quarta-feira, 21 de março de 2012

Há um ano...

Há um ano "comemorei" meu aniversário em Londres.
Fiz aniversário por lá.

Foi um dia normal: sozinha durante o dia, a tarde na companhia de Darthvedrina e recebi os parabéns das minhas roommates: Marciana, Bruxa do Centro-Oeste e Roommate do Bem.

Depois do trabalho, passei no Sunsbury's e comprei uma torta de morango pra fingir que era um bolo.
Cheguei na Cohab, tive que descongelar no microondas e parti com elas o meu bolinho sem graça.

Falei com minha mãe antes do trabalho, fiquei triste por não ter ninguém, por não ter com quem comemorar de verdade e nem fazer uma comemoração.
Na verdade, como eu tinha 4 dias de férias pra tirar antes de abril chegar - porque lá em Londres as empresas fecham o ano em 31 de março então, se vc não tirar suas férias até essa data: perdeu, perdeu!
Um desses dias eu fui no show do Foo Fighters, em fevereiro (calma, que terá post!) e os outros 3 dias, juntei com o final de semana e fui, no final de semana seguinte, com a Roommate pro Porto e Barcelona, com os bons e queridos preços da Ryanair (que também será uma postagem).

Falei com alguns amigos daqui via msn, apesar da diferença de 3 horas que não parecem muito, mas matam alguém que já está mal (e eu ainda tenho q contar muito nesse período do que aconteceu entre o show dos Manics até essa data e mais depois...) e por isso encontrei poucos on line, mas as mensagens foram fundamentais pra continuar.

Hoje posso dizer que foi um dia muito bom!
Muito carinho e lembranças e isso faz todo a diferença, há 3 meses de volta ao Brasil, eu penso todos os dias em Londres, mas não me arrependo de ter voltado estar perto das pessoas que amo.
Só fico arrependida quando "sinto na pele" a educação aprendida no inferno pelos brasileiros, fiquei ainda mais chata e irritada com isso...
Mas, como diz o Travis: nosso lar é onde está nosso coração. (meu coração poderia mudar pra Escócia rs)

domingo, 11 de março de 2012

21 de janeiro de 2011 - Manic Street Preachers at O2 Academy Brixton

Em janeiro de 2011 assisti meu segundo show em Londres, dessa um show grande, o primeiro.
Fiquei preocupada por estar sozinha e como seria a multidão e preferi comprar um ingresso na parte de cima da Academy Brixton.
O show era pra  ter se realizado em 28 de outubro, mas James Dean Bradfield teve uma laringite e o show foi remarcado para janeiro.
Em novembro, meu problema era morar longe de Brixton, morava na região de Dalston Kingsland, começo do norte de Londres e já tinha até descoberto um ônibus para pegar na estação de Old Street e ou Angel para voltar para casa - depois de chegar até ali de metrô (pela Northen Line).
Com a mudança do show e da minha residência as coisas melhoraram: "Elefantinho Castro" é bem perto de Brixton e em 15,20 minutos de busão estaria em casa (estaria antes, mas os buses de Londres andam devagar para os padrões brasileiros) um único busão.
Cheguei a pegar o ônibus e ir conhecer o ambiente, ainda não conhecia Brixton, mas Marciana (uma descendente legítima de Dinamarqueses, como diria Caco Antibes) disse:

Você vai até Brixton????
Cuidado! Lá muito perigoso! Só tem preto! (imagina, ela não era uma pessoa preconceituosa e muito menos tinha descendência negra, nem os filhos e o marido de uma das filhas que era negro).

E começou a me falar de uma história que aconteceu com o casal polonês: que no verão eles tinham voltado daquela região espancados, que uma "preta" tinha encarado a polonesa e puxou pra briga e os dois tiveram que ir pro hospital, espancados pela "gangue de Brixton". E ela dizia que viu que eles não chegavam e estava preocupada, porque só voltaram no outro dia e tinham virado a noite no hospital.
Ou seja: ela estava tomando conta dos inquilinos, a hora que chegariam e tal. O filho deve ter traduzido o que aconteceu pra ela, acredito eu, porque ela não fala nada e mal entende o inglês.

Bem, fiquei com medo de Brixton porque ela "botou o terror", até eu chegar lá de ônibus e ver o lugar e pensar: peraí! Como assim? Aqui é normal... melhor que Elefantinho Castro! Uma estação de metrô muito, um cinema com arquitetura bonita, praça para as pessoas baterem papo e muito comércio! Um comércio muito melhor do que o da cohab elefante! E ônibus pra cidade toda.

Perdi o medo, fiz o percurso de volta, e só tinha um problema: o meu querido Império do Fado. Estava trabalhando lá a pouco tempo e não poderia faltar, se Darthvedrina queria me botar pra correr, era essa a hora!
Como o show teria abertura de duas bandas (uma menor e Britshi Sea Power - os shows em Londres começam cedo) fui olhar direitinho os horários para cada banda para ver se daria pra assistir depois do trabalho (eles também respeitam os horários fixados, pontualidade, realmente britânica) e os Manics entrariam no palco às 9:15pm e eu saía do trabalho 8:30h, era curto o tempo, mas teria que pegar o metrô ali do lado, St James Park, e trocar na próxima estação, em Victoria, para ir até o final da linha: Brixton e pelo que conheci da região, eram 5 minutos andando até a Academy Brixton.
Tudo cronometrado, naquele dia corri com o trabalho para poder me trocar no mesmo horário dos outros e sair quando a Vedrina dissesse Let's go! E foi!
Encontrei a portuguesa do trabalho no metrô, inclusive Extreme e sua noiva/esposa sei lá o quê e olhou tudo sério pra mim, agora não fez gracinha, né?
Quando o metrô chegou uma estação antes de Brixton, o trem parou, não foi adiante, em Stockwell, ora pois! (bairro português) - na hora não me toquei, só depois me lembrei que foi o mesmo que aconteceu com Jean Charles: o trem parou antes de Brixton e teve também que descer ali.
Como não conhecia a região e só sabia que estava perto, fiquei desesperadamente procurando um ônibus pra Brixton, me disseram um, que passou em frente à Academy, só que eu não percebi e desci no ponto do metrô, voltei correndo como louca, ainda eram 9:05 (transporte que funciona é outra coisa...).
Cheguei, fiquei sem minha garrafinha de água, entrei e vi como era o palco de cima.

A Academy Brixton é um lugar bem bonito por dentro, imita arcádias clássicas. Fiquei impressionada com a beleza do lugar. O palco estava na minha frente, mas teria que muitas vezes, se quisesse uma foto boa, levantar pra tirar - estava num local sentada - o que me arrependo até hoje, porque o povo não levantou, como imaginava que aconteceria...

Nervosismo, cansaço, mas estava lá.
E os Manics entram...

Enlouqueci e não queria mais sentar... mas fui obrigada, educação é educação, respeito é respeito e isso é bem cobrado por lá, não é uma zona!
Ao ver aqueles três caras, ali embaixo, só pensava que era uma sonho realizado, mas queria muito estar na parte debaixo pra pular.
As músicas ao vivo e a voz de James Dean Bradfield são ainda mais cristalinas ao vivo... e que voz, Bradfield... realmente uma das mais lindas.
Todos são grandes músicos e sentadinha deu pra prestar ainda mais atenção nisso: você deixa de ser macaca de auditório e passa a saborear a melodia e perceber as nuances do som, o jeito de tocar, a forte ligação e entrosamento dos caras e como eles tocam muuuito!

Um casal, mais pra lá do que pra cá (ou seja, normal para o padrão inglês) começou a ficar de pé e eu vendo se mais pessoas ficavam em pé, não, o povo não se movia e o cara pediu para o povo se levantar e nada! A mulher do cara ficava com um copo de cerveja balançando e dançando, atrapalhando todo mundo e nem assim... o povo foi irredutível... fiquei triste, estava a fim de levantar e pular! (guardem esse casal, eles aparecerão aqui novamente rs)

Mesmo sentadinha, vibrei e cantei muito com eles, feliz a cada música que amo, principalmente quando fecharam o show com Design for a Life! E o povo finalmente resolveu levantar pra cantar (e ir embora, o que estranhei). Vibrei muito naquela cadeira e amei cada instante de estar ali ouvindo uma banda que amo e que não sei se um dia tocará aqui no Brasil.

Não houve bis, aí sim estranhei muito... Como assim, não tem bis? E as pessoas foram embora como se fosse a coisa mais normal do mundo - tá certo, tocaram 22 músicas, mas bis é bis, né?
O povo foi embora, o palco se apagou e as luzes se acenderam e aí tive mesmo a certeza de que era hora de ir embora... não sem tirar fotos também do lugar.

Fiquei totalmente sem palavras... fui pro ponto de ônibus que ficou cheio, a rua estava cheia, pessoas iam pros pubs e cheguei são e salva por volta de 11:30 na cohab.
Nenhum problema, nada demais, uma noite normal de semana em Londres para a maioria, diferente pra mim que tinha visto pela primeira vez os Manics.



Claro que comprei camiseta no final.

Setlist aqui.