terça-feira, 26 de maio de 2015

O povo da escola - parte 2 Hampstead Heath e o Jeitinho Brasileiro

Depois que Badooa deixou JerusalemE serguir o caminho dele e encontramos a outra amiga dela em Victoria Station...

A menina também esculachou com Badooa, falando que nunca mais combinava nada com ela, nem eu... depois daquele dia, toda vez que Badooa falava "vai lá pra casa pra sairmos" nunca mais aceitei.
A moça parece que já a conhecia bem e já tinha passado pelo mesmo com Badooa outras vezes.

Fomos pro parque, demoramos séculos para chegar de busão lá, ainda mais que no meio do caminho passávamos por Camden Townn, totalmente abarrotada de gente.

Chegamos lá e o povo já achava que não iríamos mais e contamos o que Badooa tinha aprontado.
O povo já tinha comido, estávamos todos sentados na sombra e os ingleses todos no sol, sem protetor...

O parque é muito legal, enorme! Como a maioria dos parques ingleses. A diferença é que ele é de mata natural, original da região e tem lagos. Lagos que alguns (muitos ingleses) se aventuravam em nadar.
Eu como não sei nadar bem, não me arrisco.
E outra: havia uma fila para pagar 3 libras e mergulhar.
Três libras que você paga a uma simples máquina sem fiscal.
Adivinha se os brasileiros que estavam comigo (todo mundo) ficaram na fila e pagaram para nadar?

Claro que não! Brasileiro dá jeitinho no mundo todo!
É tipo o Impostor do Pânico: vamos sacanear o mundo porque somos brasileiros! Somos fodões!
Bonito! Lindo!
Só mostra o quanto somos respeitosos e educados... ou você acha que atitudes como essas são bem vistas?
Conheci muito estrangeiro que só de saber que eu era brasileira já me olhava de lado.
Primeiro porque não achavam que eu tinha aparência de uma... na maioria das vezes chutavam que eu era italiana (na França acharam que eu era inglesa rs).
Mas a maioria vê brasileiro como enganador (ou trabalhador quando vê pelo lado bom), brasileiro é visto como traiçoeiro. Esqueça país do futebol e mulheres lindas. Ninguém fala disso!

Uma espanhola me disse sobre o irmão que saiu com uma goiana (ihhh!): she is a bitch!
E ela explicava que por mais que eles (europeus) sejam desencanados, os brasileiros - e brasileiras no caso - acham que é só ir chegando e agarrando, beijando.
O que pra europeu é desrespeitoso.
Você tem que se apresentar, bater um papo pelo menos... não essa coisa de já sair agarrando.
(claro que eles vão pra cama com qualquer um, mas perguntam o nome rs)

Voltando...
O povo se gabava de ter passado por toda a fila.
Como bons brasileiros não paramos de reparar e rir - inclusive eu, porque aquele povo de cueca e calcinha sem canga era muuuito estranho... fora as meninas com o que chamei de maiô Brigite Bardot - depois vieram me dizer que isso era vintage... é, povo em Londres é estiloso, vai com o maiô da avó no parque e dá o nome de vintage... não que não seja estiloso, depois que você entende esse negócio de estilo londrino... acabei incorporando muito disso hoje, mas no começo é tudo meio estranho e engraçado.

A doce professorinha (aquela que só me dava patadas na escola e em todos) estava com seu marido (que também levava umas patadas dele que olha... deu dó...) que levou um amigo, que tinha uma namorada que trabalhava nas famosas vans e na cara dele, ela babava nos caras que achava interessante, quase indo lá falar com os caras (adivinha de onde ela é...), mas como eles eram malhadões não pareciam muito interessados em outra coisa que não se exibir, logo ela concluiu que eram brasileiros e gays...

Enquanto ele, o namorado, de outro canto falava que não existia mulher como a brasileira, não mesmo!
Tinha uma povo realmente parecendo brasileiro que estava entendendo toda aquela graça, mas não vieram até a nossa sombrinha se "confraternizar".

Como disse: até eu ria. Só ria porque nunca tinha passado o verão lá e visto gente de roupa de baixo tomando sol até ficarem pimentão - ingleses são loucos por sol que nem protetor passam e ficam lá se queimando até dar câncer de pele... tadinhos... nunca veem o sol e quando veem ficam assim, alucinados por ele...
Foi um domingo divertido que terminou numa churrascaria brasileira próxima, o povo tinha dito que ela fazia propaganda na Record internacional e se decepcionaram: ela parecia maior e melhor no comercial.
Eu que não conhecia e não comia tanta carne - isso queria dizer um pedacinho de cada - há tempos, passei mal... muito mal... pensei que não chegaria até a cobah...
Tem coisas que realmente você desacostuma, como feijão... imagina depois de meses sem comer como eu fiquei numa feijoada que fui... (e olha que não gosto de feijoada, mas a saudade de feijão era maior... e deu no que deu...).

Pensei que a partir desse passeio seria mais querida pelo pessoal da escola e convidada pra mais passeios... ledo engano...
Será que foi porque eu só ria e não comentava?
Será que ficaram com ciúmes de mim? (o que eu sempre duvido)
Será que eu sempre tenho um jeito mais reservado que dá a impressão de me achar mais que os outros?
Sim, eu penso isso: será que ser reservada por ter percebido que ninguém ligava para o que falava me tornou, aos olhos dos outros, uma pessoa que se achava mais?
Não pode ser... se fosse assim, por que eu iria querer fazer amizade com eles?

Eu só queria fazer amigos e me sentir menos só em Londres, só isso... me sentir um pouco fazendo parte de algo... quase uma coisa de adolescente... de ter uma identidade, talvez... mas pra mim era uma luta inglória...
Doía demais aquela solidão e eu não conseguia fazer amigos...

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