quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Primeira Semana em Londres

Resolvi, pra não ter nenhum tipo de problema, mudar o nome das figuras centrais da casa, agora temos Collorida (da terra do Collor) e LuigiMárioBrothers (viciado em games).
Contei como foi minha segunda deprê, nos dias que se seguiram eu não sai de casa para muito longe. O filho da dona da casa ficou de montar um pc temporário para mim e disse que eu poderia usar a net quando quisesse – pensei estar numa casa muito legal...
Enquanto ele não montava o pc, comecei a usar o pc do VoldmortE ou Soudemorte, acho que fica melhor e J.K. Rowlings não me processa...
Soudemorte não pareceu tão má pessoa, me ajudou a reconstruir meu cv, primeira coisa que precisava fazer, traduzido ele já estava, meu professor no Brasil me ajudou a traduzir e Soudemorte até me disse que o tradutor tinha um inglês perfeito e expliquei a ele que meu teacher no Brasil tinha feito faculdade na Inglaterra, ou seja, tinha que saber escrever bem para fazer uma graduação em outra língua.
Depois bati um papo com a dona da casa e o filho (Collorida e LuigiMárioBrothers), enquanto eles passavam roupa, estavam de férias quando eu cheguei na casa.
Na quarta até fui na casa do patrão da Collorida, ele e as filhas tinham viajado e ela precisava verificar as pendências da casa antes da chegada deles. Uma casa bem londrina: pequena por fora e grande por dentro porque tem vários andares, o problema é o tanto de escada que se tem pra subir ou descer...
Fiquei feliz de ter saído de casa, ainda não me sentia em Londres, não tinha ainda visto o Big Ben, pra mim ainda não era Londres.
Na quinta fui fazer umas compras de verdade, de comida, em Kingston, um bairro colado a Richmond e que tem uma parte comercial bem maior que Richmond. Comprei um novo chip pro meu celular, agora tinha um número para dar às pessoas e pôr no cv. Aqui também se chama c.v. e o que eu achei de mais diferente do c.v. brasileiro é que aqui se põe gostos e hobbies. E comecei a fuçar alguns sites da internet para ver empregos, mas muito rapidamente, estava no pc de outra pessoa...
Quinta-feira também é o primeiro dia que saio sozinha de casa, vou à casa de um amigo de uma amiga do Brasil. F foi muito simpático comigo quando liguei no telefone dele – agora que tinha um telefone, poderia entrar em contato com as pessoas – e ele me convidou pra jantar. Alguns dias com comida ruim feita por mim, ou seja, comendo besteira (medo de usar o fogão e o forno do lord das trevas), e aceitei na hora o convite, só precisava saber chegar a Bayswater, perto de Notting Hill, mas em outra linha do metrô.
 


Fiquei com medo por ser meu primeiro passeio sozinha e de trem/metrô, ainda mais à noite, ainda guardo muitos medos do Brasil, mas foi fácil chegar e acertar a estação. Soudemorte foi quem me disse onde descer e pegar outro trem para não ter que trocar de plataforma. Estava começando a achar que Soudemorte não era tão de morte assim e que havia algum exagero na fala das duas “As”, tentava até treinar meu inglês com ele.
Fui até a casa de F que me apresentou seu namorado M. Conversamos bastante e finalmente comi um arroz com sabor e uma carne assada da boa, fora a batata assada... me senti feliz e finalmente me senti acolhida... estava me sentindo só e agora começava a pensar que tinha amigos. Morria de saudade dos meus, sem net a vida ficava mais difícil, pois usava só o essencial no pc de Soudemorte, não queria abusar e na sexta quase tive um pc, LuigiMárioBrothers montou, mas não funcionou, faltava alguma peça e fiquei muito frustrada...
Mas voltando ao jantar, foi muito bom, conversamos, ele me contou sobre a vida dele aqui e do namorado, as dificuldades que passou, me deu conselhos e isso foi muito bom, pois soube que tenho que ficar esperta por essas bandas. Al também me deu bons conselhos sobre como são as coisas aqui – sempre estar certinho com o tax e com a documentação e cuidado com o passaporte.
Voltei pra casa já era tarde, fiquei preocupada de chegar tarde e aí pensei: “peraí! Eles não são meus pais, eu chego a hora que quiser, ninguém se importa..” aí me acalmei lembrando que não teria meu pai pra cobrar as horas ou minha mãe preocupada, mas não quer dizer que isso era bom, era só bonzinho rs Como dizem, a gente se costuma com o que é bom e com o que é ruim também...
A partir de quinta, me senti mais confiante agora que vi que o metrô de Londres e seus muitos tentáculos eram inofensivos e que não ia me perder, era só uma questão de saber me guiar corretamente dentro das estações.

Sábado Sábado!
No sábado resolvi sair pra conhecer a cidade, estava na hora, quase uma semana e parecia que estava em qualquer lugar, menos Londres. Fiz meu planejamento: Big Ben e Torre de Londres e depois veria como faria com o resto.
Só que o trem/metrô aqui, aos finais de semana, não funciona 100% quer dizer, não são todas as linhas estações que funcionam. Eu que planejavam ir até Tower Hill (Ponte de Londres) não poderia porque a linha na qual estava, District Line (a minha linha, a verde, acho que vocês ouvirão muito o nome dela) não ia até Tower Hill, o trem parou algumas estações antes e eu, como não entendia absolutamente nada o que o cara do metrô falava no microfone, não entendia essa coisa de que o trem não ia até onde eu queria. Bem, tive que descer e vi as placas de ônibus, qual pegar, para ir até o Big Ben, daí pensei “tudo bem, eu pego um bus e depois vejo pra onde vou...” Saí na estação Embakment e vi a multidão de pessoas que andavam pela rua pequena que dava na rua principal, onde teria que pagar o busão (aqui é busão mesmo rs mas tem o bus normal também...) Os famosos cantores de rua, já tinha um cantando, só não deu pra tirar foto dele porque percebi que mesmo na rua as pessoas andavam como no metrô: sempre à direita e para tirar um foto boa eu teria que ir pra contramão. Achei tudo diferente, acho que as pessoas são diferentes, além do ambiente. Quando cheguei na avenida fui dar uma olhada e ver onde pegar o ônibus e vi um lugar bem legal que fui tirar foto, tirei várias porque tudo era grande, antigo e artístico... a arquitetura era muito bonita e vi uma estação (Charing Cross que eu nem me toquei, depois entenderão) do lado de um hotel e fiquei tirando fotos de uma pequena torre que tinha ali.
Daí vi um cara num ônibus enfeitado, que era para passeio por Londres, conversei com o homem e ele me explicou que aquele não saía do lugar, mas que se eu comprasse um ticket com ele faria o passeio pela cidade, o famoso seeingsight por Londres. Entendia muito mal o que o homem me disse, ele me perguntou de onde eu era e pegou o papel de informação do passeio e me mostrou a página em português. Aí sim eu entendi! Comprei o ingresso e ele me explicou onde teria que ir pra pegar o busão. Eram duas ruas depois dali e no caminho fui batendo mais fotos.
Cheguei ao tal ponto e fui falar com o rapaz, ele pediu, em inglês, para eu esperar ali e pegar o próximo ônibus. Ele atendeu o telefone e começou a falar em português, falava algo sobre viajar, ir pro interior (de onde, não sei). Quando ele desligou eu falei “pode falar em português comigo rs” e então ele me perguntou de onde eu era,  que também era de São Paulo e me disse que ia embora em fevereiro, que não via a hora de ir embora daquele inferno! Graças a Deus ia embora em fevereiro. Fiquei espantada, uau! Ele não gostava de Londres! Achei estranhíssimo e imaginei que ele fosse mais um brasileiro que foi lá fazer um pé de meia ou estudar e não via a hora de ouvir um pagode em casa.
Hoje, há 45 dias em Londres, quando escrevo este post (dia 1º. de outubro), eu o entendo perfeitamente, naquele momento só estava deslumbrada ainda com a cidade, mas hoje eu sei o que ele quis dizer, sejam quais forem os motivos dele e mesmo que sejam diferentes dos meus, eu o entendo. Eu entendo o que é essa vontade de ir correndo pra casa, mesmo que sua casa seja cheia de problemas e o seu país também, não deixa de ser seu lar. E hoje eu sempre penso na Dorothy: não há lugar como o nosso lar!
Entrei no busão, claro que fui sentar na parte de cima para ver tudo melhor, havia fones de ouvido para colocar nas cadeiras e ouvir na língua que se escolhesse o que o “guia” (uma gravação em várias línguas) falava. Pus em português e era português de Portugal, ok! Tinha passado 15 dias lá já estava habituada a ouvir falar “nesta paragem do autocarro” você poderá visitar tal e tal lugares.
Comecei a tirar fotos como louca, mal sentava e depois percebi o quão perigoso era eu ali em pé no andar de cima sem teto... mas estou inteira e as fotos também rs
Quando vi o Big Ben só conseguia pensar “UAAAAAUUU” fiquei de olhos arregalados... daí a pouco era o rio Tâmisa e chegando mais perto o London Eye, um arrepio me correu o corpo, sim, eu estava mesmo em Londres, eu estava naquele ônibus vendo tudo aquilo e ficando maravilhada. A cada local que passava eu ficava mais encantada, mais feliz de estar ali.
A ponte de Londres foi um encantando, passar por ela, não conseguir parar de tirar fotos. Fiz todo o percurso do ônibus e decidi descer onde se pegava o barco que andava por quase todo o Tâmisa, fazia parte do pacote do ingresso que comprei. Era do lado do London Eye, do outro lado da margem via o Big Ben e tentava bater fotos minhas... até que três espanhóis (bem, falavam espanhol... poderiam ser da Argentina, por exemplo...) me pediram pra bater uma foto deles e aí eu pedi pra eles baterem uma minha – aquela foto com o Big Ben atrás que todo mundo já conhece, tá muito manjada... uma pena que não dá pra reparar que a minha camiseta é do hard Rock Café de Lisboa...
Vi que ali tinha um museu do cinema e logo lembrei da Garota no Hall, que ela iria adorar, também estava do lado do Aquarium, ainda não fui lá.
Fui até o barco e, claro, também fiquei na parte de cima, só depois de estar no barco há muito tempo me lembrei do meu enjôo básico, mas ali não tinha ondas, não era o mar e foi tranquilo, parei de pensar nisso e curti a viagem que foi até Greenwich, mas infelizmente não deu tempo de visitar o parque ou as instalações, peguei o último horário do barco e se me demorasse ali, não saberia como fazer pra voltar se perdesse o barco.
O barco fez uma pausa e eu fiquei sem entender se teria que trocar de barco ou não pra ir embora... Outras pessoas também pareciam não entender, eram todos turistas como eu e arrisquei um italiano com um grupo de idosos: “questo barco(??) ritorna a Londra?” E o senhor me disse que sim e que estavam esperando também, o cara do barco tinha confirmado para ele. E eu “grazie mille” e ouvi um “prego” rs achei muito legal saber que meu italiano ainda servia pra alguma coisa, que não estava de todo perdido.
No barco havia um guia, dessa vez uma pessoa real que ficava fazendo piadas pelo caminho, algumas eu até entendi, outras não, o problema é que na volta ( estava um vento que preferi ficar na parte debaixo, já tinha visto tudo mesmo) ele contava as mesmas piadas dos mesmos lugares! Não mudava nada! E embaixo havia muito mais mulheres com crianças e as crianças ouviam e riam, parecia que nunca tinham ouvido aquilo, mas sorriam daquele jeito porque viam as outras pessoas rirem.
Foi um passeio bem divertido e vi que onde o barco ancorou estava perto da estação de Westminster, onde eu pretendia descer para ver o Big Ben, e o vi novamente e resolvi dar mais uma andadinha, encontrei o Parlamento e a abadia de Westminster (não a abadia de Manchester rs). Muito protestos expostos por lá, principalmente pedindo a volta dos soldados ingleses que foram para o Iraque e Afeganistão (sempre saem notícias nos jornais, o do metrô é o que eu leio, é de graça e sempre tem um no trem, falando dos soldados que estão lá, que morrem, sofrem acidentes graves, perdem membros etc).
Quando vi mais de perto toda a abadia e o parlamento fiquei chocada, no bom sentido, era enorme! Como o mosteiros dos Jerônimos em Lisboa, não conseguia pegá-lo inteiro pra uma foto. Percebi que a Europa ainda tem muito o que me mostrar, porque no Brasil não tem prédios imensos, grandiosos eregidos há séculos... ainda espero ver muito mais coisa e me maravilhar pelo velho continente.
Voltei pra casa contente, finalmente sabia que estava em Londres. Estava extremamente cansada de todo esse passeio, mas tinha valido muito a pena!


(acompanhe minha marcação no meio de toda essa cor rs)

Um comentário:

  1. Bom, agora vc vai atualizar com mais frequência, né? É que sempre fico ansiosa esperando as cenas do próximo capítulo, hehehehehe!

    Beijo!

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