quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Aperte os cintos, mas cuidado para não apertar a pessoa ao lado...

Depois de filas na polícia federal, talvez eu tenha passodo bem mais de uma hora até passarem minha bagagem de mão no raio-x e verem minha documentação...
Lá vou eu pro meu lugarzinho no avião da Tap: tamancos aéreos portugueses. Nunca tinha entrado num avião grande, como se tivesse vários setores e com bancos no meio do avião.
Achei meu cantinho, sentei e comecei a achar que estava num voo da Gol: bancos estreitos, pouco espaço entre uma pessoa e outra, mal conseguia me mexer sem esbarrar no rapaz que sentou ao meu lado. E um acento dureza, nenhuma maciez, parecia feito de madeira ou ferro... quadradão... muito pouco acolchoado, nem dava pra sentir espuma.

A primeira coisa doida foi ouvir nas telas as explicações em português de Portugal sobre o voo: a "descolagem"  e depois viria a "terragem"... a impressão que dava é que todo português que falava tinha voz de velho... engraçado isso...
Antes de partir jogam um bom ar ou sei lá o que era aquele spray em todo o avião... não entendi nada do que aqueles portugueses falavam, na  verdade, os entendi muito pouco rsrs
Pus um sonzinho pra ver o que tocava naquela rádio de avião e achei Muse logo de cara... sabia que ali só poderia ser a rádio rock de voo.

A primeira coisa que apereceu pra assistir na tela foi um programa sobre língua portugesa, era até interessante pra entender o que os lusitanos falam, tipo, pra eles é espaRgueti, quer dizer, é uso corrente lá falarem espaRgueti porque acham que a palavra vem de aspargo (?????), aí a moça dizia qual era o correto, tipo o "nossa língua portuguesa", era interessante, porque tinha até a origem em latim das palavras - coisa que só quem fez Letras ou afins gosta mesmo rs
Começaram a falar do anglicanismos ou anglicismos, qual é o melhor modo de falar uma palavra em português ao invés de usar termos em inglês, por exemplo.

Aí aconteceram coisas engraçadas, primeiro, passaram um filme com a Hillary Swank que ela era uma das primeiras mulheres a "dirigir" um avião... a tela ficou longe de mim, o filme era dublado em português de Portugal e se eu colocasse no "som original" no meu headfone o que acontecia????? estava dublado em espanhol!!! raios!! malditos raios!! rs
De manhã, pra acordar todo mundo, porque o dia tinha amanhecido, começaram a passar um filme com o Jeff Bridges que ele era músico de bar, ia de bar em bar tocando e parecia que havia sido famoso antes, pelo que entendi, daí eles falavam que iam no "bowling", cadê a versão português de Portugal pra boliche? Primeiro passam um programa pra  te educar, depois, deseducam rs

Mas o ápice da viagem além das poltronas desconfortáveis - dignas de serem usadas em tortura, as poltronas do cometa e similares dão de mil a zero naquele tecoteco! - a estrela do voo foi uma tia sem noção, vai ver ela é a verdadeira mãe do Joselito e ninguém sabe.
Aquele tipo de pobre que conseguiu comprar uma passagem em 48 meses e quer bancar a ricaça que mora no Tatuapé (rsrs o povo de lá, 80% é assim...), parecia uma professora aposentada do estado (sério rs) que pegou uma fase melhorzinha e fez o que o Maluf falou pra fazer: casa com um cara que pague sua passagem no aniversário de 40 anos de casados.
Aquele tipinho que adora uma escova melhor estilo Farrah Fawcett nas Panteras e com a tintura da mesma cor... só 40 anos fora de moda...
Acho que era um tipo de excursão, ela estava com outras clones: cabelo super escova anos 70, tingido de loiro vagabunda (sorry, eu chamo assim aquele loiro quase branco)!
Ela ria alto a todo momento, não parava de falar, só dava ela naquela parte do avião, aí eu a apelidei de Hebe, ela queria atenção, se aparecer, rir à toa sem parar, só poderia ser a Hebe!
A primeira coisa de pobre que fizeram foi colocar as bagagens de mão no chão, à frente, elas sentavam no meio e na primeira fileira daquele compartimento, tinha uma parede ali pra dividir, aí encostaram a farofada todo ali, nessa paredinha e comissário mandou que tirassem dali, ali não era lugar de guardar as coisas.
Primeiro momento 5 minutos de fama pra elas!
Aí Hebe e amigas falavam, falavam, falavam, até a amiga do lado pegou um livro pra ler e Hebe não se tocava que não estava agradando...

Às duas da manhã, Hebe acordou e ficou em pé, muita gente faz isso pra circulação, mas pra circulação das pernas, não da língua. Sim, todo mundo tentando dormir na cadeira de tortura, um ar condicionado dos infernos e Hebe falando e rindo alto... Acho que só a Hebe se divertiu nesse voo...
O rapaz do meu lado até acabou por comentar comigo que não dava daquele jeito, outras pessoas ao redor também olhavam feio pra ela, mas eu acho que ela estava se sentindo a própria pantera da 3a idade...

Quando cochilávamos um pouco, colocam o filme do Jeff Bridges e ligam as luzes, do tipo "acorda logo cambada!", achei aquilo péssimo... é sempre assim, é? Obrigam você a acordar porque vão trazer o café da manhã que chamam de "pequeno almoço" com uma espécie de pão borracha com uma fatia de bacon em cima... acho que queriam era que acordássemos mesmo com aquilo, e rápido! tipo, correr pro banheiro vomitar ...
Ah! No jantar era pra escolher pasta ou peixe, não sou fã de peixe, quis pasta, só que nenhuma misturinha?????só o macarrão temperado??? aff, da próxima peço peixe só pra comer carne rs

Depois de horas sem conseguir dormir direito, muitos atrasos, eu já não via a hora de chegar... 10 horas de voo nessa tortura, eu até entendo porque tem gente que não volta, só pra não fazer esse voo outra vez.

Cheguei em Lisboa e pensei que tinha perdido minha conexão para o Porto - depois de tantos atrasos - não tinha perdido, fui até o avião, agora com uma poltrona até macia - quer dizer, 50 minutos de voo pode ser mais confortável que 10 horas... Só que ficamos esperando pelo menos 1 hora para a saida do avião...
Eu estava morta de cansada.
Levei a primeira patada portuguesa quando embarquei nesse avião: meu lugar era na janela e os outros dois lugares já estavam ocupados, pedi licença pra sentar e o velho da poltrona no corredor já mostrou sua ignorância lusitana tão bem falada por todos que vão a Portugal: "Se queres sentar no sol  é consigo!" Fingi que não entendi para não dizer "é, realmente, entendo porque as piadas de português dizem que ele é burro, eu tenho acento marcado, tio, você que deve estar sentando no lugar errado..." mas não ia arrumar confusão, assim, de cara, né? Mal tinha chegado em Portugal e seria extraditada, não!

Pareceu-me uma eternidade a espera daquele voo sair... já era mais de 10 da manhã... bem, acho que na verdade  devo ter esperado mais de uma hora por esse voo... o homem ao meu lado - sentado no meio - disse que estava esperando aquele voo sair desde âs 6 da manhã e que ele tinha chegado de Angola.

Finalmente, "descolamos" nesse voo consegui dormir meia hora. Deu pra ver um pouco de Lisboa do alto e do Porto, mas o que eu mais queria era descansar.

Na hora de sair do aeroporto eu fui a escolhida, com uma mala gigante daquelas, já me mandaram pra revista e pergutaram de onde eu vinha, com minha resposta, mandaram abrir a mala...
God! eu só pensavam, ele vai ter que me ajudar a arrumar tudo isso de novo!!!!
O homem me perguntou porque vinha a Portugal, disse que era pra visitar minhas tias e aí ele viu uns embrulhos de presente e falou se eram pra elas, claro, pra ele que não ia ser... ele mal olhou e pediu pra eu fechar, mas perguntou porquê de uma mala tão grande e eu disse que ia pra Londres depois, fui liberada.

Comprei um daqueles cartões  telefônicos que vendem na Europa que você liga para vários locais pagando pouco. Ao não entender o que a moça da loja falou, ela repetiu com cara de impaciente pra mim... faço o que se você fala pra dentro?
O maldito não funcionou, só consegui ligar pra uma das minhas tias... o outro tio que ia me buscar não dava certo a ligação. Não conseguia ligar para casa com o maldito, para ver se meus pais me ajudavam ligando pro meu tio pra mim - já era meio dia e meio...
Eu, uma mala enorme, perdida num país do outro lado do atlântico e encontrando pessoas nenhum pouco dispostas a darem informação, até no posto de informação a mulher se mostrava de saco cheio de mim, como se não falássemos a mesma língua ou eu tivesse roubado o marido dela.

Exausta, sem a menor condição de pegar o metrô ali no aeroporto e trocar para o trem que ia até o distrito das minhas tias, fui atrás de um táxi... eu sabia que levaria umas 2 horas, mas perguntei ao rapaz quando ficaria mais ou menos. Os táxis lá têm uma tabela de preços, ficaria perto de 200 euros (nem me falem rs) e achei que seria o jeito, não aguentava mais de cansaço... e fui do Porto paraViseu, de lá para Mangualde e de Mangualde, onde deceria do trem, fui para a Póvoa de Cervães. Um vijarejo bem no estilo daqueles que vemos em filmes italianos ou franceses: ruas  estreitas de pedra, casas de pedra...
Muito diferente de tudo que já tinha visto... mas isso é outra história...

Dormi um pouco no táxi, tranquila, pelo menos...

5 comentários:

  1. Ri muito dos seus comentários. O veneno ainda tá em vc, pelo jeito... rs.

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  2. Me diverti muito com essa continuação da saga! Tamancos aéreos portugueses, descolagem e espargueti foi ótima! hahahahaha!

    Pra mim é surpresa essa ignorância portuguesa... Já tinha ouvido falar isso dos italianos e espanhóis. Nem sei se procede tb...
    Resumindo: fica em Londres! hehehe!

    Aguardo o resto da saga!

    [cara, é por isso que eu não vejo novela! me dá uma agonia ter que esperar o próximo capítulo! hahaha]

    Beijo!

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  3. Olá!!
    Eu sumo mas... sempre reapareço tal como o Gato de Cheshire!! =P
    Enfim, é estranho... faz tempo que certas coisas não saem da minha cabeça, coisas que antes me pareciam impossíveis - e qual foi minha surpresa quando vi que vc transformou esse meu pensamento em frase em seu blog?!?! Vai entender...
    Então, mais uma vez te desejo muita sorte e tudo de bom aí na ilhota querida. Um dia quem sabe terei a sua coragem... ;) Continuarei acompanhando!
    beijinho,
    Marianna

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  4. Olá, Regina, quer dizer que a distância e o cansaço não tiraram a sua verve? Ri muito do seu relato.
    Grande beijo
    Diná

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  5. Ah Regina, que medo!
    Vou passar por essa também, quem sabe eu tenha mais sorte que você e não tenha uma "Hebe" no meu voo pelo menos...
    Beijos

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