sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

O Império do Fado - parte 1, do começo

Já citei várias vezes aqui e citei muito no meu twitter sobre o Império do Fado, mas ainda não contei sobre lá... 
Let's go! 
 
Estava eu desesperada para arrumar um emprego (janeiro 2010), procurava no JobCentre, ligava pra ex-alunos de português e fiquei fazendo algumas faxinas, como já leram. 
E ai minha roommate tinha uma lista de lugares que poderiam contratar, uma lista de agências e empresas de limpeza e serviços. 
Liguei para todas, algumas o número já havia mudado, outras não tinham nada ou ficaram de me ligar e eis que em uma o cara me disse: venha amanhã e traga seu c.v. 
Fui. 
Do lado da Victoria Station, mas eu ainda errei o caminho e me apavorei porque estava atrasada e nem tive problemas com isso, o cara que disse para eu ir até lá não estava e um português pediu pra eu falar com um outro português. 
Tudo bem até aí, o que me atenderia era do leste europeu e eu não vou lembrar de onde... O português, vamos chamá-lo de Extreme (mesmo nome do vocalista portuga da banda), falou que sim, tinham vagas e precisavam urgente de alguém para um prédio ali perto, só que como estávamos numa quinta e sexta seria fechamento do pagamento. 
Então, comecei na segunda. 

Os pagamentos, na maior parte dos lugares ou é feita semanalmente ou quinzenal, alguns lugares preferem quatro semanas trabalhadas, não se conta mês e sim as semanas trabalhadas. 

Teria que trabalhar das 5:30 às 8:30 da noite, limpando escritórios da TfL (Transport for London) eles têm vários prédios e a minha vaga era no prédio da Saint James Station, em frente à New Scotlan Yard. O que era bem fácil pra mim, tinha um busão que me deixava do lado do trabalho. 

Quando cheguei, dei de caras com um mundo de portugueses, o prédio é dominado pela Ilha da Madeira principalmente, Minha supervisora, que deveria me ensinar o trabalho também era portuga. 
No primeiro dia, disse o que eu deveria fazer e o outro supervisor que tinha o mesmo nome de um falecido tio meu me explicou o que deveria ser feito. 
Ela me disse que se eu não entendesse muito bem tudo, durante aquela semana, colocaria uma pessoa pra me treinar. Tudo bem. Então, na terça ela já pediu pra outra portuguesa me ensinar o trabalho. 
Aí começa o problema... 
No primeiro dia ela, como dizem, mostrou os dentes como se fosse uma pessoa decente, no segundo dia, mostrou as garras, mostrou que pertencia ao lado sombrio da força e que ela não era Anakina e sim... 

 Darth Vedrina (o nome dela terminava em drina mesmo... feminino de Alexandre... daí precisa emendar um nome do mal, né?) 

No segundo dia e no resto da semana ela pediu para que uma outra amiga dela me ensinasse, só que o ensinasse era apenas organizar meu tempo entre todas as tarefas, o que eu ainda não tinha noção pra fazer. Era uma andar todo pra mim, menos os banheiros, eu tinha que limpar quatro alas. 
Uma ala por dia era a limpeza mais pesada e nos outros eu só teria q passar pra verificar o que tinha pra fazer de urgente durante a semana e na sexta fazer uma checagem geral. 

O que se fazia em cada ala: tirar pó das mesas e cadeiras, limpar com mop as pernas das mesas e cadeiras (e isso eu fazia quase nunca porque não dava tempo), passar aspirador na ala toda, limpar todos os dias a copa do andar e outra pia que ficava na parte de serviço, passar o pano (ou "mopar") as cozinhas (copa e esse lugar com outra pia), limpar armários e portas e limpar portas de vidro de todas as alas por causa das malditas marcas de mãos nos vidros. SÓ isso em 3 horas. 
Mas, claro, eu poderia descer 8:20 para me trocar! 

A rapariga que era pra me ajudar, me pôs pra ajudá-la a limpar o andar dela também - não tinha alguém pra substituí-la, então, tínhamos dois andares pra fazer e correndo como louca! 
A gorducha que me ensinava não teve a coragem me dizer o nome e nem de me perguntar o dela... Só para vocês terem ideia da simpatia... na verdade, ela não era uma pessoa ruim, mas vai ser antissocial assim lá na Casa do Cara***, opa! 

Até que eu disse o meu nome e perguntei o dela, lá pra quinta-feira... era mais um Maria entre 500 que tinham lá com um segundo nome pra diferenciar uma da outra. 
Apesar de conhecer a fama boca suja dos portugueses e ter um exemplo em casa, minhas tias nunca foram assim, mas as portugas por lá eram, e muito: adoravam um cara*** na boca, cara*** era a palavra mais usada por elAs, sim, elAs... Freud faria um belo trabalho ali... 

Afinal, as portuguesas por lá tem fama de odiarem brasileiras. Muitos dizem que é porque as brasileiras roubam os maridos e que tais delas, mas eu digo: do jeito que são bocas sujas, mal humoradas e carrancudas, só era pra eles preferirem a gente... 

Que homem vai gostar de mulher que só resmunga e, eu acredito piamente, ficam com cara de c* na hora H e devem dizer pra eles: já terminou? 
Porque nunca vi tanta carranca na minha vida... bando de mulher mal comida! (também, com aquele jeito doce delas fica difícil fazer bem feito rs) 

Já a Vedrina eu falava diferente: ela f*dia todo dia comigo porque ninguém queria f*der com ela... 

Não dizia pros amigos de pátria, não era doida! mas comentava sempre fora dali. Até onde podia perceber era mais uma solteira com mais de quarenta e a minha teoria era que nem mal comida era, era não comida, e não duvido que tinha perdido noivo ou qualquer outra coisa pra uma brasileira que só de dar oi com um sorriso já faz os portugas fiquem todos alegres! 
 Sim, porque eu não me interessava por eles, mas nunca deixei de ser simpática e todos conversarem simpaticamente comigo, os homens. E acho que se percebe muito facilmente a diferença, não? 

Voltando à Maria das Couves, ela me estressava! Ela me fazia correr e me ameaçar de alguma forma, e já falava mal da Darthvedrina - para ver se eu já falaria mal dela, ehehehe ela pensa que brasileira é burra... - ameaçava eu quero dizer: a Darth vem aí, ela vai olhar, ela vai ver que estamos atrasadas! E o meu andar era imundo! 
Totalmente imuuuuuuundooooooooooooooo! 

Eu não parava de limpar um minuto e a outra me falando que Darthvedrina viria e passaria um papel pra mostrar onde estaria sujo e brigaria comigo... e eu correndo pra terminar até 8:30... Corria como uma louca, não me lembro de ter suado tanto assim e ficado tão atordoada e sempre era a última a chegar pra me arrumar e ir embora... e claro, como Darthvedrina era uma pessoa do bem, ela fazia todos esperarem por mim pra poderem ir embora. 
Todos eram obrigados a esperar a vontade dela pra ir embora, esperar o Let's go. com sotaque luso. Porque havia algumas lituanas, duas russas também lá  nave Serra da Estrela da Morte. 

Acho que foi no segundo dia que realmente Darthvedrina veio com o papel com poeira. 
Ela veio, me parou e mostrou o papel. Eu não sabia que ela fazia isso ainda e apenas olhei pensando que o papel tinha caído em algum lugar... alguém tinha largado e eu não tinha visto, nem reparei se realmente estava sujo ou não. 
E quando eu disse que não tinha visto nenhum papel caído, ela me olhou impaciente e gritou falando que era a sujeira que ela havia achado no andar, que eu precisava ser mais ágil que assim não daria pra eu ficar se não pegasse o jeito. 
No outro dia, ela trouxe o Extreme, o coordenador do lugar, para olhar meu trabalho e ele também veio me dizer o que estava fazendo errado. 

Era tudo pressão em cima de mim que precisa urgentemente daquele emprego. 
No último dia da primeira semana, depois de tanto estresse, correia e preocupações, Maria das Couves acabou, acredito que sem querer, dizendo que aquele andar não era limpo há meses, porque não tinha ninguém para limpar. 
Ou seja: o andar estava imundo que não dava pra ficar limpo em uma semana em 3 horas por dia. Eu havia me matado porque Darthvedrina me chamava praticamente de incompetente por uma sujeira que eu não tinha como dar conta de limpar naquele curto espaço de tempo. 
Quando ouvi aquilo, no final do expediente fiquei tão revoltada, tão cansada e me perguntava que pqp eu estava fazendo em Londres... 
Revolta, desânimo e cansaço, mas tinha que continuar se quisesse fazer o que pretendia. 

Vontade de matar a Darthvedrina não me faltava, mas eu sabia só de uma coisa: ela fazia aquilo comigo porque era muito ruim, tão ruim que era uma pessoa infeliz e eu não seria nenhum pouco como ela. Tanto que a tratava bem sempre, só pra deixá-la com raiva, por dentro ela deveria ficar...

Sabem quando o capitão gancho ouve o som do jacaré atrás dele e se apavora? 
Eu me apavorava só de ouvir o toque do celular da capacete com voz de rouquidão: Take That, era o comecinho dessa...  era o maior sucesso na época...

Mulher com mais de 40, solteira, carrancuda, fã de Take That... é pra se pôr na camisa de força! principalmente se for portuguesa emigrada na Inglaterra...

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Changes (Turn and face the strange)

Uma das coisas que tenho percebido é que eu ando mais antissocial do que era.

Bem, acho que sim...

Como passei por muitas aporrinhações na minha solidão londrina, acho que acabei por me acostumar a ser sozinha e ando meio de saco cheio de gente... é muito estranho... mas parece que eu não tenho vontade de nada que tenha o tema "gente" no meio.

Já fui convidada para festas e não fui, só de pensar em estar no meio de um monte de gente eu já me sinto sufocada. E muitas vezes já me cansa só de pensar em festa... (a depressão parece estar me dando um oi)

Claro que também não tenho nenhum tostão, vocês sabem e saberão como tive uma vida de privações das brabas...

Outra coisa, parece que tudo que fazia sentido antes não faz mais agora...
Por exemplo, eu fazia depilação com a mesma mulher aqui em Sampa há muitos anos, fui até lá, fiz e não pretendo voltar lá!Só porque eu achei que ela não deu a mínima para conversar comigo e ficou só falando do caso do BigBosta...Vai ver eu ando carente demais que queria a atenção de todos... não sei... eu tenho atenção das pessoas, mas sei lá o que deu... saco cheio...
E outra: meus pelos estão todos encravados, coisa que nunca aconteceu comigo. Um ou outro é normal, mas agora foi demais! Talvez eu tenha me acostumado com o método de lá e minhas pernas se adaptaram e agora voltou ao antigo método e o calor...

Mas a questão é que parece que muita coisa que fazia antes, com pessoas que conhecia antes não fazem o menor sentido pra mim.

Não estou falando de TODOS os amigos, mas algumas pessoas, ao menor sinal de que não estou agradando, eu não pretendo me prender...

Eu já andei comentando, antes de sair de Londres que me acostumei a ficar sozinha e isso pra mim tem sido bom, porque não vou mais ficar chorando pelas pessoas, você tem a certeza de que é sozinha e sempre será sozinha: live together die alone! Já diria o doutor Jack Shepard...

E depois de um acontecimento ontem, tive mais certeza de que não me prendo a ninguém...
Uma amiga não entendeu o texto sarcástico que compartilhei no facebook e começou a me dizer sobre "se você fosse mãe não postava isso porque isso é exu" disse algo assim...

E, quem acompanha esse blog desde o começo sabe o que esse "como você não é mãe" já me fez sofrer duramente. Então, mais um pouco, e realmente, é menos uma amizade que preferiu ficar falando da sua nova ordem no mundo e agora "mulher de bem" do que entender que havia um "SARCASMO" escrito em letras garrafais. Afinal, essa pessoa deveria entender porque era uma foto da nossa antiga faculdade, e que ela deveria ser a primeira pessoa a lembrar como as coisas funcionam lá e conhecer muito bem esse sarcamos pra ficar dando uma de "mulher de bem"... e não se tocou da frase acima...o pior é que eu escrevi na postagem respondendo a tal amiga: realmente, fulana, eu não sei como é ser mãe e talvez nunca saiba porque há 95% de chance de eu não saber...
E nada! E a pessoa não entendeu o que eu quis dizer! Continuou na história de mãe de bem...

Não fico chateada mais por não ser mãe, não estar casada. A verdade é que eu nem me enxergo mais assim. Não consigo me ver desse jeito, nessa vida de filhos e marido... parece que não se encaixa comigo mais... acho que as coisas tem prazo pra acontecer e se não aconteceu, sua vida anda e pronto, não tem volta.
Posso estar enganada, mas assim que me sinto. E não me sinto mal por isso, só pensativa sobre o que seria melhor.
A verdade é que se estivesse amarrada a marido e filhos, não tinha feito toda essa minha trajetória e nunca saberia como seria. Eu pelo menos sei como é morar fora e conhecer lugares e pessoas diferentes que casada, pagando contas e sem vida, naõ saberia... São escolhas...
Foi a minha e não acho que os outros têm o direito de jogar um "como você não é mãe" na minha cara.

Acho que se as pessoas não conseguem pensar antes de falar e escrever e não conseguem ver meu lado, também não pretendo ver o lado de ninguém e seguir em frente sem gente para me falar coisas inúteis, das quais nem estávamos falando...

É, eu também ando beeeem egoísta.

E na escola? Na escola eu não dou mais a mínima pros alunos. Só faço meu trabalho. Dou atenção se se interessam, senão, fuck off!

Não pretendo me estressar nunca mais com gente boçal! (fiquei arrogante também...)





A postagem no facebook continua lá, menos a conversa nessa parte, preferi deletar aquelas postagens a deletar a amiga, por enquanto. Assim como bloqueei pessoas que possam vir a me estressar, mesmo não estando entre meus amigos, estou cautelosa a encrencas... porque, sabem, se um amigo pode lhe estressar, imagine alguém que não gosta de você e pode entender mal uma postagem sua no mural de amigo em comum...