domingo, 14 de novembro de 2010

Um mês, dois meses, três meses em Londres!

Quando fiz um mês aqui estava totalmente deprimida. A única coisa que pensava era:  o que eu vim fazer nesse lugar, Deus?
Sem emprego, sem perspectivas de tirar o tal insurance (um documento pra trabalho aqui que conto em outro post), querendo mudar de casa logo e não sabendo onde fazer um curso de inglês bom e barato... comecei a me deprimir...
Eu tinha um pc, mas... a net sumia da casa onde morava... Disseram que roubaram os cabos de cobre... a telefônica resolvia isso no máximo em 3 dias... estava sem net há mais de duas semanas... não conversava como nos primeiros dias de pc: no skype com meu tio, no msn com amigas, primas e tia, me exibindo na webcam... mandando emails pra meu irmão... nada... estava sozinha... me sentindo cada vez mais sozinha... sufocada numa casa onde não era bem vinda, apenas meu dinheiro.
Tinha acabado de perder um emprego que achei que era meu, mas não botava mesmo fé...  outro post...
A única coisa que conseguia pensar era em ir embora! Mas pensava: e o resto da Europa, quando eu volto pra conhecer? Tem que ser agora, Menina!
Consegui conversar com alguns amigos em lan houses da vida, telefonei pro meu irmão... coisa que não parei de fazer desde a primeira patada de Soudemorte e todos me deram força pra ficar e esperar porque era cedo e algo bom ainda iria acontecer, eu estava no começo...
Tinha vontade de ligar pra minha mãe e falar pra ela: mãe, cansei da brincadeira! Quero voltar pra casa! E eu sabia que ela iria dizer sim pra mim...
O pior de tudo é estar sozinho, se você vem com amigos, tem amigos próximos aqui, vem com parentes, namorado etc  a situação é outra, você tem alguém pra compartilhar as coisas. Agora, quando você está numa casa em que parecia que estava de favor, dada a cara de c* de todos os dias de Soudemorte para mim quando me dizia Morning... e os outros da casa mal se importam com você, não parecem fazer grande esforço para serem seus amigos, só dá pra deprimir...
Essa fase passou, percebi que tinha muito pouco tempo aqui e estava me cobrando demais, mas a ansiedade mesmo assim é grande.
Encontrei uma casa espírita aqui, vi 3 anúncios na www.leros.co.uk e na palestra a mulher diz que temos que nos perguntar o que queremos realmente de nossas vidas. O que eu queria realmente vindo pra Londres? Por que estava/ estou aqui? Comecei a me perguntar, a tentar descobrir, o que, afinal, eu tinha vindo fazer aqui... porque eu me sentia como na música do U2 I still havent found what I looking for.... se me sentia perdida no Brasil e agora aqui, o problema estava dentro de mim... e como resolver era uma grande interrogação... que precisei de vários dias procurando a resposta dentro de mim... eu acho que encontrei, mas não tenho certeza.
Quando fiz dois meses aqui, estava saindo da casa de Soudemorte, estava desesperada procurando outro lugar para morar e não achava nada que fosse barato e num bom lugar. Eu me acostumei mal morando num bairro sossegado, numa casa de família bem cuidada... Comecei minha busca na Leros, a revista brasileira aqui, e com as poucas pessoas que conheciam e poderiam me indicar. Casas longíquas, gente mal educada (essa merece um post, só da procura), casas sujas, gente que não me dava nunca a resposta se teria um quarto pra mim, porque eu queria um quarto pra mim, não queria dividir com ninguém.
Quando encontrei um lugar bom, com tv , frigobar e internet, fiquei felicíssima, era mais cara que na casa do Soudemorte, mas Soudemorte Family  até me falaram que se eu quisesse ficar, poderia, mas pagando mais. Imagina!!!! pagar mais pra morar com Soudemorte e sem internet, tv dos outros que ligam e desligam, mudam de canal na sua cara? Nem pensar! Eles pensavam que eu era uma grande idiota que não entendi a história da internet, bloqueada pra mim.
Acertei o quarto novo, finalmente, só que a menina que morava no quarto e ia sair não pode sair naquela semana combinada, o outro lugar pra onde ela ia morar a pessoa também não saiu, entrei num efeito dominó e fiquei mais uma semana insuportável na casa de Soudemorte e companhia dos infernos.
Como entrei num domingo na casa, poderia sair na segunda se quisesse e mais um problema se fez, a menina não pode sair na outra semana também e eu não tinha pra onde ir, o meu prazo pagando 70 libras pra família soudemorte tinha acabado...
Fiquei desesperada... pensei em ficar uma semana num albergue, mesmo pagando a diária de 25 libras, mas não ia pedir uma semana pra Soudemorte, entrei em desespero, ninguém que eu conhecia poderia me ajudar... ninguém!! E olha que houve pessoas que me disseram que eu poderia contar com elas sempre... não nesse momento! (outro post)
 Aí o dono da casa onde iria morar me ofereceu um quartinho que ele e a mulher usavam como uma extensão da cozinha para os salgados e bolos que vendem. Fui conhecer o lugar, em Lewisham, sul de Londres, perto de Greenwich, era um lugar só pra uma semana, teria que armar minha cama, um colchão de casal, todos os dias e ficaria com tudo sem desmanchar, só pegaria o que fosse mais importante pra usar nessa uma semana, ele me cobraria menos que no Soudemorte, era temporário. Aceitei.
No sábado, quando ia mudar, o dono da casa me entendeu mal sobre a mudança, que ele também faria, e não poderia me buscar no sábado, pediu pra eu falar com Soudemorte se eu poderia fazer a mudança no domingo de manhã (era um direito meu, como já disse). Muito a contragosto fui falar com o Mal em pessoa...  E a resposta foi:
Tem muita gente por aí pra fazer mundança, chama outro, pega um táxi. Sinto muito, mas dê um jeito, seu prazo acabou.
Fiquei desanimada... liguei para o cara e ele deu jeito, atrasou as entregas dele pra me buscar no fim do mundo.
Depois de um sábado cheio de trânsito, levamos mais de uma hora pra chegar na minha casa temporária...
Paguei pelo novo aluguel, pusemos minhas coisas no novo quarto, ele foi embora e a única coisa que consegui fazer foi chorar compulsivamente e me perguntar por que eu tinha feito aquela escolha de ir pra tão longe, longe das pessoas que me amam...
Liguei pra casa, comecei a falar com meu pai e no final comecei a chorar, tentei disfarçar e desliguei, no outro dia ele falou comigo e perguntou o que estava acontecendo, por que eu estava chorando e disse que era saudade. Ele me disse que ele sabia bem o que era aquilo, ele também tinha vindo pro Brasil com quase 18 anos, deixado os pais, mas morava com os irmãos, mesmo assim, ele só pensava em voltar, em ir embora e chorava e um dos meus tios disse pra ele, parar e pensar que era o melhor pra ele. Não esperava isso do meu pai, foi incrível.
Mas foram dias de muito choro e tristeza...
Hoje completo 3 meses aqui, já estou no quarto definitivo, meu cantinho, arrumadinho do meu jeito, organizado, limpinho. Com internet, tv, frigobar e liberdade pra cozinhar na cozinha
Ainda sinto muitas saudades do Brasil, ainda mais que daqui 12 dias será o casamento do meu irmão e eu não estarei lá, meu único irmão que amo tanto. E fico muito chateada com isso. Sinto falta do meu gato e do meu cachorro, não consigo falar com eles quando ligo pra casa rs Sinto falta da minha mãe, do meu pai, de todos. Mas não sinto nenhuma falta do meu emprego, do bairro onde morava, da casa onde morava, sinto só falta das pessoas.
 Acho que estou me acostumando a morar sozinha e estou gostando muito, é díficil não ter com quem conversar, mas é bom ter sua privacidade, seu canto sem ninguém pra se meter na sua vida. Estou me acostumando a Londres e gosto daqui, apesar de aproveitar pouco a cidade porque não posso gastar muito, mas sei que tenho uma passagem de volta comprada, devo mudar a data dela pro outono daqui e aproveitarei o verão da Europa pra ver shows aqui em Londres e conhecer outros países.
Finalmente acho que coloquei metas: ter um certificado alto de Cambridge, muita experiência dando aulas de português para estrangeiros e conhecer tudo que eu tiver vontade de conhecer na Europa e até fora dela.
Voltar pro Brasil está nas minhas metas, voltar e ver se me “reacostumo” a tudo e tentar melhorar minha condição profissional. Quem sabe ainda ter um filho? Acho que talvez dê tempo rs

Um comentário:

  1. Difícil é saber o que se quer e me parece que você já conseguiu isso. E apesar do que sempre aparece pra encher o saco e tentar atrapalhar, tens que seguir em frente!

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