segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Uma paixão avassaladoramente platônica e duas lições de inglês britânico

Como não poderia ficar muito tempo com Soudemorte e eu nem queria. Estava procurando um lugar para morar nos anúncios por Richmond e Kingston, mas ainda sem saber bem o que fazer: procurar novo lugar pra morar, trabalho ou onde estudar? Tudo um problema porque tudo tem que ficar perto e poder conciliar...
Estava vendo preços de escolas e falei de uma em Kingston com Collorida, falei em inglês para Soudemorte não achar ruim e aí, lá veio ele:
“Você tem que procurar um lugar para morar ou pensa que vai ficar aqui pra sempre, tem que procurar uma escola perto de onde for morar, porque eu já disse, só oito semanas, não mais que isso, você tem que se preocupar com isso!”
Collorida fingiu que não existia na sala nesse momento, parecia que era surda e não falou absolutamente nada. Eu, cansada de levar patadas, engoli o choro e disse: estou procurando, H... Soudemorte. Fique tranquilo.
Sem internet era difícil procurar anúncios, sem amigos que me ajudassem e me dessem alguma ideia do que fazer era mais difícil ainda.
Sobre a internet, depois que comprei meu pc ela sumiu da casa... disseram, acho que já contei, que roubaram os cabos e não havia jeito de arrumarem rápido... fiquei indignada com isso. Mais de um mês sem net e eu sem amigos, sem poder procurar empregos e vagas pela internet ou mesmo mandar c.vs... de lan house a bibliotecas foi minha saga...
Depois disseram que a internet tinha voltado, mas como teste só das 6 às 10 da noite e eu aproveitei o mais que pude esse horário... depois, quando “voltou ao normal” LuigiMárioBros disse que como o serviço era muito ruim, mandou cortar... justamente quando voltou a funcionar direito!
Na casa havia duas redes, a de Collorida e Soudemorte e outra de LMBros, a qual ele me colocou pra não sobrecarregar a outra rede, daÍ ele disse que cancelou a rede dele, mas não me colocou na rede dos outros, eu que não ia pedir... e comecei, seriamente, achar que faziam de propósito, tiraram a internet pra eu não usar. Se queriam que eu pagasse era só falar...
Fiz uma lista de lugares do tipo pensionato para ir visitar, uma lista corrida, impressa da internet na biblioteca. Procurei num guia onde ficavam esses lugares e lá fui eu caçar...  sem um google maps pra me ajudar, tive que seguir o que o guia de um amigo dizia, ou seja, nem sempre o lugar ficava mesmo perto da estação que lá dizia... e, mais uma vez, andei por essa cidade como uma condenada... condenada a morar com Soudemorte por 8 semanas... tudo que eu não queria, queria sair correndo daquela casa, se ele queria que eu fosse embora eu queria vê-lo pelas costas o mais rápido possível! Na verdade, nem pelas costas queria vê-lo! Queria nunca ter conhecido tal assombração.
Os lugares que peguei nessa lista da internet, na maioria, eram albergues e teria que pagar por dia, nenhum tinha uma promoção por semana ou mês. Achei lugares interessantes: prédios em que você só dividiria a cozinha, o restante era seu, mas o preço era salgado para mim.
No meio dessa romaria, achei um anúncio em uma lavanderia por onde passava e fui até o tal endereço, sempre me guiando pelos mapas da região nos pontos de ônibus.
Cheguei até o tal local e o preço parecia bom. Não me abriram a porta para conversar com a pessoa, ou tentar pelo menos me entender, tive que falar por interfone com uma fulana que parecia ter um sotaque latino, muito educada me disse num inglês lindo de morrer:
Se você não sabe quando muda, não podemos conversar. Bye!
E desligou na minha cara... fiquei indignada e joguei todas as pragas possíveis a uma imbecil dessas, mas depois percebi que com essa educação ela não ia conseguir inquilinos muito legais, o que já era uma boa praga que ela mesma estava a se jogar.
Desci do metrô em Hammersmith, passei por várias estações e de tanto andar acabei em Gloucester Road. Havia um endereço que não achava de jeito nenhum... e resolvi perguntar nessa estação de metrô.
Fiquei do lado de fora da catraca e chamei um dos funcionários para me ajudar a dizer onde era tal lugar que eu não achava nos mapinhas da região.
O rapaz estava ajudando um senhor na minha frente a passar pela catraca e aí, quando olho direito para ele, fico simplesmente embasbacada: o cara era totalmente lindo! Lindo, simpático e atencioso!
Ele ajudava o senhor com toda a educação e simpatia e aí chegou minha vez e eu pensava “espero que ele me atenda e não venha outro funcionário... que ele me atenda! Que ele me atenda! Que ele me atenda!!”
E me atendeu... fiquei maravilhada com ele, sim, eu fiquei meio sem saber o que falar, mas eu já não sabia falar mesmo rs Perguntei pra ele onde era a tal rua “mulberry road” no meu sotaque americano do Brasil e ele “mulbéry”? para ele eu estava falando grego e eu olhando fixamente para ele, quase sem entender nada e muito menos prestando atenção e mostrei o papel com o nome do endereço e ele “ah, mãlbry!” e foi procurar num guia de ruas lá dentro pra mim.  Enquanto isso eu estava lá totalmente apaixonada, acho que devo ter babado ali...
Mais um lição do dia: no Brasil você sempre aprende “glastonbiurii” “mulbérii”, “sansbiurii”, mas os ingleses falam “glastonbriii”, “mulbriii” e “sansbriii” (sunsbury é um famoso supermecado aqui).
Ele voltou e me disse que eu teria que pegar (opa! rs) o metrô ali, fazer baldiação não sei onde e ir até a estação de não sei onde, sei lá... eu entendi as estações, mas não prestei atenção... não conseguia... não sei se ele percebeu, ingleses são homens ainda mais desligados que qualquer outro, mas ele lembrava muito o Gerard Butler com sotaque cockney e eu só fascinada ali...
Disse obrigada, toda simpática, ele também foi bem simpático, mas não entrei no metrô, tinha outro lugar por ali para ver e depois passaria por lá.  Na verdade, comecei a passar por aquela estação mesmo sem precisar, todo dia que andava de metrô e nunca mais o vi. Será que ele foi uma fantasia da minha cabeça? Miragem no deserto?
Não, só sei que infelizmente o tal lugar que ia ver ali perto, não era ali perto e andei e fui para em outra estação e extremamente cansada, peguei o metrô ali mesmo.
Nenhum desses lugares deram certo, a maioria era muito caro para mim e fui atrás dos classificados da Leros, ligando pra um e pra outro, visitando casas legais e caras e esperando resposta de pessoas que até hoje não me ligaram, como disseram que iam fazer, para me avisar de um quarto que fosse vagar, porque eu queria um quarto só pra mim e um single em Londres, com preço pequeno é um oásis, ou também uma grande miragem... como saberão em breve...
E a miragem que eu mais gostaria de ter novamente eu nunca mais tive... como me mudei pro outro lado da cidade, nunca mais passei na Gloucester Road Station e nunca mais vi aquele deus bretão.
Mais um lição de inglês: você aprendeu no Brasil GlouCEster  e LeiCEster? Pois é, aqui falam “Glouster” e “Leister”...
O rapaz da Glouster Road Station que procurou pra mim a Mulbriii road (ou street... não lembro).

2 comentários:

  1. Algumas dessas pronúncias eu tinha aprendido onde fui. Os nomes das ruas de Christchurch são de cidades e regiões da Inglaterra.
    E então nunca mais viu seu mocinho do metrô? Ahhh!

    ResponderExcluir
  2. Poxa, eu estava torcendo por esse reencontro.Adoro essas histórias.

    Quem quer dominar a língua inglesa tem que estudar fora, não tem jeito!

    Ah, obrigada pelas dicas =)

    ResponderExcluir