quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

1 mês de volta ao Brasil

Amanhã, exatamente, fará um mês que estou de volta ao Brasil.

Calma! Ainda tenho muito o que contar, esse blog não acaba assim, falta muita coisa ainda... mas talvez o meu antigo blog volte a funcionar, tudo depende de o quanto eu consigo me virar em atualizar tanta coisa, mas por enquanto tenho o que contar de lá e da minha readaptação de cá.

O que mais tem sido difícil pra mim é a educação das pessoas.
Depois que você se acostuma às pessoas evitarem qualquer tipo de contato com você - não no quesito antissocial, mas sim no quesito, respeitar seu espaço. O inglês tem um jeito diferente de dizer que te respeita, e eles têm o maior respeito para não encostar em você e te aborrecer.
Para eles é simplesmente ruim esbarrar em alguém, mesmo que seja numa balada todos estejam bêbados, ele sempre dirá: sorry! I am so sorry!

O brasileiro não, parece que faz questão absoluta em te esbarrar e praticamente se esfregar em você pra mostra a presença dele.
Nem em ônibus cheio um inglês esbarra em você e se isso acontecer, ele falará sorry e ficará muito, muito sem graça.

Então, você começa a andar por aí e todo mundo quer passar literalmente por cima de você num frenesi (nem é o filme do tio Hitch) maluco para estar na frente, na frente na entrada do busão, na entrada do metrô (do trem eu nem falo) passar na sua frente na escada, passar na frente na rua...
Brasileiro parece ser um total obcecado para que fique sempre na frente, sempre levando vantagem em tudo, nem que seja na calçada atropelando a velhinha que vai de bengala.
E aí começa a te empurrar com o corpo, com a bolsa, com o que puder porque ele TEM que ficar na frente, mesmo que ele vá descer no ponto final, na última estação, ele quer ficar na sua frente, na porta, ele é o porteiro-mór.

A linguagem que as pessoas usam, pelo menos como eu moro em findomundópolis..., vocè só ouve imbecilidades, conversas totalmente baixas e muitos, muitos palavrões. O brasileiro não tem vergonha de expor sua vida pra qualquer um. É legal andar no trem e falar do cara que pegou, da mina que catou, da vizinha que quase você meteu a mão na cara.


As pessoas tomam conta do seu espaço e do outro em bancos, filas e tudo mais.


Segunda-feira, no trem, um cara estava com um altofalante e foi o caminho todo tocando a porcaria, quando desceu em Itaquera (Curintia!! aeee!) talvez alguém tenha avisado aos guardas do que o cara fazia, mas quando o cara desceu em Itaquera ele mostrou a língua por guarda!!!!!!!!!

Daí que educação não é só o problema, o problema é que quem tem que cumprir leis, não as cumpre, faz papel de idiota e, vai continuar sendo chamado de coxinha enquanto fizer vista grossa pra tudo. Nunca em Londres um cara sairia sem algum tipo de advertência, no minimo, por ter feito de bobo uma "autoridade". E olha que nem arma eles usam.
Mas existe algo lá que não existe aqui e é muito grave: respeito. E que se faça respeitar.

Não é proibido agora o celular no banco?
Fui na CEF e várias pessoas receberam ou fizeram chamadas na minha frente, na cara do guarda que fez, novamente, vista grossa.
Eu acredito que um dos bancos onde as pessoas devem ser mais assaltadas seja a CEF, por conta do FGTS etc, e deveria ser o local que mais essa lei deveria ser cumprida.

Lei não pega no Brasil porque não é cumprida e quem deveria garantir seu cumprimento finge que não tem nada com isso.

É medo?
Bem, a maioria dos funcionários públicos não parecem ter medo e deixam em todas as repartições que desacato a eles dá cadeia ou multa. Então, quando um segurança ou policial vão se mexer e fazer o mesmo e fazer valer o cumprimento de leis?

Vai dizer que vem de cima?
A lei veio de cima, agora é cumprir.

O transporte público é ruim e caro. As novas estações do metrô da linha amarela consigo enumerar o que tem de errado, como a plataforma pequena e com a escada rolante quase em cima do trilho, um mix de metrô de Paris e Londres, mas onde as plataformas são realmente espaçosas nas estações mais novas.
Mesmo assim, ainda achei boa a linha e ela até está tentando colocar o povo pra ficar na escada rolante do lado direito, se "pegar" vai ser ótimo!

Você começa a ver as condições de trabalho e vida das pessoas e percebe a diferença gritante.

Não soube da existência de uma "cracolândia" em Londres, mas sei que eles são muito coerentes e certinhos e não fariam essa coisa de jogar todo mundo na rua sem ter pra onde ir e continuarem a se drogar cidade a fora.
Por mais que não pareça pelos meus relatos, Londres acaba sendo muito mais humana nesse tipo de caso.
Londres não foi humana comigo porque vivi cercada sempre, infelizmente, de brasileiros que, como eu disse lá no começo, só querem levar vantagem em tudo e muita, muita falta de sorte (acho que não era pra eu viver mesmo lá, destino, talvez).

Os preços das coisas também me assustam e é engraçado lembrar que McDonalds aqui tem status classe média... enquanto lá é comido em larga escala por ser barato e considerado ruim, mas algo como um mal necessário. Os atendentes aqui tem um sorriso no rosto, os de lá, chegam até a serem sarcásticos e parecem te odiar por entrar na loja. Daí as lendas de que eles fazem de tudo com o seu prato antes de chegar em você e nem quero saber o que fizeram com o meu!

Claro que já estranhei o calor - o "frio" dos dias chuvosos que só andei de camiseta e minha mãe falando pra eu pôr uma blusa porque estava 20 graus (e isso era o máximo da felicidade pra um inglês) - não peguei um verão forte por lá, mas entendo perfeitamente porque o inglês gosta tanto do verão e até do horário de verão: eles mal conhecem dias quentes e no verão, quando tem sol até as 9 da noite é a alegria total! Afinal, agora, deve estar escuro às 4 da tarde por lá...

Fiquei pondo na balança tudo.
Por enquanto, o melhor pra mim é ficar aqui.
Porque é cômodo: tenho um quarto pra mim, tenho todas as minhas coisas por perto e o principal: tenho amigos de verdade e família do lado.
Não me sinto tão solitária como me sentia lá, mas aprendi muito com essa solidão, ela me ajudou a encarar as coisas de outra forma.
Talvez até de uma forma ruim, quem sabe?
Porque eu percebi que não preciso de ninguém e já não me importo muito.
Não, calma!
Com as pessoas que amo e sei que gostam de mim nada mudou. O que mudou é com o restante, já não me importo tanto se vão ou não gostar de mim, se falam isso ou aquilo: que se dane!
Parece que criei uma carapaça, fiquei mais dura pra enfrentar as coisas.
Até minha fluoxetina eu parei há meses e não estou tendo problemas de depressão... mesmo com minha volta que pensei que teria que tomar assim que comecei a ouvir os noticiários da TV...

A questão da segurança também mexeu comigo: no primeiro SPTV que assisti, virei pra minha mãe e falei: quero ir embora!
Nos primeiros dias, pensei que ia ter uma síndrome de pânico.
Saí para resolver coisas e escondi meu computador, máquina fotográfica, ipod e tudo mais de medo de ser roubada, coisa que não faria antes...
Mas você desacostuma a ouvir a todo momento falar de assaltos, sequestros, mortes e roubos...
E isso é muito estranho!
É muito estranho ter ônibus noturno e chegar em casa às 3 da manhã andando duas quadras a pé sozinha. E aqui ter medo de sair de dia pra ir na esquina.
Cheguei a reclamar com a minha mãe por terem falado pros vizinhos que eu estava em Londres, falei: vão fazer um sequestro relâmpago comigo, vão achar que ganhei dinheiro em Londres!

Mas agora passou, estou mais calma.
Meu medo agora é ser ainda mais intolerante com as coisas erradas do Brasil, afinal, eu descobri que SIM existe lugares em que as coisas são feitas de acordo com o que deve ser e existe um respeito mútuo...

Meu primeiro passo intolerante já estou pensando em dar: nunca mais votar e só pagar multa.
Acho que o noticiário fez  mais mal pra mim do que um monte de gente esbarrando em mim a todo momento... mas o tempo dirá o que vai ser...
E se for pra voltar pra Londres, eu já digo: só morando sozinha, não divido quarto nem casa com ninguém, muito menos se for brasileiro! Esses, eu pretendo ver beeeem longe se voltar pra lá.
Claro, tirando algumas raríssimas exceções, não mais que umas 3 ou 4 pessoas.

Dividir quarto foi a pior experiência que já tive na vida.
Até brinquei dizendo que nem com o Gerard Butler eu dividiria quarto.

Mas em breve saberão de mais traumas que minhas roommates me trouxeram...

Em resumo: só volto pra Londres se for pra ter vida, senão fico aqui que tem gente que ainda me atura rs
Ou quem sabe uma tentativa em Edimburgo, um dia, quem sabe?

2 comentários:

  1. E olha que vc mora em São Paulo. Mês que vem to indo pro Rio e já to morrendo de medo. :S
    Eu lembro que qndo eu ia p/ SP, eu me sentia tão segura. hehehe
    Bom saber que vc parou com a fluoxetina!

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  2. imagino eheheh há qto tempo não vem ao Brasil?
    parei com a flouxetina, mas ultimamente penso em voltar... outros problemas... :/

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