segunda-feira, 12 de setembro de 2011

3 meses pra voltar ao Brasil

Exatamente de hoje há 3 meses estarei novamente no Brasil.

Existem dois lados pra comentar.

O primeiro é que muitas pessoas, quando digo que estou voltando acham super cedo minha volta. Muita gente que está aqui há um bom tempo diz que o primeiro ano é assim mesmo, depois as coisas entram nos eixos...
Pode até ser, só que eu acho que não tenho idade e nem saúde para esperar mais.
Tenho 36 anos, já percebi que envelheci horrores aqui, além dos 8 kilos a mais...
Não me reconheço quando olho no espelho e nem nas fotos que tiro.
Vejo uma mulher pálida, gorda e feia.
Que deve estar cheia de varizes na pernas (mas nem olho pra não me deprimir), com algum problema de coluna, com toda certeza, pelo "colchão" que dormia na casa da Marciana - e logo vocês saberão mais sobre minha cama de faquir...

Eu acho que se tivesse 10 anos a menos, talvez eu arriscasse ficar mais tempo, tipo, ver se as coisas realmente entrariam nos trilhos... mas não tenho, além do que disse acima, não tenho paciência...

Acho que depois de todas as humilhações e sufocos que passei aqui não tenho pique para aguentar mais...
Semana passada mesmo eu estava deprê total - acho que foi a tpm, mas... tem horas que é muito barra pesada estar sozinha num país já não tão estranho, mas sem com quem contar, sem ter onde chorar tranquila...
Ah, que saudade de chorar na minha cama! Nunca mais tive essa privacidade... acabei chorando em banheiro e ou na rua... que se dane, os outros não me conhecem...

O que acontece é que muita gente por aqui (Londres) não me entende...
Não só por tudo que falei acima, mas porque muitas pessoas vieram acompanhadas, estão com família, amigos, namorado, alguém que dê um apoio, que ajude nos momentos críticos e eu não, eu vim sozinha e continuei sozinha.
Fiz amizades, mas não é a mesma coisa de passar muita raiva e correr pra contar, ainda são amizades muito novas e que, a maioria das pessoas, como não passaram pelo mesmo, não conseguem, mesmo, me entender.

O segundo ponto é o do outro lado do Atlântico.
Voltar e encontrar minha família não será fácil. Os problemas que deixei continuam lá e prefiro eles a estar aqui, pelo menos é sofrimento coletivo, todo mundo junto, sofendo e se ajudando.

Mas o problema maior do outro lado da Atlântico, sim, serão minhas tias que fazem o favor de tudo ficarem no meu pé.
Tanto que teria o casamento de uma prima para ir e só volto dois dias depois.
Fiz de propósito.

Eu sei e já desabafei aqui como será.
Eu passei a vida inteira sendo vista como menos por elas, sempre minhas primas eram superiores a mim.
Então, chega, né?
A vida inteira foi:
"a F ganhou a boneca tal de Natal, você não".
Claro que eu não ganhei, meu pai nunca teve dinheiro pra isso...
"Nós fomos no Playcenter ontem! Fomos na Montanha Encantada que você queria ir, mas não fomos da vez que você foi!"
"Ah, você tá gorda! Essa roupa nunca vai servir pra você, serve na A"
"Você é muito portuguesa, mesmo, né? Por que não pode gostar de axé e pagode como suas primas ao invés desse barulho?"
"Ih, a S trouxe batons e perfumes pra todo mundo, mas esquecemos de guardar pra você... ah, tem esse aqui!"
sempre a coisa pior que ninguém queria...
"Nossa, como seu irmão é mole! Demora tanto pra arrumar uma antena de TV pra gente!"
Sim, meu irmão fazia as coisas e também sempre foi tachado.

E agora uma dessas minhas tias diz que eu sou antissocial e que se eu não arrumo inglês que eu deveria arrumar outra raça, assim, fácil, num estalo!
Antissocial foi porque disse que estava difícil dividir quarto - logo saberão o inferno que vivi.
Só que essa minha tia não me perguntou porque era tão difícil, não quis saber como era, como sempre, foi jogando tudo no ventilador. Não pensa, só fala o que vem na cabeça e, de preferência, tudo que seja pra detonar logo comigo.
Daí a bloqueei no msn e tive que bloquear todo mundo para, como disse pra minha mãe, os outros não ficarem com ciúmes.

Agora ela veio dizer pra minha mãe que tem saudades de falar comigo e que eu nunca mais falei com ela...
Já disse pra minha mãe: ou você diz que estou magoada ou ela espere pra eu jogar na cara quando voltar...
Infelizmente, anos e anos sendo tratada como lixo uma hora tem que acabar... Seja de forma doce ou amarga, acaba.
E sei que quando voltar e ter perdido o casamento todo mundo vai falar e eu vou dizer: pensei que eu não faria falta no casamento, ou eu fiz falta porque não estava lá pra fazer parte da turma de perdedoras que vocês queriam mostrar pros outros?

Não acho que sou perdedora, mas elas acham, sempre acharam e esse seria, pra elas, o momento de coroação da bela, classe média, doce, fã de axé e pagode sobre a pobretona, gorda, baixinha, portuguesa (por ser brava pra elas, e sim porque eu sempre tive opinião).

Acho que tive uma vida muito dura desde criança, com vários problemas familiares e me tornei uma pessoa extremamente tímida e sonhadora, cheia de traumas e se hoje estou sozinha, tenho certeza, não foi porque perdi, não se perde, não se ganha, pelo menos eu acredito nisso, diferente delas que acham que isso é uma vitória.
Talvez eu seja vitoriosa só por conseguir colocar tudo isso no "papel".
E serei vitoriosa só por ter feito o que sonhava, ter descoberto por mim mesma que Londres não é meu lugar.
Hoje sei que não vou passar o resto da vida falando "ah, Londres que era o lugar para eu viver"...
Eu sei por experiência própria que não é assim e se elas continuarão me criticando, seja pelo que for, só que talvez eu esteja mais preparada para dar um basta nesse bullyig familiar.

6 comentários:

  1. Por que considerar aquilo que pessoas que só abordam os outros com críticas nada construtivas e maldades dizem? O importante é teres consciência que és uma vitoriosa! E realmente és!
    Bjos!

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  2. Não sei por que, mas esse post me fez chorar...

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  3. Nossa, que desabafo "pesado"... mas saiba que tem muitos amigos deste lado do Atlântico, pessoas que a respeitam e a admiram. E acho que, nesse caso, o melhor a fazer mesmo é ignorar totalmente essa parentada ou desabafar tudo o que você pensa com eles.

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  4. Denis, não queria que o post fizesse ninguém chorar, sorry!
    sim, Lu, foi pesado, mas eu precisava tirar esse peso daqui rs

    obrigada a todos por estarem do meu lado, sempre ;)

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  5. Ah, cara... essas intriguinhas de parentes são uma chatura - vc não pode se deixar abalar por esse tipo de gentinha.
    Pode dizer que é vingancinha infantil, mas se eu fosse vc falaria que não voltou a tempo do casamento pq estava "muito ocupada em Londres", ou algo do tipo. E se a parentada sabe que vc tá longe de estar feliz em Londres e mesmo assim preferiu perder o casamento, o recado tá dado (e sem maiores barracos).
    ;)

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  6. minha mãe me falou agora no telefone q a mãe da minha prima disse "que pena que a regina não vem pro casamento da ..." e eu perguntei como ela sabia e minha mãe disse q devem ter se tocado rsrs ou minha mãe finalmente disse a data ou a irmã dessa pôs os neurônios pra funcionar e descobriu algo pelo face... esse povo esquece que o face é o melhor lugar pra descobrir da vida dos outros rs

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