro do aluguel, não se metia. E todo mundo só ficava muito puto...

Imagine você lavar sua roupa na quarta, só que com o heating desligado maior parte do tempo, sua roupa não seca. Daí você chega e sua roupa está numa cadeira, lá jogada e os trapos da bruxa no varal, mesmo sobrando espaço lá, sua roupa foi jogada de lado, porque era dia da bruxa lavar a roupa... Aí você fala com a Marciana e ela diz: mas é assim, mesmo, se o outro precisa pôr a roupa, vai tirar a do outro que está seca.
E eu dizendo que está molhada e ela só olhando tipo: ah, estava? mas não muito, você tem que se acostumar porque é assim mesmo!

Assim mesmo a PQP!!

As pessoas têm que ter respeito, ter um rodízio de dia de lavar a roupa e respeitar a roupa que está ali, pelo menos falar, mas como parte da minha fase gente boa eu comecei a lavar minha roupa na terça pra ver se até sexta estavam secas... isso quando lavava... ou lavava e pagava o "lauderete", levava lá pra secar...
Cheguei a ficar mais de um mês pra lavar roupa de cama... ainda mais que dormia na parte de cima da beliche... inferno!

Queria me ver puta de raiva era a Bruxa tirar minha roupa, mesmo quando ela não ia lavar a dela, ela tirava a roupa da gente do varalzinho só pra desarmar, porque ficava na porta do guarda-tralha dela. Só que eu cansei de pôr o varal em outra parte do quarto para não  ter problema com isso e a vaca ia lá e colocava do lado do guarda-lixo dela... Era de propósito! Não era possível!!!
Ela é tão controladora que ela tirava as nossas calcinhas do varal e colocava - certinho - na cama de cada uma (a minha e da outra roommate), ela sabia já de quem era cada calcinha...

Bem, já que dormir não ai ser possível, resolvi tomar rivotril pra dormir.
Tomava toda noite para poder dormir e não escutar a Bruxa e seus engasgos.
Além do meu QUERIDO colchão de faquir! (outra história)

Então era assim: dormir só com rivotril, fazer comida no final de semana nem pensar! E à noite, coitado de você que queria também, porque ela fazia comida TODO DIA, ela não comia comida requentada! Só pão...
Não lave roupa perto da sexta-feira porque é o dia da Bruxa.

...e o mais lindo de tudo: antes de dormir e antes de sair pra trabalhar, a bruxa lia a Bíblia!
Era uma coisa tãaaaaaaao reconfortante ver uma pessoa fudendo com você e por se achar a certa e temente a Deus ler a Bíblia!
Eu via que ela aprendia taaaaaanto! Cheguei a ver se era escrita em português e era sim, mas nem na língua mãe da Bruxa ela entendia uma palavra do que estava ali...
Era só ler pra dizer: sou religiosa! leio a Bíblia e vou na missa todo domingo! (outra história) E faço um inferno a vida dessas cidadãs europeias! (eu e a roommate do bem temos passaporte português o que todo ilegal ODEIA! finge que não, mas te odeiam - outra história rs)

Bem, acho que esse é um bom resumo da Bruxa... ela aparecerá muito mais por aqui.
Mas antes de terminar, só uma palavra que ela inventou: INDOCUMETADO -  é uma espécie de eufemismo para ilegal. Ela não dizia que era ilegal, era indocumentada, assim como boa parte dos "conhecidos" dela, ela sempre chamava o povo de conhecido...
Daí, eu por graça ou pra ficar mais fácil abreviei para "indoc", também fica mais english...
Quando eu falar em indoc já saberão do que eu falo...e muitas vezes será diretamente relacionado com a Bruxa... por que será?

domingo, 9 de outubro de 2011

Mês de Janeiro, Londres, Zona Centro Sul (Parafrasendo os Racionais)

Pessoal da feira: Vamô chegando!
Já diriam os Racionais... mais um pouquinho...

Sim, é verdade... eu morava numa Cohab e sim, tinha um feira na rua do lado, a East Street onde, curiosamente nasceu Charles Chaplin. E esse mesmo lugar se tornou um rua com uma feira numa parte e várias "cohabs" por sua extensão até a outra ponta, que era melhor do que a ponta onde eu morava, caminho para Canberwell Green.

Ah! Toda feira, ou market em rua é assim aqui: a rua todo dia é tomada pelos feirantes, só segunda a rua é livre... bonito, né? uma maravilha morar em rua de feira, ainda mais aqui, 6 dias por semana...

Final de dezembro, como eu havia contado, fui morar há dois pontos de ônibus da estação de Elephant & Castle. Uma região boa por ser muito perto do centro de Londres, em 10 minutos de ônibus você está no Big Ben e mais um pouco na Trafalgar Square. A localização é excelente, mas o lugar onde morava, horrível!
Não é que eu tenha preconceito da Cohab, morava no meio de várias em Sampa, a questão é que o negócio por lá era realmente feio e eu contarei porquê, calma!

Fui morar lá por não ter mais nenhuma aula particular pra me sustentar, estava realmente com a corda no pescoço quando perguntei para a Marciana se as outras meninas do quarto que ela tinha me oferecido e eu não quis - relembre as postagens... - aceitariam uma terceira no quarto.
De 65, elas e eu, pagaríamos 50 libras, seria bom pra todas.

Quando não aceitei, veio uma outra menina para o quarto, a qual pertencia a mesma igreja de Marciana, mas mudou-se porque o emprego dela era na zona norte de Londres, ficava longe...
Mas eu acredito que era porque ela não estava aceitando bem ou o controle de Marciana ou ficou de saco cheio da roommate, que agora vocês irão conhecer: a Bruxa do Centro-Oeste!!!!

Uma observação sobre essa garota: era uma ignorante imbecil!
Sim!
Ela tinha vindo com visto de turista pra cá (novidade!!!) para trabalhar de babá para uma prima que era casada com um cara de dinheiro (morava na região de Maida Vale, St John's Wood, algo como morar em Moema ou Itaim Bibi em Sampa) e precisava de uma babá, chamou a prima que virou escrava. E isso é muuuuito comum aqui: ela  ficava com a criança todas as horas do dia e da noite e ganhava uma miséria, porque morava com a "família" e estudar, não conseguia porque tinha uma criança pra cuidar.
A menina resolveu pedir ajuda para o pessoal da igreja que arrumou a casa da marciana e estava vendo um novo emprego pra ela.
Região em questão  é onde fica duas ruasfamosas no mundo da música: Warwick Avenue e Abbey Road.
Quando a imbecil me disse que morava perto da Abbey Road eu fiquei surpresa e falei de ser a rua dos... e ela já me cortou e disse:

É aquela rua mesmo que aqueles imbecis ficam tirando foto na rua e pichando o muro, bando de babacas! Nem sabem que ficam lá tirando foto (sic) e depois pintam aquele muro toda a semana! Bando de gente idiota! O que escreveram já era!

Quando passávamos pela rua e aparecia alguém vestido de algum jeito mais diferente ou as inglesas andando de bicicleta de saia (sim, elas fazem isso) ela ficava: olha que ridículo!
E eu só pensando: e você com esse seu cabelo destruído que nunca corta, com cara de ter mais de 40 e é mais nova que eu, com roupa de velha, parece o que, hein?
Daí ela estava preocupada porque precisava do dinheiro pra residência e o Insurance Number (lembram dele?) e que iria custar 100 libras...
E eu, muito da ingênua perguntei (e eu acho que já citei essa situação por aqui):
Tudo isso? Mas por quê?
E ela: é falso!
Mais um ilegal nessa Londres... e quem era mesmo o imbecil?
E aí ela falou que precisava fumar, disse pra eu não contar pra Marciana, mas era a única coisa que ela ainda não tinha conseguido se livrar e que o povo da igreja não poderia saber.
É claro que disse que não falaria e não falei, não era problema meu. Mas aí a ingênua era ela se achava que não Marciana não ia perceber o cheiro de cigarro... qualquer um que não fuma sente fácil o cheiro...

Eu conheci essa garota, Marciana me apresentou a ela para procurarmos emprego juntas, daí os diálogos acima. Fomos procurar um pub de brasileiros e poloneses em Victoria Station, centrão londrino, algo como trabalhar na região da Sé e República em Sampa.
Na casa, além de Marciana, a Landlady, essa garota e a Bruxa, também havia um terceiro quarto de um casal polonês. O polonês em questão falou sobre esse emprego para Marciana que nos avisou, as indicações do emprego?
Facílimas!
O pub - ou 'pumb' como diria Marciana, sim, ela dizia e deve dizer se ninguém a corrigiu "pâmbi" - ficava na saída da estação de Victoria, perto de um mercado Sansbury's e da Orange (mobiles).
Muuuuuito fácil!
Qual saída da estação de Victoria? Deve ter pelo menos 4, qual Sansbury's ? Havia 2 e não achamos nenhuma loja da Orange nesse lugar... andamos como camelas pela região e nada de pub de brasileiros e poloneses...
Nada!
Para depois a Marciana dizer que o pub era "orange" e não perto de uma Orange, e disse com uma cara de desconfiada, achando que não achamos porque não quisemos... uma das maiores irritações do tempo que morei com Marciana era isso: sempre, mas SEMPRE ela desconfiava da gente...

Bem, a menina foi, e veio outra, a Roommate do Bem, como comecei a chamá-la quando falei dela no Twitter, até pensei em ser Rutinha, porque a outra era a Raquel...

Com a Room do Bem e a Bruxa do 21 (nosso flat) eu fui dividir minha vida.
Marciana era de Marte, mas não era boba: o quarto dela, era só dela.

Então era assim começou meu ano de 2011 em Londres: um apErtamento caindo aos pedaços literalmente (em breve fotos, vão se preparando psicologicamente...), 3 quartos com: 1 marciana, 3 estranhas e 1 casal polonês; uma cozinha minúsculas com janelas que não abriam, só a parte de cima e a fumaça da comida impregnava por todos os (in)comôdos e nos casacos de quem deixava no lugar perto da porta, um banheiro só com o "toilet' e outro com  pia e a maldita banheira (é costume aqui nas casas divididas por muitos a privada ser separada da banheira, para não haver muitos problemas, só o problema de não ter pia e a pessoa sair do vaso e ir lavar a mão na pia da cozinha... claro, quando lava a mão ou quando resolve escovar os dentes na pia da cozinha). Ah, nos banheiros também só se abria as janelinhas finais e muitas vezes, Marciana e Bruxa sentiam frio e fechavam até a janelinha única do toilet, o que eu acho uma grande ignorância, afinal, banheiro tem que ficar com janela aberta até quando o inverno está tenebroso, porque... nem preciso dizer... ou preciso?

Os apelidos logo vocês entenderão...

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Sal Grosso!

Como disse uma amiga minha, quando voltar ao Brasil precisarei tomar um banho de sal grosso, porque só assombração me aparece...

Há um tempo eu devo ter comentado aqui sobre não ter respondido ao recado de uma pessoa que conhecia de algum tempo na internet.
Cheguei aqui e tive dificuldades no começo com a internet, lembrem que a Collorida me cortou o acesso ao invés de dizer: pague mais dez libras pra ter internet, mas preferiu mentir descaradamente dizendo que os cabos haviam sido roubados, sim, da internet hi-fi...

Também respondia muita coisa correndo e demorei meses para responder alguns emails...

O que percebo agora que não é diferente do que falo dos outros brasileiros aqui: se reclamo de eles nunca terem tempo para nada, que a vida de trabalho e problemas pra resolver consome, consome a mim também e deveria entender que aqui não é lugar mesmo pra fazer muitas amizades logo de cara...

Bem, com a demora de uma resposta para essa pessoa, recebi, DOIS dias depois a seguinte mensagem via direct message do Twitter:



Achei a coisa mais BOPE do mundo: primeiro atira, depois pergunta. Devo ter desabafado aqui e bloqueei a pessoa. Afinal, estava aqui há 2 meses, cheia de problemas de mudança de casa, de ter saída da casa do terror, sem trabalho, dinheiro acabando e vem alguém do nada, porque não respondi um recado do tipo "tenho novidades!", dizer que sou metida a besta SÓ porque estou em Londres...

Odeio esse tipo de coisa, é como minhas tias que citei antes, fazem o mesmo: primeiro eu te julgo e dou veredicto, saber o que é e o que não é, não é da minha alçada (só pra ficar tudo no mundo jurídico, a pessoa pertence a ele...).

Quase um ano depois e me aparece a pessoa com essa:


Bem, eu sou malcriada além de metida a besta, ok!

E eu queria muuuuito entender porque alguém que sabe que foi bloqueada (por que será?) me acha metida a besta e malcriada ainda quer falar comigo e, pelo jeito, me encontrar!!!!
Sim, eu preciso de um banho de sal grosso pra ver se todo esse povo me deixa em paz!

Será que a metida a besta e malcriada faz falta de alguma forma? Será que a minha amizade era importante?
Bem, se era, não tem volta: ou as pessoas primeiro perguntam pra poder entender os meus motivos ou, por favor, me deixem em paz e esqueçam que eu existo!
Não dá pra darem o veredicto de culpada sem um julgamento digno.
O dia que me julgarem de modo digno, podem vir falar comigo, se eu for culpada, eu aceiterei, porque se eu quero que sejam justos comigo, preciso ser justa com os outros.
Então, quando forem justos comigo, acatarei a sentença.


Desculpem amigos que aparecem aí acima, se quiserem eu apago todos.