domingo, 9 de outubro de 2011

Mês de Janeiro, Londres, Zona Centro Sul (Parafrasendo os Racionais)

Pessoal da feira: Vamô chegando!
Já diriam os Racionais... mais um pouquinho...

Sim, é verdade... eu morava numa Cohab e sim, tinha um feira na rua do lado, a East Street onde, curiosamente nasceu Charles Chaplin. E esse mesmo lugar se tornou um rua com uma feira numa parte e várias "cohabs" por sua extensão até a outra ponta, que era melhor do que a ponta onde eu morava, caminho para Canberwell Green.

Ah! Toda feira, ou market em rua é assim aqui: a rua todo dia é tomada pelos feirantes, só segunda a rua é livre... bonito, né? uma maravilha morar em rua de feira, ainda mais aqui, 6 dias por semana...

Final de dezembro, como eu havia contado, fui morar há dois pontos de ônibus da estação de Elephant & Castle. Uma região boa por ser muito perto do centro de Londres, em 10 minutos de ônibus você está no Big Ben e mais um pouco na Trafalgar Square. A localização é excelente, mas o lugar onde morava, horrível!
Não é que eu tenha preconceito da Cohab, morava no meio de várias em Sampa, a questão é que o negócio por lá era realmente feio e eu contarei porquê, calma!

Fui morar lá por não ter mais nenhuma aula particular pra me sustentar, estava realmente com a corda no pescoço quando perguntei para a Marciana se as outras meninas do quarto que ela tinha me oferecido e eu não quis - relembre as postagens... - aceitariam uma terceira no quarto.
De 65, elas e eu, pagaríamos 50 libras, seria bom pra todas.

Quando não aceitei, veio uma outra menina para o quarto, a qual pertencia a mesma igreja de Marciana, mas mudou-se porque o emprego dela era na zona norte de Londres, ficava longe...
Mas eu acredito que era porque ela não estava aceitando bem ou o controle de Marciana ou ficou de saco cheio da roommate, que agora vocês irão conhecer: a Bruxa do Centro-Oeste!!!!

Uma observação sobre essa garota: era uma ignorante imbecil!
Sim!
Ela tinha vindo com visto de turista pra cá (novidade!!!) para trabalhar de babá para uma prima que era casada com um cara de dinheiro (morava na região de Maida Vale, St John's Wood, algo como morar em Moema ou Itaim Bibi em Sampa) e precisava de uma babá, chamou a prima que virou escrava. E isso é muuuuito comum aqui: ela  ficava com a criança todas as horas do dia e da noite e ganhava uma miséria, porque morava com a "família" e estudar, não conseguia porque tinha uma criança pra cuidar.
A menina resolveu pedir ajuda para o pessoal da igreja que arrumou a casa da marciana e estava vendo um novo emprego pra ela.
Região em questão  é onde fica duas ruasfamosas no mundo da música: Warwick Avenue e Abbey Road.
Quando a imbecil me disse que morava perto da Abbey Road eu fiquei surpresa e falei de ser a rua dos... e ela já me cortou e disse:

É aquela rua mesmo que aqueles imbecis ficam tirando foto na rua e pichando o muro, bando de babacas! Nem sabem que ficam lá tirando foto (sic) e depois pintam aquele muro toda a semana! Bando de gente idiota! O que escreveram já era!

Quando passávamos pela rua e aparecia alguém vestido de algum jeito mais diferente ou as inglesas andando de bicicleta de saia (sim, elas fazem isso) ela ficava: olha que ridículo!
E eu só pensando: e você com esse seu cabelo destruído que nunca corta, com cara de ter mais de 40 e é mais nova que eu, com roupa de velha, parece o que, hein?
Daí ela estava preocupada porque precisava do dinheiro pra residência e o Insurance Number (lembram dele?) e que iria custar 100 libras...
E eu, muito da ingênua perguntei (e eu acho que já citei essa situação por aqui):
Tudo isso? Mas por quê?
E ela: é falso!
Mais um ilegal nessa Londres... e quem era mesmo o imbecil?
E aí ela falou que precisava fumar, disse pra eu não contar pra Marciana, mas era a única coisa que ela ainda não tinha conseguido se livrar e que o povo da igreja não poderia saber.
É claro que disse que não falaria e não falei, não era problema meu. Mas aí a ingênua era ela se achava que não Marciana não ia perceber o cheiro de cigarro... qualquer um que não fuma sente fácil o cheiro...

Eu conheci essa garota, Marciana me apresentou a ela para procurarmos emprego juntas, daí os diálogos acima. Fomos procurar um pub de brasileiros e poloneses em Victoria Station, centrão londrino, algo como trabalhar na região da Sé e República em Sampa.
Na casa, além de Marciana, a Landlady, essa garota e a Bruxa, também havia um terceiro quarto de um casal polonês. O polonês em questão falou sobre esse emprego para Marciana que nos avisou, as indicações do emprego?
Facílimas!
O pub - ou 'pumb' como diria Marciana, sim, ela dizia e deve dizer se ninguém a corrigiu "pâmbi" - ficava na saída da estação de Victoria, perto de um mercado Sansbury's e da Orange (mobiles).
Muuuuuito fácil!
Qual saída da estação de Victoria? Deve ter pelo menos 4, qual Sansbury's ? Havia 2 e não achamos nenhuma loja da Orange nesse lugar... andamos como camelas pela região e nada de pub de brasileiros e poloneses...
Nada!
Para depois a Marciana dizer que o pub era "orange" e não perto de uma Orange, e disse com uma cara de desconfiada, achando que não achamos porque não quisemos... uma das maiores irritações do tempo que morei com Marciana era isso: sempre, mas SEMPRE ela desconfiava da gente...

Bem, a menina foi, e veio outra, a Roommate do Bem, como comecei a chamá-la quando falei dela no Twitter, até pensei em ser Rutinha, porque a outra era a Raquel...

Com a Room do Bem e a Bruxa do 21 (nosso flat) eu fui dividir minha vida.
Marciana era de Marte, mas não era boba: o quarto dela, era só dela.

Então era assim começou meu ano de 2011 em Londres: um apErtamento caindo aos pedaços literalmente (em breve fotos, vão se preparando psicologicamente...), 3 quartos com: 1 marciana, 3 estranhas e 1 casal polonês; uma cozinha minúsculas com janelas que não abriam, só a parte de cima e a fumaça da comida impregnava por todos os (in)comôdos e nos casacos de quem deixava no lugar perto da porta, um banheiro só com o "toilet' e outro com  pia e a maldita banheira (é costume aqui nas casas divididas por muitos a privada ser separada da banheira, para não haver muitos problemas, só o problema de não ter pia e a pessoa sair do vaso e ir lavar a mão na pia da cozinha... claro, quando lava a mão ou quando resolve escovar os dentes na pia da cozinha). Ah, nos banheiros também só se abria as janelinhas finais e muitas vezes, Marciana e Bruxa sentiam frio e fechavam até a janelinha única do toilet, o que eu acho uma grande ignorância, afinal, banheiro tem que ficar com janela aberta até quando o inverno está tenebroso, porque... nem preciso dizer... ou preciso?

Os apelidos logo vocês entenderão...

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