sábado, 26 de maio de 2012

Mãe é quem cria, não quem manda dinheiro...

Sempre comento sobre Marciana e Bruxa do Centro-Oeste criarem a família no Brasil, mas nunca dei maiores detalhes, hoje é o dia!

Como uma maioria de mães ilegais, elas trabalham na faxina de casas, não se precisa de passaporte ou insurance number, é só comprar as casas de alguma brasileira que esteja vendendo - nos últimos tempos, muitas estavam voltando para o Brasil e começar a limpar, desde que a família goste de você, caso contrário, você perderá seu dinheiro... (aconteceu comigo no caso botocada).

Bruxa do Centro-Oeste, como já comentei, morava há alguns meses a mais que eu em Londres, eu cheguei em agosto e ela em junho ou algo assim. Fugiu da crise espanhola, assim como já tinha fugido da crise portuguesa, onde chegou primeiro e morou pouco, segundo contou.
O engraçado é que se ela tivesse sido esperta e não entrado ilegal na Espanha, teria já o direito a ser residente. Ou seja, fez burrada por não ter permanecido por lá por 3 anos de forma legal, mas como ela tinha entrado e ficado em Portugal, ilegamente, só poderia ir pra Espanha da mesma forma e acabou perdendo essa boquinha que não sei se com a crise do jeito que está a Espanha ainda mantém: 3 anos na Espanha e você se torna residente e com direito a quase ser um cidadão, ou pelo menos andar pela Europa na boa.

Ela chegou e foi trabalhar nas vans, quando me acordava às 4:30 da manhã para sair de casa quase 7. Isso você já sabem, depois ela juntou dinheiro e comprou casas. Assim como Marciana que trabalhou um período para a mesma empresa de limpeza que eu - e mostrava feliz pra mim o aventalzinho "tia do jardim" (aqueles que são fechados com botões dos lados e tem um bolso canguru na frente) como se ter trabalhado na mesma empresa de limpeza que eu era como ter trabalhado na Microsoft...
E depois começou a comprar casas para limpar e só reclamava das patroas porcas.

Bruxa dizia que tinha comprado casa pra mãe no Brasil, junto com a irmã que morava em outro estado, e as filhas dela moravam com a mãe, junto com a sobrinha que ela "bullyingnava" todo dia no telefone.
Já Marciana sonhava com seu apartamento mobiliado e carro na garagem  - algo como prêmio do bau da felicidade! E aparentemente ainda não tinha conseguido comprar nem apê em CDHU, o que seria barato, mas para a arrogância dela, não era bom o suficiente.

Com a crise e cada vez menos casas para se limpar e menos donas de casa pagando bem para isso, o trabalho delas ia ficando mais difícil, afinal, elas sustentavam a família no Brasil.

Marciana quando foi morar em Londres levou junto o filho mais novo, na época com 9 para 10 anos. Seu primeiro plano foi morar com a irmã, que tinha os filhos criados na Inglaterra (foi ilegal, separou do marido  brasileiro e casou com um norte-irlandês, virou residente e reclamava que o marido transava, virava pro lado e continuava a ler o livro... quem escolheu isso? eu?).
Pelo que entendi, ela e a irmã brigaram, o motivo não sei, mas sabendo que brasileiros que se estabelecem em Londres não ajudam ninguém... acho que não abrem mão nem pra irmã... fora que ela teria que ter no mesmo teto uma ilegal com o filho menor de idade - o que é um problemão!

Marciana teve que se virar e procurar outro lugar pra morar e procurar emprego com um filho pequeno. Não sem deixar uma filha noiva e outra com 15 anos em Sampa. 
A filha noiva,ela deixou na casa dela, que ficava no quintal das cunhadas. A menina não aguentou a pressão e foi morar com o noivo - o que Marciana teve que engolir (a religião dela não permite, mas, segundo Woman from Mars, permite que largue os filhos assim e que se virem).
Já a adolescente ficou mal, depressão.
E assim que ela teve um novo teto, mandou buscar a filha adolescente, que chegou em pleno inverno em Londres: muito frio e os dias se acabando às 3:30 da tarde. Não sem antes ter que fazer sozinha a escala em Paris, pra ser mais fácil pra entrar por aeroporto pequeno.

A menina só foi de mal a pior até onde sei: a depressão de se sentir abandonada virou, segundo os médicos ingleses, esquizofrenia, afinal, ela chegou numa época muito ruim para quem já não está bem e já chegou para ajudar na faxina da mãe, enquanto o irmão tinha de tudo.

Marciana contava a história com tristeza, pois a mãe dela teve que vir buscar a menina para viver novamente no Brasil sob os cuidados da avó que nem internet deixa que ela use, e aí ela usa na lan house. E que não voltou mais a estudar enquanto o irmão estava em escolas inglesas.
Marciana falava todos os dias com a mãe e a filha, mas sempre cobrando a menina para que fizesse curso de cabeleireira e voltasse para ganhar dinheiro e a ajudasse em Londres também com as casas.
E sempre dizia "a marcianinha é rápida, é ágil! vai me ajudar a juntar dinheiro aqui" o que ela não tinha conseguido fazer em 6 anos.
Primeiro porque tinha exatamente essas despesas médicas com a filha no Brasil e o casamento da outra que ela pagou tudo, se sentiu culpada de ir pra Londres faltando meses para a filha casar, filha que sempre falavam no telefone parecia jogar na cara que a mãe não estava em seu casamento e que a deixou sozinha com as tias que queriam pegar a casa pra elas.

O filho viveu um pouco mais de 5 anos com ela em Londres, tinha uma vida de inglesinho: blackberry, playstation com acessórios, como a cadeira entre outras coisas, mas ele reclamava - segundo Marciana - que aquilo não era vida.
Bem, se você pensar que você viveu dos seus 9 anos aos quase 15 em várias casas dividindo quarto com sua mãe e estranhos, sem nenhuma privacidade, sem saber mais o que é uma casa e uma família. Bem, você também diria o mesmo, talvez...

Ele quis porque quis voltar pro Brasil e ela com medo que mais um ficasse doente, deixou. Gastou mais um bom dinheiro porque ele só tinha ido de férias ao Brasil, voltou e decidiu voltar novamente e ela teve que pagar a passagem do pai dela para acompanhar o filho de volta ao Brasil.
O ex-marido de Marciana, segundo consta, a traía com todas, não saía do boteco e faliu uma pequena empresa que tinham juntos e quando ela dizia que se separaria dele, ele pegava a Bíblia, colocava debaixo do braço e encontrava novamente Jesus, numa dessas, ela se separou realmente dele e foi pra Londres.
Isso tudo é o que ela contava, não cheguei a conhecer nenhum dos filhos ou parentes dela, tudo são relatos da própria.

O menino voltou ao Brasil e foi morar com uma irmã casada de Marciana, ele que não era bobo de morar com os avós que botavam restrição até pra TV, a irmã que já estava acostumada que aguentasse...

Daí era todo dia as ligações para saber dos filhos. E que não tinha como não se ouvir porque ela ligava do quarto dela, que ela deixava que nós usássemos como sala.
Eu nunca telefonava da casa, só se fosse muito urgente. Nunca, preferia o transporte público ou uma praça perto do trabalho.

O filho queria voltar pra Londres: caiu a ficha dele que ele tinha vida de rei e que no Brasil o pai lhe dava 20 reais que não davam pro Mc do fim de semana...
Ficava a infernizando no telefone porque queria os jogos novos e que no Brasil tudo era muito caro!
Quebrou coisas do ps3 e queria que a mãe mandasse, detonou com o Blackberry e queria um novo, queria roupas de marca que usava em Londres para se exibir pros amigos da nova escola - particular porque a Marciana disse que "Deus me livre meu filho na escola pública no Brasil!". 
Sim, ela tinha gastos com a escola particular (o mais engraçado é que era uma escola católica mesmo eles sendo protestantes, mas achavam que isso iria 'resguardar' o pivete) além da mensalidade, o curso era todo apostilado e tudo que você sabe o que tem que pagar na escola particular, além do luxo de se exibir com tênis e roupas de esporte da Lonslade (super barata) e da GAP (a C&A inglesa... 10 libras e vc compra qualquer camiseta...) para os amiguinhos brasileiros tão fúteis e mimados quanto ele.
Ele sempre dizia pra mãe: NÃO VOLTA! AQUI É HORRÍVEL!
Isso quer dizer: se mata de trabalhar aí e paga meus luxos!

Quando não tinha essa discussão com ele, discustia com a do meio, a que tem problemas de depressão e já estava com 20 e não terminou o segundo grau.
Algumas conversas eram realmente dignos de Marciana!
A filha se tratava com psicólogo e ela perguntava pra filha: 
Foi no psicólogo hoje? E o que vocês conversaram? Do que vocês falaram hoje, oras! Eu quero saber!

 Isso deve ajudar muito em qualquer tratamento... Uma mãe bem participativa!

Ou discutiam sempre por causa de dinheiro que ela sempre dizia que mandava - e mandava toda a semana - e reclamava que os filhos queriam sempre mais. Um dia me disse que gastava quase 3 mil reais por mês com os filhos no Brasil... bem, difícil querer ainda comprar casa no Brasil, com mobilía e um carro "bom" como ela dizia...

 A filha mais velha já casada sofria poque não conseguia engravidar e reclamava da falta da mãe, dizia que deveria ser porque a mãe nunca estava com ela que ela não conseguia engravidar e ainda tinha que ouvir da mãe:
Vi suas fotos com seu marido no orkut! Como é que você, fulana, tira fotos fumando narguile? Você sabe o mal que qualquer uma dessas coisas faz? Vocês tem que ir com sua avó na igreja!

Ou pra irmã que cuidava do filho mais novo:
Ele vai ter prova de espanhol? Mas espanhol é fácil! é igual português! Vai ter prova de biologia? Faz um questionário pra ele estudar e você toma dele!

A irmã, além de aturá-lo em casa, ainda tinha que fazer ele estudar do jeito Marciano...
E as conversas se estendiam assim por horas... ela ligava várias vezes à noite e sempre brigando, reclamando que os filhos tinham que fazer o que ela mandava, ela era a mãe, a que mandava o dinheiro!

Com a Bruxa sucedia algo parecido.
Ela ainda saiu casada do Brasil e deixou as filhas por conta da mãe, o marido ficava com elas, mas quando a Bruxa, voltou ao Brasil, 6 anos depois, antes de ir morar em Londres. Fez a separação e o marido assinou que a guarda da mais nova ficaria com a mãe dela.
A mais velha já era maior de idade, fazia faculdade de publicidade lá no centro-oeste e sempre reclamava que não havia estágio nem emprego e que ela queria um emprego de meio período, não integral, porque ela estava de manhã e não queria estudar à noite... coitada! sofria! porque no Brasil não tem emprego pra ninguém que país horrível! (palavras da Bruxa)

Ela me lembrava a personagem da novela das 7, quando voltei e vi a personagem Grace Kelly na novela das 7 do Falabella, achei igual!

A menina queria tudo da mãe: você me largou aqui? agora vai me dar tudo que eu quero!
E tinham altas discussões porque ela queria, apenas, óculos de sol Dolce & Gabbana (o que mesmo em Londres é caro, é uma marca porsh não é pra qualquer um!) e depois ela vinha desesperada pra gente perguntar se sabíamos se nas promoções tinham óculos D&G... porque a filha queria porque queria... coitada, como a filha sofria por ela não mandar pra ela um d&g entre outras coisas que ela precisava mostrar pras amigas de faculdade.
A filha mais nova ela lutou pra ter a guarda, quer dizer, pra mãe dela ter a guarda porque quando ela foi tentar um "futuro melhor" no estrangeiro a menina só tinha 5 anos e também entrou em depressão. 
Fico imaginando como deve ser para uma menina de 5 anos esperar a mãe que leva 6 anos pra visitá-la...
Ela dizia que nunca ia deixar a filha com a família do marido - família que ela viu que a menina preferia, segundo contava a menina adorava ficar com a avó paterna e ela odiava isso!
Bem, a menina tinha que se identificar com alguém... e Bruxa sempre brigava com a mãe porque tinha deixado a menina ir pra casa da outra avó... bem, você faz o quê do outro lado do Atlântico? Só manda e todos têm que obedecer? 
Só porque pagava escola particular, kumon, inglês etc etc não parecia dar muito jeito das filhas gostaram da mãe, como ela queria.

Ah! A sobrinha que morava com as filhas dela - porque fazia faculdade tb na belissima cidade capital do centro-oeste lindo que ninguém quer morar lá - ela cansava de chamá-la de gorda e outras coisas, tirava o sarro da menina, talvez porque a menina devia ser a única que aturava a conversa dela, diferente das filhas que mal falavam no telefone com ela.

Isso era bem comum: elas queriam falar com as filhas, tentavam e tentavam estabelecer uma conversa e os filhos nem aí... a Marciana era a que mais reclamava: você só diz anh? sou sua mãe! você tá me ouvindo? fala comigo!

Eu também presenciei isso em ônibus, como sempre digo: brasileiro não se toca que Londres está infestada deles e sempre vai ter um ouvindo sua conversa.
Lembro de uma que queria que o bolo do filho no Brasil fosse do jeito, da cor e do SABOR!!! que ela queria... ela já tinha escolhido tudo, só não ia estar lá, né?
Pra ela, deveria parecer porque está mandando, coordenando tudo, é o mesmo que estar lá, mas não é! De jeito nenhum! Por mais que elas adorem se enganar. 

Por tudo que vi, digo que elas não têm filhos, elas os perderam. Pra eles são só umas fulanas que mandam dinheiro e coisas de marca. Nunca estão presentes em festas, doenças ou qualquer outra coisa, elas nunca estão nas fotos... elas só mandam o dinheiro que se vai e não deixa rastro, lembrança nem nada.

Como dizia a Bruxa: eu sou ambiciosa e enquanto o bichinho da ambição estiver comigo eu não sossego!
E quando o bicho da ambição sossegar, sua filha vai falar o quê pra você se nem te chama mais de mãe e sim pelo nome? (a mais nova fazia isso)

Fico triste por elas, porque, por uma ambição, uma ganância um não querer se humilhar ou mesmo ser humilde de trabalhar em trabalhos "menores" no Brasil, preferem mentir e dizer que trabalham bem na Europa e que isso vai fazer que filhos a entendam...
Não, eles não entendem, raras excessões, porque o que eles queriam era uma mãe ao lado. 
E elas perderam a melhor fase da vida deles só para não lavarem chão no Brasil e sim em Londres e outros lugares da Europa.
Quando a ficha cair que o tempo não volta, a ambição não vai ter mais sentido nenhum...