domingo, 17 de outubro de 2010

A primeira patada a gente nunca esquece...

Não lembro mais o que aconteceu no sábado daquela semana, lembro de ter visto o tão falado (aqui) X Factor, a versão deles de ídolos etc. Nada demais, um jurado bonzinho, o outro rígido e uma jurada média (ah, gostei tanto de você, mas não...), o próprio estereótipo do programa de calouros. Ainda mais que a mocinha do programa, Cheryl Cole, ex-mulher de um jogador da seleção de futebol que a traía, segundo soube, na maior cara de pau, ela é queridinha da Inglaterra, todas as revistas de fofoca estampam a vida triste da moça famosa, oh, como ela sofre, coitadinha!
Fui no youtube procurar um video dela, nossa, ela deve ser A cantora tsc tsc tsc... alguém que grava umas musiquinhas pop bem fraquinhas nem deveria dar não pra candidatos que cantam mais que ela... ela  tenta imitar as americanas, com clipes sensuais – que dão sono –e muita produção, só!

Querem sofrer? Então tá: http://www.youtube.com/watch?v=4umc87T5UMs
Tanto falava no programa a dona da casa que assisti com ela, assim como outros programas que ela também falava tanto. Outra motivo de fofoca é a irmã da Kilie Minogue, não basta a embalsamada da Kilie  também existe a plastificada da Danii, um nojo, tinham que ser irmãs rs
Bem, no domingo Ad e marido vieram até a casa de Collorida, também vieram outro casal de amigos de Collorida, V e não lembro o nome dele... só lembro que terminava com aeilson, sabe nome assim? rs pois é...
Antes disso, eu muito injuriada de não ter um pc pra mim, resolvi comprar um, LuigiMárioBrothers e W foram comigo comprar, como na segunda seria um Bank Holiday – o último feriado do ano – e as aulas iriam voltar, havia promoções de laptops. Fomos até New Malden, bairro não muito longe, famoso pela população enorme de coreanos e onde havia duas lojas muito boas vendendo pcs.
Finalmente achei que minha vida sem internet e distante do mundo iria acabar! Que felicidade sair com Ewan da loja – o note.
Voltamos, o papo corria na casa, Collorida resolveu levar eu e V, e os demais, pra conhecer o parque atrás da casa dela. Já tinha visto uma boa parte um dia que fizemos caminhada – que virou maratona pelo tamanho do parque de Richmond e nem andamos um quarto dele...
O vinho já estava na mesa, Collorida tinha comprado no dia que fomos às compras 3 garrafas de vinho e pediu pra que eu escondesse no meu quarto, pois se deixasse na despensa, Soudemorte tomaria tudo antes de domingo – chocada, guardei no meu quarto... Ad já tinha ido lá buscar e disse que tinha trazido de casa pra tomarem...
Sobre o parque de Richmond: era uma das tantas propriedades de Henrique VIII que foi aos poucos transformada em casas, as primeiras casas eram as antigas cochias dos cavalos... – com os séculos, o parque ainda existe e é a casa oficial da irmã da Betinha, que não me lembro o nome agora, acho que Ann...
Só que na rua de trás era a parte da Ham House, uma casa famosa e enorme da redondeza que deve ter sido de mais algum nobre da região e que funciona hoje como um espaço cultural.
Na volta do passeio, V me pergunta se estava trabalhando, disse que não, que estava procurando, que era complicado, tinha 15 dias ali também... V, muito simpática, vira pra mim e diz: “Ah, porque você não vai no Nando’s, todo mundo começa lá, ai, tá cheio de brasileiro!” Foi um comentário muito mais maldoso do que simpático, talvez você não tenham sentido aqui, mas eu senti quando ela falou, do tipo “ah, você tá mole, hein? Não tá procurando direito!”
Engraçado alguém que nem me conhece falar assim comigo – mas brasileiro aqui é (80%) é tudo assim: eu não vou te ajudar, mas você também não presta pra nada, né? Nem pra um empreguinho merda desses! Eu sou superior a você!
Claro que ela é superior! Fisioterapeuta que vai fazer massagens em casa e já encontrou o cliente “em ponto de bala” esperando por ela (Collorida me contou essa), é muito superior a mim... imagina que não... mesmo que o diploma dela aqui não seja reconhecido... Você ser uma mulata de 1,80, brasileira não vai mexer com a fantasia de ninguém... imagina... profissionalismo é tudo! Ainda mais agarrada ao marido perto de outras pessoas, na casa de Collorida, e falando pra ele, e nem se tocando – ou se tocando – que outras pessoas estão ali e fala pra ele “uau! Agora você acertou bem o lugar! Foi beeem lá” e continuam se beijando e se agarrando na entrada da sala.
Depois que as visitas foram embora, fui ligar para minha mãe, como faço todos os dias. Uso o telefone da casa, porque eu tenho um cartão daqueles que você paga 5 libras e tem 2 mil minutos, só preciso do telefone como instrumento pra ligação, não vou gastar da conta deles. A própria Collorida e Soudemorte me falaram do cartão e me ajudaram a comprar. Só que...
Estava eu ligando quando Soudemorte entra na cozinha, eu ligo na cozinha porque fica vazia e assim tenho privacidade, ou pelo menos um pouco. E ele vira pra mim e diz:
You must ask if you can use the phone, is NOT BELONG to you!
Acabou minha graça na hora… me senti mal, muito mal…. Nervosa por dentro, não conseguia mais falar no telefone e a ligação em andamento... como assim, o  tel não me pertencia, eu sei! Mas ninguém usa nunca! Eles deixam o telefone tocar até cair na secretária eletrônica de medo que seja telemarketing, nunca atendem e praticamente só usam seus celulares... Se eu posso usar a geladeira, o microondas, eu posso usar o tel, ainda mais que não estou gastando da conta deles... Como assim??? Ainda pedi milhões de desculpas a ele, mesmo sem entender o por quê... ou o porquê...
Me senti péssima, finalmente o Lorde das Trevas mostrou seu poder de fogo...
Continuei péssima, dormi mal, fiquei muito muito muito mal... me senti um lixo... estava tentando entender porque as outras coisas eu poderia usar sem ficar pedindo toda hora e o telefone não... porque teria que pedir permissão para usá-lo... se não ia gastar nada deles!
Meu bruxismo veio com força total, tanto que um dos meus dentes começou a doer... mas isso eu conto depois... fiquei naquele rangido forte...
Segunda de manhã, ia lavar roupas, vi Soudemorte e estava apavorada, não queria nem olhar pra cara dele, tinha medo dele agora. Pus a roupa na máquina como ele me ensinou e fui tomar café enquanto a máquina trabalhava. Ele vai lá olhar a máquina e volta, e lá vai a outra patada:
(ele falou em inglês) porque você usou esse ciclo de lavagem? Não sabe que vai gastar mais tempo e que não é barata a energia? Vai gastar muito mais tempo e custar mais, so expensive!
E eu, morta de medo e me sentindo ainda mais confusa, mas consegui falar: fiz como você me ensinou... e aí ele ficou queito, ele tinha me ensinado a usar aquele ciclo e não outro... saiu da cozinha e foi ler o livro dele – a única coisa que faz o dia todo, ele é aposentado, já disse isso? Já deve ter lido uns 4 ou 5  livros nessas oito semanas que morei lá...
Ainda estava chocada com o dia anterior, e louca pra ir embora dali, sumir! Chorar e falar: o que eu vim fazer nesse lugar, me meter com gente desse tipo? Melhor ficar no Brasil...
Me arrumei pra sair, não ia conseguir ficar ali... não tinha pra onde ir e decidir fazer o que mais faço quando estou assim: pensar e pra pensar eu caminho... fiz novamente o caminho da Ham House e de toda aquela parte do parque. Na hora que ia saindo, Soudemorte me para na porta e diz pra eu não ficar chateada com ele porque estávamos vivendo na mesma casa e era melhor ficarmos bem. E eu, fingindo estar muito bem e nem saber do que ele falava disse: ok, H... Soudemorte, não há problema nenhum.
Claro que havia, e a partir dali, só pensava em uma coisa: ir embra da mansão daquele que não deveria ser nomeado...

3 comentários:

  1. Que reviravolta! Quem diria que aquele bondoso senhor se transformaria nesse ser desagradável!
    E essa "ajuda" da amiga da collorida sugerindo o emprego? Depois dizem que brasileiro é bonzinho! Tá bom!
    Ainda bem que as cenas dos próximos capítulos serão melhores =)

    Bjão!!!
    Jac

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  2. Só quem já conviveu com brasileiros que vivem fora, ou conhece alguém que já, sabe o qto brasileiro é imbecil nessa questão. O qto são egoístas e prepotentes! E isso me envergonha, sinceramente. Se acham melhores que todo mundo!
    Pior: já são assim aí, quando voltam pra cá, mesmo que a passeio, pelamor.
    Claro que não são todos. Mas a maioria sim.

    Pode falar, vc saiu nesse dia que o Soudemorte pegou no seu pé por causa da máquina pra buscar mais feno pra ele, não foi? hehehehe
    E traduzindo o que ele disse "a gente tem que se dar bem, já que moramos no mesmo estábulo, MEU estábulo"!


    Beijo!

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  3. pqp... que casa é essa que vc tá hospedada... =//

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