terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Marciana... e quem foi que disse que as mulheres são de Vênus?

Marciana é o exemplo perfeito do imigrante que o único objetivo é juntar, pensar, falar e se obcecar por dinheiro.
Ela está há quase 7 anos em Londres, chegou com um filho de 9 anos que, quando fez 15 (ano passado) não quis mais ficar, mas vocês entenderão o porquê...

Como boa parte dos imigrantes sem formação alguma no Brasil, ela também mente ou manda a família mentir no Brasil sobre seu trabalho: faxineira "horista", como já expliquei que diarista aqui não existe. No Brasil, a mãe diz para todo mundo que a filha é babá de uma família bem sucedida espanhola e que a filha fala o inglês e o espanhol na casa. E não que ela fala o português da maioria: pra MIM comprar, pra MIM ganhar... e assim por diante além do famoso bordão que ela sempre usava: "o tempo não passa, Avoa em Londres".
Avoa é a mulher do avon, né? Pois é...
Não que tudo isso fosse problema se ela fosse uma pessoa humilde. Se você é humilde, diz que estudou pouco e tenta aprender o correto, eu sempre lhe verei como uma pessoa boa e esforçada, mas quando você mente e ainda por cima quer dar aula de "ingrêis", portunhol e português pra mim, perdeu! perdeu!
Além de querer da aula de lição de moral ou qualquer outra coisa sem ter o mínimo de, digamos, jeito pra coisa, por favor: não se meta no meu caminho porque eu não aturo!

Uma das palavras mais famosas no meu twitter é: puMbi.
Quem ainda não sabe, Marciana queria dizer pub.
Como ela nunca se mostrou uma pessoa que quer aprender o correto, deixamos que falasse errado, ela se achava superior, então... pumbi é pumbi!
Ou pãmbi, na sua pronúncia que daria inveja à duquesa de Cambridge. A qual marciana diria: QUEM???

Sim, quase 7 anos no Reino Unido não fizeram com que ela soubesse algo do lugar onde estava, como muitos dos brasileiros ilegais (e acho que legais também) que lá vivem (sim, já estou no Brasil, primeira postagem aqui).

Marciana é o tipo de pessoa que confia em quem não deveria e desconfia de quem não merece desconfiança...
Por exemplo, em seus 6 anos dividindo casa com brasileiros, ela acreditava mesmo que alguns dos seus "convivas" eram ricos no Brasil - e, pelo menos, 3 contaram essa história da Carochinha pra ela - diziam ser fazendeiros em... adivinhem...
E uma dessas tantas vezes eu perguntei:
Como assim se ele é filho de fazendeiros vem trabalhar como cleaner em Londres? Não era pra vir pra estudar e morar sozinho?
E ela:
Você não está entendendo! Ele quer ser independente da família! Fazer as coisas dele! Fazer a vida dele! Está batalhando!

Sei... acredito... e... não saber falar inglês, né? A família má nunca pagou um curso pro coitado que vivia rodeado por ectares e ectares de terra e cabeças de gado... devia até estudar na escola da fazenda, nunca foi até a capital... que judiação!

Ela acreditava em coisas imbecis como essa... e realmente, ouvi outros brasileiros contarem essa asneira de serem ricos no Brasil e trabalharem na faxina etc em Londres... mas... era eu só fazer a minha cara de "como eu acredito em você, tá escrito trouxa na minha testa?" que paravam, mudavam de assunto ou tentavam dar como verdadeira essa história pra outro...
Comigo, só mostrando a escritura da fazenda, que ainda assim desconfiaria se era verdadeira...
Bem, a pessoa pode ser rica e querer fazer sua própria vida, claro, mas se você fica ilegal em Londres, por favor, né? E se teve tanto dinheiro a seu favor, nunca aprendeu nem a falar sua língua direito?
Me engana que eu gosto! Já diria Marciana!

Ela ficava a noite toda brigando com os filhos no Brasil.
Ela e a Bruxa e ainda ouvi uma mulher no ônibus também fazendo isso: se eu estou pagando tudo e me matando aqui, vocês têm que fazer o que mando aí no Brasil! (acho que é melhor fazer uma postagem só sobre isso...)

Minha outra roommate, a quase do bem (claro que isso vai ter postagem rs) tentava ser legal com ela na maior parte das vezes, ela como uma pessoa extrovertida, tentava animar Marciana para fazer outras coisas que não apenas juntar dinheiro pros filhos gastarem no Brasil.
(Marciana acredita piamente que ainda vai comprar uma casa BOA e MOBILIADA DO JEITO QUE ELA QUER e ainda ter um carro BOM na garagem no Brasil, depois de 6 anos em Londres e mal conseguir comprar um apartamento num local que foi um lugar de brigas entre polícia e ex-moradores que lá tinham se assentado - na zona leste de Sampa - ela tentou comprar e não deu certo, então... )

Bem, a roommate tentava animá-la a sair com a gente nos finais de semana.
Marciana sempre cuidava do que fazíamos, sempre dava um jeito pra "jogar o verde" pra descobrir, como se não soubéssemos que ela estava se mordendo de curiosidade pra saber onde estávamos, mas muitas vezes nem adiantava dizer, ela simplesmente não sabia onde ficava a maior parte das coisas em Londres, só conhecia  "ócsfórrrdí" porque era lá a agência de remessa de dinheiro pro Brasil e alguns outros pontos que ela era obrigada a passar de busão pra ir até a Oxford St.
(as filhas devem ter passado o Natal com ela e no telefone ela falava pra filha: o que vocês vão fazer no Natal aqui? ué? eu vou fazer um almoço e a gente vai ficar aqui em casa, não tem NADA pra fazer em Londres - né verdade?)
Ela também cuidava se chegássemos mais tarde que o horário costumeiro de semana e, se ela pudesse, cuidaria até do que fazíamos quando ela não estava presente.

Numa dessas "animações" da roommate, que adorava mostrar as roupas etc que comprava nas lojas em liquidação depois do boxing day, Marciana também se animava e comprava coisas que via na casa das patroas.
Ela comprou uma dessas bandejas de plástico (tipo loja de um real) com a Union jack flag (QUÊ???? HÃ??? diria Marciana) e falava toda feliz:
Vocês não acham o máximo, super chique levar pro Brasil pra receber as pessoas na minha casa?

A Roommate sempre dizia "fan-tás-ti-co" (era a palavra preferida dela), ela queria encorajar Marciana, deixá-la alegre, eu no começo também queria porque sabia que ela sofria por estar longe dos filhos, mas quando você começa a conhecer melhor as pessoas você entende porque os filhos devem preferir ficar longe...
Achei brega, claro e uma coisa que na 25 você vai achar, não precisa trazer de Londres, foi feito na China mesmo!

Daí, numa dessas compras, Marciana comprou um livro absolutamente interessantíssimo e muito bem feito sobre a Segunda Guerra, capa dura, páginas com fotografias e documentos de época. Ela tinha visto um igual na casa de uma das patroas e comprou, falou que era muito "fã" da Segunda Guerra que sempre pesquisava sobre o assunto e tudo mais.
E então eu olho pra capa e digo:
Churchill!!!
E ela: HÃ????
Churchill! O Primeiro Ministro na Segunda Guerra!
E ela continuou com cara de paisagem... parecia que eu acabei de falar em grego com ela... quer dizer, em inglês.

Marciana queria ser igual suas patroas ou melhor - mania de toda brasileira em Londres ou no Brasil... e que deveria mudar, cada um ser o que é e não ser igual ao outro ou melhor -  então, comprou o livro porque deveria ser chique tê-lo e não porque, talvez, alguém da família dessa patroa presenciou a Guerra... imagina! Não pode ser História da família da patroa, é minha também! Meu pai foi amigo do Churchill... quem?

Com essa história de Marciana ser "fã" da Segunda Guerra e morávamos super perto do Museu da Guerra, a Roommate sempre falava de irmos, mas com a Marciana junto. Ficava na minha, estava me adaptando à casa e tentando fazer amigos.

E fomos! Depois de inúmeras vezes que Marciana não pode, conseguimos.
O Museu, para quem gosta de História é maravilhoso! Eu adorei!
Mas só eu levei a câmera para tirar fotos...
Daí Marciana queria MANDAR nas fotos que eu tirava, falando pra tirar foto daqui e dali, porque depois ela ia querer as fotos pra pôr no orkut...
Já cheguei de saco cheio, já tive que virar fotógrafa dos outros na entrada, onde tem até um pedaço do muro de Berlim, mas marciana queria tirar foto do jardim e os canhões do jeito dela (depois quando viu a foto que tirei e pus de capa do álbum ficou: é, você tirou uma boa foto, né?)
Você querer tirar fotos suas é uma coisa, outra coisa e encher o saco falando onde e como quer as fotos e ainda queria que EU fizesse pose pra ela tirar fotos minhas tipo... na frente de canhões... adoro!
E naquele momento da minha vida, eu estava passando por uma crise brava de depressão... amigos chegados devem lembrar de como fiquei, afinal, não dormi à noite e dividir quarto num moquifo não era nenhum pouco fácil.
Daí ela queria que eu fizesse pose pra fotos e eu falava: ESTOU GORDA! e ela ficava falando que eu não tinha que ficar deprimida que isso, que aquilo, pra eu me animar...
Really? No Museu da Guerra na frente de um canhão?

Bem, resumindo, visitar o Museu foi uma bosta com elas. A Roommate já tinha visitado com umas amigas e ficou dando uma de guia chata de turismo que controla sua visita, sabe?
Ah, essa galeria é chata! Só tem quadros! Vamos pra outro lugar.
Que ódio!
Eu estava em menor número e tentando ser legal, mas quando vou num lugar como esse e GRATUITO eu quero ver tudo!
E, claro, galerias têm quadros...
E a cada sala que passávamos, as duas entendiam muito pouco e eu toda animada só dizia "ah, isso é aquele acontecimento tal, igual no filme tal" e as DUAS com cara de paisagem e eu:
Vocês nunca viram a Lista de Schindler? Resgate do Soldado Ryan? O Pianista? Arquitetura da Destruição (é, esse eu forcei ahahaha) etc; não sabem quem é Anne Frank?

Quase virei pra elas e disse: por que vocês não morrem e me deixam curtir esse momento de cultura em paz? Se vocês dizem saber bastante da Segunda Guerra não precisam de mim...

Em um dos momentos altos da visita, Marciana vira para a Roommate e diz: nossa, essas crianças morreram de anemia! (vendo uma das fotos de uma das salas de exposição)
E a Roommate ri a plenos pulmões fingindo ser de outra coisa que ela lembrou e eu de saco cheio, já não prestava mais atenção nas placas etc
deixei passar...
Ela foi me contar em casa que estava escrito "enemy" (inimigo, Marciana, é inimigo em inglês!) e Marciana achava que era anemia...
Perdi a piada bem na hora que aconteceu!

Em um dos locais, havia como era a vida nos anos antecedentes à Guerra, uma casa montada no estilo inglês da época e tudo mais, além de uma estrada de tijolos amarelos e uma tv na parede passando cenas de O Mágico de Oz, 1939. E Marciana simplesmente NUNCA tinha ouvido falar do filme...

Foi aí que eu fiquei ainda mais indignada...
Como alguém que nasceu em 1962 (gente! ela nasceu numa época de mudanças!) nunca na vida tinha ouvido falar em Mágico de Oz e nunca visto nem a propaganda da exibição dele na Globo??? Como????

Daí eu tirei a conclusão: ela não é desse planeta!
Ela é de Marte!

E daí surgiu o apelido...

Não se preocupem, logo vocês saberão ainda mais dessa figura... como no episódio, do show dos Manic Street Preachers, em Brixton, que ela falou: mas você vai naquele bairro de PRETO?

Detalhe, Marciana é afro-descendente.

2 comentários:

  1. nunca ouviu falar de magico de oz? até minha avó viu esse filme!!
    Eu achei que o nome dela era Mariana ou algo parecido com Marciana. hehehe :S

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  2. eheheh eu sempre tenho um jeito pior de inventar um apelido rs devo surtar pra inventá-los ahahah como qdo conhecer a darthvedrina rs

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