quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Patada merecida?

Acabei de fazer um marcador novo: patadas, porque o que eu mais ganho aqui é isso...

Tá certo, a situação foi até grave, eu sei, eu admito, foi grave e a culpa é minha.

A história da casa em Dalston, região de Hackey, e Stewart Leetle vai ter que esperar mais um pouco, porque agora vem novo desabafo... senta e pega o lenço que lá vem história...

Antes, gostaria de agradecer todo mundo que anda me mandando emails e me desculpem por não responder, a minha vida parece que é uma sucessão de acontecimentos que não me dá tempo e, muitas vezes, ânimo de responder a todos, mas obrigada pelo carinho e espero responder todos!
Obrigada, de coração!

Bem, a história é a seguinte...
Estava trabalhando na casa de uma italiana que tem dois filhos gêmeos, um casal, de 4 anos. Limpava a casa, passava roupa e pegava as crianças na escola, isso toda a segunda desde o começo de janeiro.

Essa segunda as crianças não foram pra escola, porque aqui, de dois em dois meses, eles têm uma semana de férias que chamam de half term.

Aí ela tinha que resolver algumas coisas de manhã - porque no curso dela também é half term e ela não teve ou deu aula, até hoje não sei - e pediu pra eu ficar das 8:30 da manhã ás 15:30 com as crianças.

Daí fiquei, ia ganhar um pouco mais, as crianças já me conhecem, não vi problema, dei café, levei as crianças no parque, dei almoço... daí, na volta do parque, quase na porta de casa, a menina cai no chão, de cara no chão, e rala o nariz um pouquinho.
Tudo bem, limpei e tal, a menina chorou e logo parou e tranquilo, continuamos a vida.
Aí a mãe liga mais tarde, acho que depois do almoço e ela pergunta se está tudo bem, eu digo q sim... pra mim, tudo bem... 

Quando a mulher chegou em casa...  ela sentiu um cheiro forte de gás... ela ficou desesperada! e perguntava pra mim se eu não sentia, se as crianças não sentiam. E nós não sentíamos, estávamos dentro de casa todo aquele tempo, acostumamos com o cheiro... 

Ela foi olhar e uma das bocas do fogão e estava aberta, não tinha chama, mas estava ligada... eu devo ter limpado o fogão e virado o negócio e não percebi, porque os botões ficam de lado na parte de cima, do lado das bocas e é só virar que abre o negócio, só acende se você força, mas o gás sai e estava sumindo as letrinhas de informação...  (tipo que lado está ligado e tal, qual boca é aquele botão...)

A mulher surtou, claro e ainda viu o nariz da menina raladinho e eu falei pra ela que a menina tinha caído a mulher abriu toda a casa, ajudei a abrir, eu também fiquei assim, sem ação... eu também me assustei... ela abriu a casa pegou as crianças e foi com elas pro parque, antes, ela abraçava as crianças como uma desesperada e olhava feio pra mim...  me senti arrasada, como se eu fosse um monstro...

Bem, eu sei, foi gravíssimo, eu não me conformava, eu fui embora transtornada... a mulher se disse em choque eu disse q também estava...

Fui embora pensando fiz merda, e a mulher vai me mandar embora, dito e feito, ontem me mandou uma mensagem pra eu devolver a chave, que segunda que vem seria meu último dia e que depois dos acontecimentos não daria pra eu continuar na casa dela, eu respondi que a entendia e que levava a chave no outro dia que ela não precisaria se preocupar que eu entendia e respeitava a decisão dela e esperava por isso.

Também pensei: ela quer que eu vá mais uma segunda com que clima? Ou só por que ela quer que eu passe aquele monte de camisa social do marido? Porque eu passo umas 7 por semana... essa semana não passei, deve ter umas 14 me esperando lá... e vão continuar...

Então, aí eu fui lá na casa dela levar e nem ia entrar na casa, só deixar a chave e ir embora, não tinha mais o que falar, eu estava arrasada com tudo... mas ela quis que eu entrasse e começou:  ela disse que o pior de tudo foi eu não ter falado no telefone que a menina tinha caído, porque acidentes acontecem (do gás)... aí eu expliquei pra ela que não lembrei de falar no telefone porque a menina estava bem e eu não quis preocupá-la, aí a mulher virou bicho e disse que quem tem que decidir se fica preocupada era ela, não eu, que eu ESCONDI que a menina tinha caído e que quando ela chegou, além do gás, dá de cara com o machucado no rosto da menina e que claro que eu não entendo, eu não tenho filhos, eu não poderia entender.

Nossa, fui pro ponto do ônibus desolada, chorei lá... porque, poxa vida, ela não precisava arrasar tanto assim comigo, eu não lembro se ela sabe minha idade, então, se eu tinha dito, já deixa claro a indiretinha dela, eu só dizia pra ela "tudo bem" "eu entendo você" (eu vou ser canonizada ou não?)
Fiquei no ônibus chorando pensando "realmente eu não tenho filhos, não sei se os quero, mas se ela soubesse que se eu quiser, eu talvez não consiga ter (tenho problemas hormonais que dificultam que eu engravide e a idade já não ajuda), será que isso teria deixado ela menos seca comigo ou ela usaria isso ainda mais pra me cutucar?

Fiquei muito triste com tudo, não queria que tivesse acontecido o que aconteceu, gosto das crianças... foi um grande descuido que eu tomo agora como lição para tomar mais cuidado agora.

 Eu sei, eu fiz besteira, mas que fogão de merda que não é seguro! e outra: p*rra, a menina estava bem!

Fiquei pensando que no Brasil, não me lembro de uma mãe ficar tão louca porque o filho caiu... caiu, levanta, brinca de novo... não consigo mesmo entender isso, talvez porque eu não seja mãe... mas o problema é que

poxa vida, minha vida é só patada nessa terra?
Até quando vou continuar teimando em viver aqui? Quero teimar até o final do ano, será que consigo?

3 comentários:

  1. Ah, fala sério... a mulher ficou mais transtornada por causa do machucado no nariz da filha?! Esse pessoal aí (e aqui) é muito frescurento com filho.

    Realmente, vendo tudo isso que vc tá passando por aí (por aqui ou pelo twitter), nao sei como vc tá aguentando ficar aí. Eu já teria voltado a tempos! Mas eu ainda espero que as coisas mudem até o fim do ano.

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  2. É radical, mas cada vez mais acho que quem tem a cabeça no lugar não quer arriscar a colocar filhos neste mundo. O que resta são pais/mães irresponsáveis que estão pouco se lixando e não sabem impor disciplina. E no primeiro sinal de alguma coisa errada, é mais fácil pra esses pais serem rudes com terceiros que admitir que não conseguem criar os próprios filhos sem nenhuma ajuda externa.
    Se cuida! ;)

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  3. Situação delicada. Entendo seu ponto de vista, mas também compreendo a mãe. Enfim, já aconteceu, passou. É complicado alguém sem experiência nesse tipo de trabalho tirar tudo de letra também, né?

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